Província na China baniu a mineração de criptomoedas, entenda o motivo

Província na China baniu a mineração de criptomoedas, entenda o motivo

A Mongólia Interior, região autônoma da China, baniu a mineração de criptomoedas devido ao risco no abastecimento de energia do local.

Além disso, o governo da província afirmou ser necessário encerrar a mineração de criptomoedas na região para se adequar às metas de redução de carbono propostas pelo governo nacional.

Diferentemente de outras regiões da China, que conseguem produzir energia limpa em abundância para máquinas de mineração de criptomoedas, as fazendas de mineração da Mongólia Interior são abastecidas por energia a base de carvão.

Além disso, devido a sua proximidade com a capital do país, Pequim, há o risco de falta de energia no inverno, quando há maior uso de eletricidade. Desse modo, o governo desativa as fazendas de mineração visando garantir um fornecimento de energia estável para a região e, principalmente, para Pequim.

Mineração de criptomoedas afeta o estoque de hardware

Como sabemos, as criptomoedas são a maior revolução econômica dos últimos tempos em todos os aspectos, como nos investimentos, regulamentos e moedas em si.

Desse modo, além de revolucionar o mercado financeiro, as cibermoedas (ou criptomoedas) impulsionou a demanda por placas de vídeo em níveis problemáticos.

Um grande exemplo disso foi a escassez das placas da linha RTX 3000 da Nvidia durante o lançamento, que foram parar em fazendas de mineração de criptomoedas, sobretudo da Ethereum, que apresenta um crescimento impressionante.

China mineração criptomoeda
78 placas de vídeo RTX 3090 utilizadas em uma fazenda de mineração

Na China, por exemplo, tendo em vista a ausência das RTX 3000 no mercado, muitos mineradores optaram por comprar notebooks que contam com essas placas de vídeo. Além disso, há inúmeros outros exemplos com práticas malucas para mineração de criptomoedas.

Você também deve ler

Por qual motivo alguns lugares na China querem banir a mineração de criptomoedas?

China mineração criptomoeda
Fazenda de mineração gigante, em Hami, na província de Xinjiang.

Não é muito difícil entender o porquê de algumas regiões chinesas banirem, ou desejarem banir, a mineração de criptomoedas.

Um dos elementos principais na mineração de criptomoedas é o consumo de energia. O gasto em energia é um dos fatores a ser observado ao definir o lucro.

Portanto, locais que possuem taxas muito pequenas de energia se tornam um paraíso para os mineradores, pois reduz uma parte essencial do custo da atividade.

No entanto, isso representa um aumento significativo no consumo de eletricidade nessas regiões.

Na China, os lugares mais pobres possuem altas taxas de subsídios do governo nas contas de energia. Isso serve para evitar que muitas famílias em situação precária não tenham o acesso ao suprimento de energia, o que agravaria as suas vidas.

Contudo, essa medida, embora pareça positiva, demanda uma certa ‘peneira’ para não se tornar um problema.

Essa peneira significa que as regiões que contam com o subsídio devem se adequar aos níveis racionais de consumo de energia estabelecidos pelo governo.

A mineração aumenta o consumo em uma tarifa que é subsidiada, em sua maioria, pelo governo, que precisa aumentar o uso de sistemas de produção de eletricidade ao máximo. Isso aumenta o nível de consumo de fontes de energias poluentes, o que se torna um problema ambiental. No caso da Mongólia Interior, a produção de energia elétrica é feita em usinas a base de carvão.

Mongólia Interior se tornou um sinônimo de paraíso de mineração de criptomoedas

A Mongólia Interior, na fronteira com a Mongólia, se tornou o destino ideal para fazendas de mineração de criptomoedas.

Por possuir um clima seco e frio, o local se tornou ideal para operar o maquinário de mineração de criptomoedas. Além disso, a região é rica em carvão, o que fornece um recurso relativamente barato como fonte de eletricidade.

China mineração criptomoeda
Técnicos realizando inspeção nas máquinas de mineração de criptomoedas em uma fazenda da Bitmain Technologies, em Ordos, na Mongólia Interior. Créditos: Bloomberg

A região observou a criação de uma indústria badalada que se dedica à produção de chips em pequenos preços, bem como proporcionar mão de obra barata para construção da infraestrutura dessa indústria.

No entanto, as usinas termelétricas a carvão representam uma grande fonte de poluição no ar.

Pressão do governo da China na região levou à proibição da mineração de criptomoedas

A Mongólia Interior é responsável por 8% uso de energia em computadores na mineração de bitcoins em todo o mundo. Esse número está presente no Índice de Consumo de Eletricidade em Bitcoin da Universidade de Cambridge. Vale ressaltar que esse índice reúne dados apenas do Bitcoin, pois a Mongólia Interior também é responsável pela mineração em massa de outras criptomoedas, sobretudo a Ethereum.

Entretanto, as autoridades chinesas decidiram dar um fim nessas atividades, que terão data limite de funcionamento até o início de abril.

A China tomou essa decisão após críticas à Mongólia Interior por parte de autoridades econômicas do país. Em 2019, a região foi o único ente de país que não conseguiu controlar o consumo de energia.

Desse modo, desde setembro de 2019, as autoridades da Mongólia Interior começaram a perseguir as companhias de mineração de criptomoedas com sede no local, alertando-as que o governo iria fechá-las caso elas não se qualificassem de acordo com as normas governamentais.

Em agosto de 2020, a Mongólia Interior anunciou que 21 das 30 fazendas de mineração na região não eram “qualificadas”, e cancelaram o subsídio na tarifa de energia para essas empresas.

O governo também aconselhou as empresas a saírem da região ou se tornarem companhias de computação em nuvem incorporadas ao Estado.

Consequências da proibição 

Na China, a repercussão da proibição foi imediata.

O Weminer, um serviço de mineração em nuvem que fornece menores taxas de hash, com sede em Pequim, postou na rede social chinesa Weibo como a empresa foi afetada. De acordo com o post, a proibição na Mongólia Interior fez com que a companhia suspendesse muitas fases de seus projetos de mineração em nuvem, pois suas máquinas estão na Mongólia Interior.

Além disso, a mídia chinesa informou que várias fazendas de criptomoedas já migração seus máquinas para outros locais no país, como na província de Sichuan.

Outros mineradores estão migrando suas operações para fora da China, de acordo com o National Business Daily.

Em busca de baixas tarifas de eletricidade, mineradores chineses de criptomoedas já migraram para a Rússia, Belarus, Cazaquistão, Irã, Malásia, Myanmar e Islândia, de acordo com uma checagem no F2Pool e outros sites chineses de mineração que listam a localização de suas fazendas de mineração.

Fazenda de mineração em Keflavik, na Islândia. Créditos: F2Pool

O Irã já sentiu o impacto no alto fluxo de migrantes chineses na mineração de bitcoin no país. Em janeiro deste ano, várias cidades no país sofreram apagões e observaram o surgimento de nuvens de fumaça no ar.

A população iraniana passou a culpar as fazendas chinesas e postaram comentários xenofóbicos em redes sociais. Como resultado, o governo iraniano interrompeu o suprimento de energia para fazendas de mineração de criptomoedas, por duas semanas, para acalmar os ânimos.

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X