Ontem (16), Jensen Huang, CEO da NVIDIA, durante uma conferência realizada com analistas de mercado, afirmou que a empresa deu o seu melhor para tornar possível a compra da Arm.
“Demos o nosso melhor, mas os ventos contrários foram muito fortes. Assim, não conseguiríamos a aprovação da aquisição pelos reguladores”, afirmou Huang.
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No dia 7 deste mês, a empresa de placas de vídeo anunciou oficialmente a desistência da aquisição da fabricante de designs de chips. A NVIDIA havia oferecido US$ 40 bilhões para comprar a Arm, valor aceito pela holding, a Softbank.
No entanto, a pressão de órgãos reguladores, bem como ações judiciais de empresas de tecnologia, conseguiram evitar a compra, pois havia o temor de monopólio por parte da NVIDIA.
Jensen Huang: “compra da Arm iria acelerar a evolução de processadores para supercomputadores”
“Na semana passada, nós [NVIDIA] encerramos nossas tentativas de comprar a Arm. Quando entramos no negócio, em setembro de 2020, acreditávamos que a aquisição iria acelerar o foco da Arm em processadores para supercomputadores, além de ajudar sua expansão em novos mercados, o que beneficiaria todos os nossos consumidores por todo o ecossistema.
Mas, como qualquer combinação de pioneiros de importantes tecnologias, nossa proposta de aquisição gerou questionamentos de órgãos reguladores do mundo inteiro. Por mais de um ano, a NVIDIA trabalhou junto da SoftBank e da Arm para explicar nossa visão acerca da aquisição e, além disso, reafirmar aos reguladores que a NVIDIA seria uma boa casa para o ecossistema da Arm.
Demos o nosso melhor, mas os ventos contrários foram muito fortes. Assim, não conseguimos dar a credibilidade necessária aos reguladores para que esses órgãos pudessem aprovar a nossa aquisição”, disse Huang durante a conferência, cuja íntegra pode ser lida aqui (em inglês).
Ventos contrários afetaram CEOs da NVIDIA e da Arm
Ventos contrários, do inglês “headwinds”, é uma terminologia do mercado financeiro para descrever que condições possam impedir, ou inibir, o progresso de grandes transações.
No caso da NVIDIA e da Arm, os ventos contrários partiram dos governos americanos e britânicos e de empresas como a Microsoft e a Qualcomm.
As consequências disso foram, além da desistência da NVIDIA, a saída do CEO da Arm, Simon Segers, e a iniciativa de torná-la uma empresa de capital aberto ainda neste ano.
O novo CEO da Arm, Rene Haas, que trabalhou na NVIDIA por oito anos, considera “uma pena” a falha da aquisição.
“Pessoalmente, eu estou desapontado, mas também estou entusiasmado com o futuro da Arm. Jensen [Huang] é um líder fantástico. Eu trabalhei por oito anos na NVIDIA antes de entrar na Arm. Lá, eu aprendi bastante com Jensen, por isso eu acredito que a junção das duas empresas seria algo fantástico. No entanto, honestamente, estamos aliviados pelo fim da incerteza. Foi um processo regulatório muito longo, desde o anúncio da aquisição, em setembro de 2020”, afirmou o novo CEO da Arm em entrevista à jornalista Emily Chang, transmitida ontem (16).
Clique aqui para assistir à entrevista completa, que aborda, além do tópico Arm e NVIDIA, o futuro da empresa e as consequências da crise dos semicondutores no mercado.
Mesmo sem a aquisição, as empresas continuarão trabalhando juntas
Embora a compra da Arm não tenha ocorrido, Huang disse que a NVIDIA irá lançar um processador para computação acelerada, baseado em arquitetura Arm, no primeiro semestre de 2023.
“A computação acelerada é o uso de hardware especializado para acelerar significativamente o trabalho, muitas vezes com o processamento paralelo que agrupa tarefas frequentes. Ela transfere tarefas exigentes que podem sobrecarregar CPUs, processadores que geralmente executam tarefas em sequência”, disse a NVIDIA.
Isso será possível, pois, conforme Huang, a NVIDIA ainda possui um contrato de 20 anos de licenciamento da arquitetura Arm.
De acordo com o CEO, a NVIDIA, atualmente, trabalha em muitos projetos com design da Arm, incluindo produtos conectados, automação industrial, robóticas e carros autônomos.
“Iremos lançar nossa tripla estratégia de chips, que incluem GPUs, DPUs (Unidade de Processamento de Dados) e CPUs”, disse Huang.