Microsoft pode enfrentar problemas para concluir aquisição da Activision

Microsoft pode enfrentar problemas para concluir aquisição da Activision

A badalada aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft — que desembolsou quase US$ 70 bilhões para adquirir uma das maiores empresas da indústria de games —, pode encontrar algumas pedras no caminho. 

De acordo com uma matéria do Bloomberg, quem fará a revisão sobre monopólio em relação à aquisição será a Comissão Federal de Comércio do Governo dos Estados Unidos (FTC – Federal Trade Comission).

Microsoft aquisição Activision
A Microsoft será dona de uma das maiores franquias de jogos da história.

Recentemente, a FTC começou a pegar pesado com a indústria tech, sobretudo em termos de aquisições bilionárias. Na semana passada, surgiram rumores que a NVIDIA desistiu de comprar a ARM devido a uma ação da FTC.

Em dezembro do ano passado, a comissão entrou com uma ação judicial para barrar a fusão das duas empresas, que será analisada minuciosamente, sendo possível ultrapassar o prazo estipulado para consolidar o acordo entre as duas empresas.

Além disso, no dia 19 de janeiro, um dia após a Microsoft anunciar a compra da Activision Blizzard, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou que a FTC conduzirá uma revisão na lei de fusões e aquisições, visando englobar os “problemas específicos causados pela indústria tech”.

O prazo de análise pode ser tão demorado que a aquisição mais recente da Microsoft, a Nuance, por US$ 17 bilhões, só recebeu aprovação em dezembro do ano passad. Isto é, oito meses depois do anúncio.

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Justiça dos EUA iniciou perseguição a big Tech

Segundo a comandante da FTC, Lina Khan, as grandes empresas de tecnologia conseguem ganhar força em outros mercados devido ao seu domínio em uma linha de negócios.

Voltando ao caso da Microsoft, anteriormente, a análise sobre a aquisição da Activision Blizzard, seria conduzida pelo Departamento de Justiça.

Microsoft aquisição Activision

No entanto, segundo uma fonte do jornal, a FTC irá liderar a investigação para constatar se a aquisição afetará a concorrência. Ambos os órgãos possuem poderes para liderar esse tipo de apreciação judicial.

Para ficar claro, as fusões e aquisições não podem resultar em monopólio ou oligopólio por parte de uma empresa, que neste caso seria a Microsoft adquirindo a Activision.

No Brasil, para impedir que ocorram esses domínios de mercado, as operações de grandes aquisições são submetidas à apreciação do órgão de controle chamado Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE.

Portanto, similarmente ao Brasil, os Estados Unidos, através do Departamento de Justiça ou da FTC, fazem uma análise com base na lei de antitrust, criada no século XIX, na época dos grandes monopólios de petróleo.

Em 1998, a Microsoft foi alvo de uma investigação sobre Monopólio em relação ao mercado de softwares. A foto acima é um registro do depoimento de Bill Gates, fundador e então CEO da empresa. Segundo o próprio Gates, o julgamento, que quase dividiu a Microsoft em duas empresas, foi um fator crucial para a sua aposentadoria prematura.

Após anos de reformulações, a lei se atualizou ao modelo atual de mercado e análises sobre fusões e aquisições costumam ser mais resistentes. Contudo, tais alterações não afetam tanto a indústria tech, pois as principais gigantes oferecem serviços gratuitos.

Caso Microsoft/Activision Blizzard pode ter um final feliz

Entretanto, no caso da aquisição da Activision pela Microsoft, o caso será diferente, pois os serviços e produtos não são gratuitos.

Primeiramente, a apreciação judicial irá focar na combinação dos jogos da Activision com os consoles da Microsoft, algo que, segundo analistas, será observado minuciosamente.

A proposito, a divisão de games da Microsoft já inclui o Xbox e vários estúdios exclusivos, bem como franquias populares, como Halo e Minecraft. Caso a compra seja aprovada, a Microsoft se torna a terceira maior empresa da indústria de games. Em primeiro e segundo lugar estão a Sony e a Tencent, respectivamente.

Desse modo, observando a postura dos órgãos reguladores, a FTC, obviamente, pegará pesado com a gigante de Seattle. Afinal de contas, ao comprar a Activision, a Microsoft passa a ser dona de algumas das maiores franquias.

Aliás, Call of Duty: Vanguard, da Activision, foi o jogo mais vendido do ano passado, ultrapassando títulos da EA, dona da franquia Battlefield, principal rival do FPS que pertencerá — talvez — à Microsoft.

Créditos: NPD

A EA, portanto, poderá sofrer com a aprovação da compra. Caso os jogos da Activision recebam um tratamento especial nas plataformas da Microsoft, a EA perderá uma boa grana. Assim, a Microsoft diminuirá a concorrência no mercado, o que a apreciação da FTC visa evitar.

Mas rivais estão se mexendo para tentar manter suas respectivas posições no mercado. Na última segunda-feira (31/01), a Sony anunciou a compra do estúdio Bungie, que, ironicamente, desenvolveu a trilogia Halo e se consagrou, posteriormente com a franquia Destiny.

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Além disso, a apreciação judicial irá analisar se a Microsoft irá prejudicar os rivais lançando os jogos da Activision apenas em seus consoles. No entanto, a empresa afirmou que Call of Duty continuará a sair em outras plataformas, incluindo o PlayStation. A aquisição ainda precisa de aprovações na China, nos EUA e na União Europeia.

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