10 curiosidades sobre a Advanced Micro Devices é a bola da vez, já que a AMD superou a principal rival em valor de mercado na semana passada. Em vez de focar exclusivamente nos processadores, veremos algumas curiosidades mais desconhecidas sobre a AMD, que possui uma história de altos e baixos e está no centro de uma das maiores rivalidades da indústria da tecnologia há mais de 30 anos.
Entretanto, a rivalidade com a Intel é fruto de uma ‘traição’, ou melhor, de uma escolha corporativa. Aliás, a AMD rivaliza também com a NVIDIA, mas de maneira mais pacífica, similar à rivalidade entre um Chihuahua e um Rottweiler, pelo menos ainda…
A AMD nasceu 10 meses após a Intel
O surgimento da AMD ocorreu 10 meses após a criação da Intel e suas origens são bem similares. Assim como os fundadores da Intel, as mentes por trás da criação da AMD eram engenheiros que trabalhavam na Fairchild Semiconductor.
Sete engenheiros frustrados com os rumos que a companhia havia tomado no final dos anos 1960 decidiram criar uma nova empresa.
Assim, com a entrada do diretor de marketing internacional da Fairchild, Jerry Sanders, que também era engenheiro elétrico, o grupo seguiu o rumo de Robert Noyce e Gordon Moore (fundadores da Intel), criando a Advanced Micro Devices, ou AMD.
A estratégia inicial da AMD era desenvolver versões melhoradas de circuitos integrados populares já fabricados pela Fairchild e pela Texas Instruments.
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No entanto, ao contrário da Intel, a AMD teve um início conturbado. Jerry Sanders passou meses procurando investidores para a empresa, mas muito disso por causa da pouca experiência em finanças que o novo CEO afirmava ter.
A AMD só conseguiu financiamento um ano depois. Mas graças a liderança de Sanders, a empresa se tornou uma concorrente de peso da Intel nas décadas seguintes.
Aquisição da ATI Technologies marca a entrada da AMD no mercado de placas de vídeo
A AMD possui duas grandes rivais graças a duas de suas divisões de negócios. A Intel rivaliza com AMD no mercado de processadores, enquanto a NVIDIA é a rival no mercado de placas de vídeo, pois em 2006 a AMD comprou a ATI Technologies e entrou no mercado de GPUs.
Após a aprovação da compra da ATI, em 2008, houve o lançamento da microarquitetura TeraScale, implementando um modelo unificado de sombreamento, lançado também na GPU do Xbox 360.
No ano seguinte, em uma reestruturação corporativa, as divisões de CPU e GPU se juntaram para trabalhar na APU da AMD, ou seja, a primeira junção de placas de vídeo e processadores.
No entanto, em 2015, a AMD fez outra reestruturação, criando uma divisão para seus negócios de placas de vídeo chamada Radeon Technologies Group, nascendo assim as microarquiteturas Polaris e Vegas, bem como o nome das suas placas de vídeo.
Atualmente, com o lançamento de placas de vídeo com alto nível de desempenho, as GPUs da AMD batem de frente com os produtos da Nvidia em termos de tecnologias, como o ray tracing na Radeon RX 6000, a rival da linha RTX 3000 da Nvidia.
https://www.youtube.com/watch?v=2DvuzmvORvg&ab_channel=MarkPC
AMD é a preferida dos consoles de videogames
Como dito na curiosidade acima sobre a AMD, desde o Xbox 360, as tecnologias da empresa estão presentes nos consoles. Na geração seguinte, houve um salto enorme: os três principais consoles teriam APUs da AMD.
Assim, o Xbox One, o PS4 contam com APU Jaguar, que inclui o processador, a placa de vídeo Radeon, um controle de memória, um decodificador de vídeo e outras funcionalidades.
No caso do Wii U apenas a GPU era da AMD.
Em julho de 2020, a CEO da AMD, Lisa Su, anunciou que os consoles da atual geração, Xbox Series X/S e PlayStation 5, também usariam tecnologias da AMD. Assim, ambos os consoles contam com processadores personalizados baseados na arquitetura Zen 3 da AMD, bem como a placa de vídeo RDNA 2.
A parceria da AMD com as fabricantes de console foi crucial para ajudar a empresa a se posicionar em pé de igualdade com as rivais Intel e Nvidia.
AMD lançou o primeiro processador dual core
Em 2004, a AMD anunciou o primeiro processador x86 dual-core da indústria. À época, o processo de fabricação do chip era de 90 nm, o que hoje pode parecer antiquado, mas o processador foi um salto à computação mais eficiente.
Esse processador, o Atlhon 64 X2 foi a primeira CPU a conectar dois núcleos (Core) através de um controlador de canal de memória duplo.
No entanto, a inovação da AMD chegou no mesmo mês que o Pentium D, em maio de 2005, o primeiro processador dual-core da Intel. Portanto, a AMD, embora tenha sido a primeira empresa a anunciar um processador dual-core, teve a reação amarga de lançar a CPU ao mesmo tempo que a principal rival.
Porém, outros fatores contribuíram para que a AMD pudesse rivalizar diretamente com a Intel, como, por exemplo, os supercomputadores e overclocks, que estarão nas próximas curiosidades.
Recorde de maior overclock de todos os tempos
A AMD está presente no livro dos recordes mundiais, o Guinness Book, com o título de processador mais rápido do mundo graças ao overclock de 8,429 GHz do processador AMD FX-8150 com oito cores.
Anteriormente, o recorde pertencia à Intel, que alcançou 8,308 GHz utilizando o Intel Celeron 352 com apensa um core.
Em 2011, isso mudou, quando a AMD reuniu um time de especialistas em overclock para testar a “Maior Velocidade de Frequência de um Processador de Computador”, conforme um anúncio feito pela companhia à época. O FX-850 foi desenvolvido através da arquitetura Bulldozer e ultrapassou o recorde da Intel em apenas três semanas.
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Embora não esteja no livro dos recordes, em novembro de 2011, o overclocker Andre Yang conseguiu superar o recorde da AMD usando o mesmo processador, mas alcançando 8,461 GHz de velocidade de frequência. No ano seguinte, usando o processador FX-8350, Yang superou o seu próprio recorde, chegando à marca de 8,709 GHz.
Em 2014, Yang foi superado pelo finlandês “The Stilt”, que alcançou um overclock de 8,722 GHz utilizando o processador: AMD FX-8370 ‘Vishera’, cuja frequência base de clock é de 4 GHz.
O recordista brasileiro, que ocupa a 39ª posição no ranking mundial, conseguiu um overclock – também no FX-8370 – de 8,246 GHz em 2013, obtendo não apenas o recorde nacional, mas também da América Latina.
Vale ressaltar que para alcançar altos níveis de overclock, a placa-mãe é um componente essencial, algo nítido no fato de que os quatro maiores overclockers utilizaram a placa-mãe ASUS ROG Crosshair V Formula-Z.
Além disso, entre os 10 primeiros recordes de overclock no ranking mundial, apenas um pertence a processadores da Intel, que ocupa o quinto lugar. Assim como o maior overclock, uma das próximas curiosidades sobre a AMD envolve a sua presença massiva em outro ranking.
Supercomputadores: o rápido crescimento da AMD
Quando a AMD lançou, em 2017, a primeira geração de processadores Epyc para computação de alto desempenho, apenas seis dos 500 supercomputadores mais rápidos do mundo possuíam processadores da AMD.
Agora, em 2022, na última lista TOP 500 dos supercomputadores mais rápidos do mundo, os processadores da AMD estão presentes em 94 das 500 máquinas.
Além disso, o primeiro lugar, o Frontier, conta com o processador EPYC 64C 2GHz da terceira geração, fabricado pela HPE e pertencente ao governo americano.
O Frontier não é apenas o supercomputador mais rápido do mundo atualmente. A monstruosa máquina também é o primeiro supercomputador da história a romper a barreira da exoescala.
Computação em exoaescala se refere aos sistemas capazes de calcular operações que chegam a um trilhão por segundo. Ou seja, com 1,102 exaFLOPS, o Frontier é duas vezes mais rápido que o segundo lugar da lista, o Fugaku, que ocupava o primeiro lugar do ranking até o ano passado.
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Além do Frontier, entre os 10 supercomputadores mais rápidos do mundo, metade possui processadores da AMD: Lumi, Perlmuter, Selene e Adastra. Com exceção do Selene – da NVIDIA -, os outros supercomputadores também foram fabricados pela HPE.
“Mais uma vez, os processadores da AMD reafirmam-se como uma tecnologia de preferência para os sistemas de Computação em Alto Desempenho. O Frontier utiliza o processador EPYC da terceira geração em uma versão otimizada para Computação em Alto Desempenho e Inteligência Artificial. O terceiro colocado, o sistema Lumi, também conta com os processadores EPYC da terceira geração, enquanto o Permutter, no sétimo lugar, usa os Processadores EPYC 7763 e o Selene, em oitavo, usa o EPYC 7742”, afirma o release da TOP 500.
Em contrapartida, a Intel continua a fornecer a maior parte dos processadores para os 500 supercomputadores mais rápidos do mundo.
A vitória, mesmo assim, continua com a AMD, pois a Intel anunciou há alguns anos o lançamento do primeiro supercomputador a romper a exoescala, o Aurora, que após alguns atrasos, não possui mais o título de “primeiro supercomputador de exoescala dos EUA” em seu release.
Por fim, como parte de mais uma das curiosidades sobre a AMD, é importante mencionar que o supercomputador SiDi IARA (Inteligência Artificial Revolucionando o Amanhã), o primeiro sistema brasileiro dedicado a acelerar projetos de desenvolvimento de soluções de IA, também está na lista.
O IARA ocupa a 137ª posição do ranking e conta com o processador AMD EPYC 7742 64C.
Tecnologias da AMD e Hollywood
Em 2010, o diretor de marketing da AMD, Nigel Dessau, afirmou que o uso da criação de efeitos especiais em filmes ajudou a indústria cinematográfica a obter mais de US$ 5,4 bilhões em bilheterias em todo o mundo.
Esta é uma das curiosidades mais interessantes sobre a AMD, pois aborda o envolvimento da empresa em outra indústria. O vínculo entre a AMD e o cinema começou em 2004. Naquele ano, a empresa foi escolhida para fornecer os processadores para a Industrial Light and Magic, ou IML, companhia de efeitos especiais gerado por computação criada por George Lucas, aquele mesmo que dirigiu Star Wars.
A ILM pertencia à LucasFilm e se tornou parte da Disney quando a gigante do entretenimento comprou a companhia de George Lucas, mas a presença da AMD continou.
No entanto, James Knight é o nome mais importante da AMD em relação ao cinema. Knight trabalhou como produtor de Avatar e foi um dos desenvolvedores da tecnologia de captura de movimentos do filme, feita pela empresa Technoprops.
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Uma curiosidade nas curiosidades sobre a AMD, como sempre, envolve a Intel.
Alguns anos após o lançamento de Avatar, em 2017, a Technoprops foi comprada pela 20th Century Fox e se uniu à Fox VFX Lab, divisão de efeitos especiais do estúdio. Durante a testagem dos processadores para os computadores da Fox, James Knight sugeriu que o estúdio usasse processadores Ryzen Threadripper para PCs de alto desempenho com dois servidores EPYCs. Vale lembra que a linha EPYC está presente nos supercomputadores.
Essa junção foi customizada em um gabinete APEXX da empresa BOXX contando com GPUs da NVIDIA e entregou uma performance de renderização de alta velocidade.
A parceria entre a AMD e a Fox VFX Lab marcou uma revolução na forma como os efeitos especiais gerados por computação seriam feitos. Esse feito, portanto, abriu o caminho para novas revoluções, contando, obviamente, com a presença da AMD.
Oscar 2022
Mais uma participação importante da AMD na indústria cinematográfica envolve a Industrial Light and Magic, Star Wars e, certamente, a Intel. Em 2018, quando a Fox já pertencia à Disney, a ILM criou uma nova tecnologia de efeitos especiais usando a Unreal Engine 4 da Epic Games.
Essa tecnologia chamada StageCraft, ou “O Volume”, envolve a filmagem de atores e cenários rodeados por enormes paredões de LED de alta definição. No início, os processadores utilizados para renderização eram da linha Intel Core 9-9900X, mas levavam mais de 46 minutos para renderizar um quadro.
Desse modo, a equipe de efeitos especiais passou a utilizar o processador Threadripper 3970X, com 32 cores, que renderizava os quadros em 15 minutos.
Em março deste ano, a AMD lançou a linha Threadripper 5000, que, de acordo com o desenvolvedor do StageCraft, é o melhor processador para a tecnologia.
Por fim, Duna, o vencedor do Oscar de Melhores Efeitos Visuais de 2022, utilizou processadores para servidores EPYC e um Threadripper Pro 5000WX para renderização.
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Os efeitos especiais de Duna foram criados através do software Clarisse, da empresa Isotropix, utilizado pelos maiores estúdios de cinema. A equipe responsável pelos efeitos de Duna usaram o software Clarisse em 28 workstations virtuais RTX da NVIDIA. A renderização ficou por conta de processadores Threadripper, que funcionam com quaisquer GPUs da NVIDIA.
https://www.youtube.com/watch?v=SMz9HDLm4AM&ab_channel=Isotropix
Portanto, os elogiados efeitos especiais de Duna são fruto do trabalho entre empresas rivais. Por falar em rivalidade, falta um assunto nesta lista de curiosidades sobre a AMD.
Hoje rivalidade, ontem parceria
A Intel dominou o mercado de processadores por muito tempo, embora tenha surgido menos de um ano antes da AMD. Isso porque a Intel foi pioneira quando lançou o processador 8080 em 1974, pavimentando o caminho para sua hegemonia e para o surgimento da CPU.
A AMD, por outro lado, levou mais tempo para alcançar a atual rival. Aliás, em 1975, através da engenharia reversa, a AMD lançou um clone do processador 8080 da Intel. O resultado foi a instalação de um microcódigo nos processadores e subsequentemente em uma parceria entre as duas empresas em 1976,
Assim, na década seguinte, a AMD passou a ser uma fabricante dos processadores da Intel. Contudo, em 1986 a Intel rompeu a parceria para produzir chips para a IBM, dando início a uma série de batalhas judiciais entre ambas as empresa.
A AMD processou a Intel em 1987, a Intel processou a AMD em 1990 e em 1997. Em 2005, a comissão de comércio do Japão concedeu uma vitória à AMD em outro processo sobre a prática de monopólio por parte da Intel em território japonês.
No entanto, a chapa começou a esquentar em 2006, quando a AMD comprou a ATI e entrou no mercado de placas de vídeo. Embora a Intel já possuísse métodos para integrar GPUs e CPUs, o desempenho gráfico era ínfimo, garantindo uma vantagem à AMD.
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Ainda assim, a Intel continuou a dominar o mercado de processadores por um bom tempo, pois os produtos da AMD não contavam com muita inovação tecnológica.
Em 2014, quando Lisa Su assume a cadeira de CEO da empresa, a estratégia muda. Em 2016 a AMD lança a primeira linha de processadores Ryzen com a microarquitetura Zen. Essa microarquitetura revolucionaria o mercado e AMD passou a lançar processadores superiores aos da Intel, sobretudo no mercado consumidor.
Além disso, a evolução da AMD no final da última década contribuiu para sua entrada em outros mercados, como o da computação de alto desempenho, ainda dominado pela Intel.
No entanto, o jogo está prestes a virar cada vez mais, como veremos na última das 10 curiosidades sobre a AMD.
2022: AMD supera a Intel
Não é possível falar sobre a AMD, ainda mais envolvendo curiosidades, sem citar a Intel. E, curiosamente, cinco dias antes da publicação deste artigo, a AMD superou a Intel em valor de mercado, alcançando a capitalização de US$ 153 bilhões.
A Intel, por sua vez, caiu em 9% e agora possui um valor de mercado de US$ 148 bilhões.
Para quem leu essa lista de curiosidades, a notícia não surpreende. A AMD desbancou a Intel em vários setores importantes no mercado de processadores nos últimos anos.
Supercomputadores, placas de vídeo, processadores para PCs de alto desempenho, aquisições e parcerias com as principais fabricantes de console são os responsáveis pela guinada da AMD. Atualmente, a AMD possui 34% da fatia do mercado de processadores. Ainda é inferior, mas supera o dobro da presença da empresa no período pré-Ryzen, época em que a Intel possuía mais de 80% do mercado.
Além disso, a AMD conseguiu ultrapassar a Intel graças aos olhares positivos do mercado financeiros quanto aos negócios da empresa. Isso também ressalta que os investidores não enxergam positivamente o alto investimento da Intel em fábricas de chips.
Enfim, futuramente, caso haja outra lista de curiosidades sobre a AMD, é provável que a Intel ceda o seu espaço para a NVIDIA. A rival da AMD no setor de placas de vídeo possui o triplo de valor de mercado.
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