Meta (Facebook) cancela criação de sistema operacional para AR e VR

O Meta, a empresa que substituiu nominalmente o Facebook, cancelou o desenvolvimento do seu sistema operacional para dispositivos de realidade virtual (VR) e realidade aumentada (RV).

De acordo com uma matéria do site The Information (paywall), duas pessoas “próximas do assunto” afirmam que o Meta (Facebook) voltará a utilizar uma versão modificada do Android como sistema operacional dos seus dispositivos da linha Oculus.

Além disso, a matéria publicada ontem (5) cita que a empresa fará o mesmo com os seus vindouros aparelhos de realidade mista.

Internamente, o projeto do sistema operacional chamava-se XROS e estava em processo de desenvolvimento há alguns anos. Segundo a matéria, o trabalho envolvia centenas de engenheiros e desenvolvedores, segundo aponta a matéria. De acordo com a matéria, o projeto XROS foi interrompido em novembro.

O nome XROS é a junção de XR (Extended Reality – Realidade estendida) — termo genérico para designar realidade alternativa, aumentada e mista —, com a sigla OS (Operating System – Sistema Operacional).

A reportagem do The Information, inclusive, afirma que o CEO do Meta e criador do Facebook, Mark Zuckerberg, enxergava um grande potencial na criação do sistema operacional.

Portanto, o motivo pelo cancelamento do projeto ainda não foi esclarecido. No entanto, a matéria especula que a decisão é um revés na iminente guerra da tecnologia de realidade aumentada envolvendo o Meta (Facebook), a Apple e, potencialmente, outros gigantes da indústria.

A Apple, aliás, já anunciou o desenvolvimento de headsets VR e AR cujo sistema operacional será desenvolvido pela empresa para garantir maior integração com o hardware. Tal integração permitirá uma experiência mais estável e um desempenho superior.

O Meta (Facebook), por outro lado, continuará dependente do sistema operacional de outra empresa.

Sistema operacional estava em desenvolvimento desde antes do Facebook se tornar Meta

Conforme a matéria do The Information, o desenvolvimento do XROS começou em 2017, com mais de 300 pessoas envolvidas, sendo mencionado, teoricamente, por Mark Zuckerberg como o “sistema operacional de realidade”.

O Facebook mudou o nome para Meta em outubro do ano passado, dissociando sua identidade corporativa da rede social de mesmo nome, evidenciando sua transição das mídias sociais para uma plataforma cujo foco é a realidade virtual.

A adoção do nome Meta, segundo a imprensa americana, ocorreu na esperança de desviar o foco do debate público envolvendo as notícias de práticas imorais do Facebook reveladas por uma ex-funcionária da empresa.

No entanto, em junho de 2021, Zuckerberg já havia insinuado suas pretensões com o metaverso, afirmando que “um sistema operacional baseado em microkernel” daria uma vantagem ao Meta (então Facebook) sobre o controle de cada camada de hardware produzido pela empresa.

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O magnata do vale do silício também afirmou que o trabalho do time por trás do desenvolvimento do sistema operacional já estava bastante avançado. Zuck cravou que o sistema operacional chegaria em “um futuro não tão distante”.

Curiosamente, conforme a matéria, a decisão de cancelar o sistema operacional ocorreu um mês após a mudança de nome da empresa. Entretanto, isso não significa que o cancelamento do XROS irá afetar a produção de novos headsets AR e VR.

Aliás, o Meta já tem protótipos para novos dispositivos sob as alcunhas de Projeto Aria e Nazare, mas, aparentemente, rodarão em um sistema operacional baseado em Android.

Desse modo, será complicado para o Meta competir com outras empresas sem o seu próprio sistema operacional para AR e VR. Mas ainda não se sabe quais são as estratégias da Apple e do Facebook para tais tecnologias.

XROS foi cancelado após polêmica do Facebook 

De acordo com a matéria do The Information, o desenvolvimento do XROS foi suspenso após o líder do projeto, Mark Luckvsky, deixar a empresa para trabalhar em um projeto similar de AR no Google.

Lucovsky afirmou ao jornal que o motivo de sua saída foi exclusivamente pelas revelações feitas pela ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen. Em setembro, Haugen revelou as práticas nocivas no modelo de negócios da empresa. A ex-gerente de produtos da companhia vazou pesquisas internas realizadas pela empresa.

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Essas pesquisas apontavam que o Facebook tinha noção do efeito negativo que suas redes sociais, sobretudo o Instagram, causam na saúde mental de adolescentes. Além disso, Lucovsky citou o novo foco da empresa em metaverso como outro fator para sua saída.

Em dezembro do ano passado, o Facebook deu o primeiro passo com o lançamento da plataforma Horizon, permitindo que as pessoas interagem entre si em um ambiente de realidade virutal. No entanto, o Horizon só está disponível para usuários maiores de 18 anos que residam nos Estados Unidos ou no Canadá. Além disso, para acessá-la, é preciso ter um Oculus Quest 1 ou Quest 2.

Meta refuta a matéria do The Information. 

A intenção de Mark Zuckerberg ao investir em realidade virtual e realidade aumentada tem um motivo. O bilionário quer escapar da hegemonia do Google e da Apple no mercado de smartphones.

Portanto, segundo a empresa, ainda está nos planos a criação de um sistema operacional para dispositivos de realidade estendida. Provavelmente, tal sistema operacional pode ser uma versão remodelada do XROS.

O Meta (Facebook) refutou a matéria do The Information com um comunicado afirmando não estar suspendendo ou reduzindo o trabalho de criação de um “sistema operacional de realidade”.

Segundo Sheeva Slovan, gerente de comunicações da empresa, o time, mesmo com a saída do líder do projeto, “continua a progredir e nós (Meta/Facebook) continuamos a investir no futuro de plataformas como óculos de realidade virtual e em wearebles para ajudar a consolidar nossa visão de metaverso”.

Além de Slovan, o Vice-presidente do Meta, Gabriel Aul, postou um tweet confrontando a matéria.

There are several technical directions we’re pursuing in our efforts to build @RealityLabs operating systems, we’re still working on a highly specialized OS for our devices – we remain very much invested in this work and continue to dedicate the resources necessary to build this

— Gabriel Aul (@GabeAul) January 5, 2022

“Há várias direções técnicas que nós estamos segundo com o fim de criar um sistema operacional feito pelo Reality Labs. Ainda estamos trabalhando em um sistema operacional altamente especializado para os nossos dispositivos. Portanto, continuamos extremamente envolvidos neste trabalho e continuamos a dedicar os recursos necessários para criá-lo”, disse Aul.

Reality Labs é a divisão do Meta responsável por desenvolver as tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada, bem como os headsets Oculus.

Por fim, em outro Tweet, Gabriel Aul destacou que o time do Reality Labs por trás da criação do XROS está crescendo cada vez mais.