Mineração de criptomoedas: Cazaquistão começa a sofrer crise energética

Após o boom da mineração de criptomoedas, a gloriosa nação do Cazaquistão entra em uma crise energética, o que aparentemente dará fim às fazendas de mineração que chegaram ao país após a proibição da prática na China.

Em maio deste ano, o governo da China impôs sanções rigorosas à indústria de mineração de criptomoedas, acarretando a migração de fazendas para países próximos.

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Certamente, os mineradores optaram por países ricos em recursos energéticos, como é o caso do Cazaquistão, que se tornou o segundo país no ranking de mineração de criptomoedas, atrás apenas dos EUA.

No início deste ano, a gloriosa nação da Ásia Central era, relativamente, um pequeno ator no cenário global de criptomoedas. Antes da China varrer a mineração do país, a taxa hash do Cazaquistão correspondia a 6,17 do total global.

global hash
Gráfico com a taxa hash global após a proibição de mineração na China. Créditos: Cambridge Centre for Alternative Finance

No entanto, em agosto deste ano, o país passou a corresponder por 18,1% da taxa de hash global, de acordo com o Cambridge Centre for Alternative Finance. 

Assim começaram os problemas de energia, que deram origem a uma grande crise.

Crise energética no Cazaquistão não ocorreria sem a mineração de criptomoedas

Tudo começou em outubro deste ano, Quando a Empresa de Operação de Rede Elétrica do Cazaquistão (KEGOC) confirmou, parcialmente, que as quedas de energia em três usinas do país ocorrerão devido à crescente demanda das empresas de mineração digital de criptomoedas.

Mineração Criptomoedas Cazaquistão
Um data center de mineração de criptomoedas no Cazaquistão em novembro deste ano, após as quedas de energia. Créditos: Reuters

Em novembro, o ministro de energia do país firmou um acordo com a KEGOC e Associação das Indústrias de Data Center e Blockchain do Cazaquistão para garantir fontes de energia para mineradores registrados.

Entretanto, a KEGOC voltar atrás no acordo e começar a racionar a energia. Desse modo, os mineradores de criptomoedas começaram a fechar suas operações e parar de investir no país.

Os mineradores de criptomoedas afirmam que foram ludibriados pelo governo do Cazaquistão, deixando o país e afirmando que a rede elétrica é obsoleta, por isso há a crise energética.

Didar Bekbauov, fundador da companhia de mineração Xive, do Cazaquistão, afirmou que o país “usou a mineração de criptomoedas como um bode expiatório” para justificar a crise energética.

Os mineradores que ficaram no país encontram formas de tornar a indústria mais sustentável, a fim de manter o fluxo das moedas digitais.

Mineração Criptomoedas Cazaquistão
Fazenda de mineração de Criptomoedas da Enegix no Cazaquistão. Créditos: CoinBase

Cazaquistão encontra formas de evitar a fuga de mineradores do país

Em 2020, o Cazaquistão estabeleceu uma legislação sobre a mineração de criptomoedas. Isso tornou o país um paraíso aos mineradores, pois além do incentivo do governo, havia uma abundância de energia.

A intenção do governo do Cazaquistão, certamente, era aumentar os cofres do governo federal, inserindo um imposto de US$ 0,0023 em Quilowatt-hora de eletricidade usada por companhias registradas.

Mineração Criptomoedas Cazaquistão
Companhia de mineração de criptomoedas em funcionamento no Cazaquistão. Créditos: Reuters

No entanto, para garantir esse repasse, o governo deveria resolver os problemas de energia.

Em novembro, no mesmo período em que houve o acordo com a KEGOC, o presidente do Cazaquistão,  Kassym-Jomart Tokayev, anunciou que o país estava considerando utilizar energia nuclear como opção para a crescente demanda.

À época, Tokayev afirmou que o país teria que optar por uma decisão impopular, tendo em vista o futuro econômico da nação. Essa decisão seria, portanto, a construção de uma usina nuclear no país.

A decisão é considerada impopular porque, historicamente, o Cazaquistão era o cenário onde a União Soviética testava suas armas nucleares. De 1949 a 1991, a URSS usou o norte do Cazaquistão como cenário principal para testagem de bombas nucleares.

Com isso, mais de 1,5 milhão de habitantes do Cazaquistão foram expostos à radiação.

Fonte: Nikkei Asia

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