É oficial! NVIDIA desiste de comprar a Arm

É oficial! NVIDIA desiste de comprar a Arm

A NVIDIA e a Softbank anunciaram hoje (8) que a empresa de placas de vídeo americana desistiu de comprar a ARM, subsidiária da Softbank.

A NVIDIA iria desembolsar US$ 40 bilhões para comprar a Arm e assim controlar uma das empresas mais importantes para a indústria de eletroeletrônicos.

No entanto, como anunciado hoje em comunicado à imprensa, a SoftBank e a NVIDIA, decidiram encerrar o acordo devido “aos significativos desafios regulatórios que preveniam a realização da transação”.

“A Arm tem um futuro brilhante pela frente e nós [NVIDIA] continuaremos a apoiá-la, licenciando suas tecnologias por muito tempo”, afirmou Jensen Huang, o carismático CEO e co-fundador da NVIDIA.

NVIDIA comprar Arm

Huang prossegue sua fala ressaltando a importância da Arm para a computação, mas lamenta o fato de não tê-la como parte do conglomerado NVIDIA.

O CEO da NVIDIA elogiou os investimentos feitos por Masayoshi Son, CEO da SoftBank, na expansão do alcance dos processadores da Arm. Além do mercado de PCs, “para a supercomputação, computação em nuvem, inteligência artificial e robótica”.

NVIDIA comprar Arm
O chip Cortex da Arm, desenvolvido especialmente para inteligência artificial e deep learning. Créditos: Arm

 

Por fim, Huang disse esperar que a Arm se torne a arquitetura de processadores mais importante da próxima década.

Arm fica com US$ 1,25 bilhão e NVIDIA garante 20 anos de licença

Assim como o Jensen Huang, Masayoshi Son, o comandante da firma de investimentos japonesa SoftBank, não poupou elogios à Arm, ressaltando que a fabricante de arquitetura de chips está se tornando um centro de inovação em vários setores.

Computação em nuvem, carros autônomos, IoT e, obviamente, o metaverso, foram os nichos citados por Masayoshi Son, chamado carinhosamente por Jensen Huang de “Masa”.

A afeição entre os dois CEOs, aparentemente, é recíproca, pois “Masa” fez questão de agradecer à tentativa de Huang e da equipe da NVIDIA ao adquirir a Arm.

Masayoshi Son durante conferência da Arm. Créditos: Arm

 

No entanto, agora, como a NVIDIA desistiu de comprar a Arm, Masayoshi Son afirmou que dará início ao processo de torná-la uma empresa de capital aberto, o que, certamente, é algo que deixou feliz muitas empresas que dependem da tecnologia da Arm.

Além disso, a SoftBank manterá a quantia de US$ 1,25 bilhão paga anteriormente pela NVIDIA pela compra da Arm, que será registrada nos lucros do quarto trimestre da empresa.

A Nvidia, por sua vez, continuará com licenciamento dos designs de chips da Arm por 20 anos.

Tristeza de uns, alegria de muitos

Em 13 de setembro, a NVIDIA anunciou que iria comprar a ARM, visando obter a tecnologia de chips presentes desde celulares a equipamentos de fábricas. Entretanto, desde o seu anúncio, a transação foi alvo de oposição de vários setores, englobando autoridades reguladoras e clientes da Arm.

Enfim, a aquisição, que seria a maior da indústria de chips, daria a NVIDIA o controle de uma empresa que produz tecnologias para a maioria dos dispositivos móveis.

Tal domínio por parte da NVIDIA, afinal de contas, não seria interessante para empresas que dependem dos designs de chips da ARM para os seus produtos, como a Qualcomm, o Google e a Microsoft, que foram as principais empresas contrárias à aquisição.

Leia mais: Microsoft, Qualcomm e Google querem barrar a aquisição da ARM pela NVIDIA

O motivo principal dos protestos das grandes empresas de tecnologia é pela Arm ser uma empresa neutra. Essa neutralidade foi mantida pela SoftBank, pois a firma japonesa não é concorrente de nenhuma das clientes da Arm, ao contrário da NVIDIA.

Desse modo, a aquisição sofreu o maior baque em dezembro do ano passado, quando a Comissão Federal de Comércio do Governo dos Estados Unidos (FTC – Federal Trade Comission) entrou com uma ação judicial para bloquear a aquisição.

A FTC argumentou que a NVIDIA obteria muito controle sobre o design de chips utilizados por quase todas as grandes companhias.

Conforme noticiamos aqui no último dia 25, devido à pressão em cima do acordo, a NVIDIA estaria desistindo da compra da Arm.

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Agora, com o caixão fechado, a SoftBank volta ao plano anterior: tornar a Arm uma empresa de capital aberto. Mas, provavelmente, não receberá o mesmo valor que a NVIDIA se dispôs a pagar.

Sem NVIDIA, Arm decide se tornar pública e CEO abandona o cargo 

Como dito anteriormente, a SoftBank iniciará o processo de abertura de capital da Arm após a Nvidia desistir da compra pelos motivos citados anteriormente.

Com isso, a companhia japonesa afirmou estar planejando uma IPO (Oferta Pública Inicial) na bolsa de valores de Nova York no ano fiscal que se encerrará em março do ano que vem.

Após o anúncio da desistência da NVIDIA, o CEO da Arm, Simon Segers abandonou o cargo citando motivos pessoais. Agora, quem assume a cadeira é o presidente da empresa, Rene Haas.

Rene Haas, novo CEO da ARM, que assumiu hoje (8) a cadeira de diretor-executivo. Créditos: Arm

“Será o momento de assumir uma companhia [Arm], que estava adormecida devido à aquisição pela Nvidia, e nos revigorar para seguir em frente”, afirmou Haas, determinando como prioridade reanimar os funcionários.

OPINIÃO: O caos está instalado com a aquisição da ARM pela NVIDIA

Além do momento difícil para os funcionários, a holding da Arm não vive seus melhores momentos, com a falha na aquisição pela Nvidia sendo o golpe mais recente para a SoftBank.

O fundador e CEO da SoftBank, Masayoshi Son, sofreu com uma reviravolta no mercado de tecnologia. Anteriormente, após investir em startups, Son precisou lidar com quedas em valores de mercado de seus investimentos.

Aliás, as ações da Softbank caíram em 50% em março do ano passado. Em novembro, Son afirmou que a empresa estava passando por uma “nevasca” que iria embora em breve. No entanto, após os resultados financeiros da SoftBank, Son afirmou que a “tempestade não acabou, mas, na verdade, se fortaleceu nos EUA e em outros países”.

Masayoshi Son apresentando os resultados financeiros da SoftBank

Felizmente, Masayoshi Son sabe lidar com situações desse tipo, pois, em 2000, quando a bolha da internet estourou, ele perdeu mais de US$ 70 bilhões. No entanto, em vez de desistir da indústria digital, Son investiu US$ 30 milhões em uma tal de Alibaba, pequena startup chinesa, que na década seguinte se tornou uma gigante da indústria.

Compra da Arm afetaria mercado chinês e a economia britânica

Todavia, a desistência da NVIDIA em comprar a Arm não afeta apenas o mundo corporativo. Há, também, um lado geopolítico, sobretudo nas tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos em relação à hegemonia da fabricação de chips.

A China é o maior mercado de semicondutores, enquanto os EUA são o berço das principais empresas fabricantes de chips em termos de lucro total.

Conferência Mundial de Semicondutores, realizada em Nanjing, na China, em agosto de 2020.

Portanto, esses dois fatores contribuem para os interesses divergentes de ambos os países ao avaliar a aquisição da Arm pela NVIDIA.

A tecnologia da Arm é essencial para a China no sentido de tornar a nação asiática menos dependente de tecnologias estrangeiras, sobretudo após as sanções americanas.

Inclusive, a divisão da Arm na China passa por um momento muito delicado. Em junho de 2020, o conselho deliberativo da empresa votou para remover o CEO da Arm China, Allen Wu, citando conflitos de interesses.

Allen Wu, o CEO da Arm na China que não quer deixar o cargo.

Mas, surpreendentemente, Wu se recusou a sair e assumiu o controle da divisão chinesa. Além disso, ele demitiu três executivos do alto escalão que o conselho havia selecionado para substituí-lo.

Atualmente, a Arm e Allen Wu vivem uma disputa judicial em relação aos executivos que o CEO/ditador demitiu, bem como para avaliar o seu direito de continuar no cargo.

Isso porque, segundo o atual CEO da Arm Global, Rene Haas, essa situação polêmica não atrapalhou o desempenho da empresa.

Por fim, entra o Reino Unido! A ilha europeia encarava a possibilidade de ver sua principal empresa de tecnologia migrar para sua mais famosa colônia.

A sede da Arm em Cambridge, na Inglaterra.

A Arm, embora seja da Softbank, é baseada no Reino Unido e, portanto, paga impostos ao país.

Fonte: NVIDIA, SoftBank

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