Bitcoin em queda após proibição do governo da China

Bitcoin em queda após proibição do governo da China

Hoje (21), sexta-feira, o Comitê de Estabilidade Financeira do Conselho Estatal da China anunciou que o governo irá desativar todas as operações de comércio e mineração de Bitcoin no país.

De acordo com Liu He, Vice Premiêr da China e líder do Comitê, essa postura terá como objetivo afastar os riscos financeiros, combatendo as atividades ilegais e visando manter a estabilidade nos mercados de ações, títulos e índices.

Com esse comunicado, Liu é a maior autoridade da China a ordenar, oficial e publicamente, um combate ao Bitcoin, citando a proteção de investimento e a lavagem de dinheiro como duas das principais preocupações dos órgãos de regulamentação financeira da China.

De acordo com uma matéria da CNBC, a CCTV, emissora estatal da China, alertou sobre os riscos sistêmicos do comércio de criptomoedas, afirmando que o Bitcoin já não é mais utilizado como uma ferramenta de investimento, mas sim, de especulação.

Na última quarta-feira (19), o Bitcoin sofreu a primeira queda em mais de três meses, alcançando o valor de US$ 40 mil, após a venda da moeda digital ter se intensificado na China devido à proibição de que as instituições financeiras do país ofereçam serviços para criptomoedas.

Bitcoin China
Além do Bitcoin, muitas outras criptomoedas apresentaram queda nesta sexta-feira (21). Créditos: CoinBase

Agora, com o anúncio feito pelo Comitê de Estabilidade Financeira, o Bitcoin, bem como a Ethereum, já apresentou após uma singela recuperação, já apresentou uma perda semanal de mais de 15%.

As ações das empresas de fazenda de mineração de criptomoedas chinesas apresentaram queda na bolsa de valores de Nova York.

Especulação financeira é a principal justificativa do governo da China

O governo da República Popular da China anunciou a proibição na última terça-feira (18), além fazer um alerta aos investidores sobre os perigos do investimento e comércio especulativo de criptomoedas.

As autoridades financeiras do país apontam a especulação como principal sua principal preocupação. Por outro lado, o governo também teme o impacto da mineração de criptomoeda no consumo de energia e no meio ambiente.

Hardware utilizado em fazenda de mineração na China. Créditos: iStock

Agora, o Bitcoin, a maior e mais conhecida criptomoeda do mundo, apresenta uma queda em 40% desde seu recorde de valor mais alto, US$ 64,8 mil, em abril desde ano. Além disso, essa é a primeira queda mensal da criptomoeda desde novembro de 2018.

Esse declínio do Bitcoin afetou outras criptomoedas, com a Ethereum caindo em 28%, também na quarta-feira, com o valor de US$ 2.426.

O Dogecoin também viu o seu valor cair em 30%, mas especialistas afirmam que a criptomoeda/meme conseguiu se recuperar após um tweet de Elon Musk. Musk é o principal garoto propaganda da moeda digital.

No entanto, Musk também é um dos responsáveis por essa desvalorização das moedas digitais. O magnata sul-africano fez uma série de tweets, na semana passada, anunciando que removeria a opção de compra de carros da Tesla via bitcoin.

De acordo com Musk, o principal motivo seria que a utilização de moedas digitais na compra de carros da Tesla pudesse ampliar a queima de combustíveis fosseis no meio ambiente devido à mineração de criptomoedas.

O Bitcoin já era? Analistas financeiros comentam sobre a desvalorização de criptomoedas

Bitcoin China

Alguns observadores preveem maiores perdas futuramente, pois a queda do Bitcoin para um valor inferior aos US$ 40 mil representa uma ruptura em uma importante barreira técnica. Segundo especialistas, essa ruptura pode desencadear maiores vendas da moeda digital, acarretando, portanto, a sua desvalorização.

Analistas financeiros, como o diretor de investimentos do Saxo Bank, Steen Jakobsen, enxergam as vendas do Bitcoin na China como algo mais profundo e mais amplo em relação aos episódios anteriores de desvalorização.

O famoso banco americano JPMorgan, cuja especialidade é o investimento de risco no mercado financeiro, afirma que os investidores de criptomoeda podem mudar seu foco para o ouro devido a uma coleta de dados baseada nos juros abertos em contratos futuro do Bitcoin.

A recente venda em massa do Bitcoin, bem como de outras moedas, fez com que a capitalização de mercado de todas as criptomoedas caísse de US$ 2,5 trilhões para US$ 1,7 trilhão.

China já havia tomado medidas contra o Bitcoin anteriormente

O governo chinês sempre demonstrou visões negativas em relação às criptomoedas, apresentando preocupações sobre os potenciais riscos do sistema econômico do país advindos de uma crescente na especulação financeira.

Em 2014, similarmente ao que ocorreu nos últimos dias, órgãos de regulamentação financeira do país proibiram a condução de serviços relacionados ao Bitcoin por parte de instituições financeiras da China, isso incluía, até mesmo, a aceitação de pagamentos em Bitcoin.

Também em 2014, no mês de setembro, o Banco Popular da China (PBoC) baniu as ofertas iniciais de moedas em, em fevereiro de 2018, um jornal afiliado ao PBoC afirmou que o banco central iria bloquear o acesso a transações nacionais e internacionais de criptomoedas.

Entenda os motivos da proibição das operações do Bitcoin na China

Como dito no início do texto, o mercado das criptomoedas foi bastante afetado pela proibição da oferta de serviços por parte de instituições financeiras da China. No entanto, muita gente, que foi pega de surpresa com essa notícia, não conhece a polêmica envolvendo o governo da China e as criptomoedas, sobretudo, as moedas Bitcoin e Ethereum.

Primeiramente, é importante saber que a maior parte da mineração de criptomoedas acontece na China, principalmente nas regiões mais áridas do enorme país asiático, que possuem inúmeras fazendas de mineração.

Entre os meses de setembro de 2019 à Abril de 2020, a China foi responsável por 65% da taxa hash de mineração em todo mundo.

Além de demandar uma enorme estrutura de hardware – um dos principais fatores responsáveis pela escassez em placas de vídeo é a mineração de criptomoedas -, as fazendas de mineração consome muita energia.

De acordo com uma pesquisa do CAF (Centro de Finanças Alternativas da Universidade de Cambridge), em 2019, a mineração de criptomoedas na China consumiu mais energia elétrica que toda a Argentina.

Bitcoin China
Gráfico apresentando índices de consumo de energia elétrica. A China ocupa a primeira posição e a mineração de bitcoin no país supera o consumo da Argentina. Créditos: CAF

Fazendas de mineração de criptomoedas se tornaram um problema para a China

Um estudo publicado no mês passado, feito por pesquisadores da China, dos EUA e do Reino Unido, estima que, em 2024, o consumo de energia na mineração de bitcoins na China poderá ser maior que todo o consumo de energia elétrica de países como a Itália. Além disso, as emissões de carbono serão superiores às de países como Espanha e Holanda.

Como o governo chinês oferece subsídios na tarifa de energia em regiões mais pobres, grandes empresas mineradoras construíram suas fazendas nesses locais. No entanto, a migração em massa dessas fazendas contribuíram para quedas de energia e altos índices de emissão de carbono nessas regiões.

Bitcoin China
Funcionário opera equipamentos em fazenda de mineração de criptomoedas na China. Créditos: VCG

O caso da Mongólia Interior talvez seja o mais famoso atualmente. Situada no norte da China, tal região é conhecida pela sua produção de carvão e pela ampla capacidade de geração de energia. Ela corresponde por 8,1% de toda a taxa hash de mineração de criptomoedas no mundo.

Após proibir a mineração de criptomoedas em seu território, em março deste ano, o governo da província chinesa anunciou, também na terça-feira (17) – ou seja, no mesmo dia da proibição do governo nacional que desencadeou na desvalorização do Bitcoin -, a criação de uma plataforma de denúncias de operações ilegais de mineração de criptomoedas.

Leia mais: Província na China baniu a mineração de criptomoedas, entenda o motivo

Além desses dois fatores, recentemente, a polícia desmantelou um esquema de pirâmide na Província de Anhui, no leste da China. De acordo com as informações oficiais, o esquema envolvia cerca de duas mil pessoas e movimentava mais de US$ 31 milhões.

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