O prefeito de Nova York, Eric Adams, cumpriu sua promessa de campanha que receberia seu salário em criptomoedas, caso ganhasse as eleições de 2021.
Na verdade, o novo prefeito afirmou que os seus três primeiros salários seriam em Bitcoin, algo que reanimou o mundo das criptomoedas.
Adams assumiu o cargo no dia primeiro de janeiro deste ano, após uma vitória esmagadora, e hoje (21), recebeu o seu primeiro pagamento em criptomoedas.
No entanto, para cumprir sua promessa, Adams precisou utilizar algumas artimanhas, tendo em vista as leis trabalhistas dos Estados Unidos.
Nos EUA, as regras o Departamento do Trabalho determinam que os salários dos habitantes da cidade de Nova York, incluindo o prefeito, sejam pagos em dólares. Portanto, o atual prefeito de Nova York utilizou o Coinbase, uma plataforma de câmbio de criptomoedas para converter automaticamente o seu pagamento em Bitcoin e Ethereum.
Com isso, o salário quinzenal do prefeito, de US$ 9.924,66 foi convertido em ativos de criptomoedas. Ontem (20), o perfil oficial do prefeito de Nova York postou um vídeo no Twitter reafirmando a ação de Adam. “Promessa feita. Promessa Cumprida”.
Promise made. Promise kept. pic.twitter.com/rSafDZDViN
— Mayor Eric Adams (@NYCMayor) January 21, 2022
Prefeito de Nova York quer impulsionar o mercado de criptomoedas na cidade
A ação do prefeito do maior centro financeiro do planeta é devido ao seu desejo de afirmar ao resto do mundo que a cidade de Nova York deve se tornar a capital mundial das criptomoedas.
“Nova York é o centro do mundo, e queremos ser também o centro das criptomoedas e de outras inovações financeiras”, disse o prefeito em um comunicado.
Além disso, Adams afirmou que estar na vanguarda de uma inovação desse calibre ajudará a cidade a gerar novos empregos, melhorar a economia e continuar a ser um “ímã para atrair talentos de todo o mundo”.
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Entretanto, alguns analistas da relação entre tecnologia, finanças e política, enxergam a ação do prefeito de Nova York como uma estratégia já conhecida: flertar com a comunidade empresarial, pois o setor das Fintechs é um crescente campo na metrópole. E empresas baseadas em blockchain representam uma boa parte do setor novaiorquino de fintechs.
Por outro lado, a indústria apoiou a ideia de Eric Adams, financiando sua campanha em 2021.
Elogios de um lado, críticas de outro
A Senadora do estado de Nova York, Diane J. Savino, que lidera o Comitê de Internet e Tecnologia do Senado Americano, afirmou que, embora o anúncio do prefeito de Nova York tem um caráter um tanto quanto “populista”, suas ações podem deixar seus eleitores mais confortáveis em relação às criptomoedas.
“Ver o prefeito de Nova York disposto a converter o seu próprio dinheiro em criptomoedas transmite uma mensagem poderosa”, disse a senadora. Savino, aliás, ressaltou a necessidade da criação de mecanismos por parte do estado para regulamentar a nova tecnologia, em vez refrear o seu crescimento por temer os riscos ambientais ou para os investidores.
“Pelo amor de Deus, nós administramos a Bolsa de Valores de Nova York. Nós podemos fazer isso”, finalizou a senadora.
Entretanto, economistas, sobretudo os que consideram as criptomoedas uma bolha ou piramide financeira, adotam uma postura cética em relação à postura do prefeito de Nova York.
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Aliás, a ação gerou críticas não somente das companhias financeiras mais tradicionais, mas também de ambientalistas, devido ao impacto climático causado pela mineração de criptomoedas.
A ex-diretora da Agência de Proteção ao Meio-ambiente (EPA) da região de Nova York, Judith Enck, afirmou que o “Bitcoin é um desastre ambiental”. Enck destaca a reabertura de uma usina de combustíveis fósseis para mineração de criptomoedas.
“Vários países já proibiram a prática de mineração de criptomoedas, então, para mim, a ação do prefeito de Nova York transmite uma mensagem bastante negativa, no sentido ambiental, ao abraçar a causa das criptomoedas”, disse a ambientalista.
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Por fim, a ação do prefeito de Nova York pode, implicitamente, ser uma medida contrária às duas nações rivais dos Estados Unidos: China e Rússia.
A China, por exemplo, já baniu todas as operações de criptomoedas no país, que sofria com quedas de energia e poluição. O Banco Central da Rússia, por sua vez, anunciou ontem (20), uma proposta para banir o uso e a mineração de criptomoedas em todo o território do país, citando riscos à estabilidade financeira e ao bem-estar dos seus cidadãos.