Huawei desenvolve rede de internet submarina e investe pesado em chips

Huawei desenvolve rede de internet submarina e investe pesado em chips

Embora as sanções comerciais dos EUA tenham enfraquecido a Huawei no mercado de celulares, a empresa chinesa diversifica seus negócios participando de uma rede de internet submarina e investindo pesado na indústria de chips.

Ontem (29) chegou ao Quênia uma rede de internet submarina que irá conectar a China à Europa e à África, que possui a Huawei como um dos seus principais acionistas.

A Huawei possui ações da Hengtong Opctic-Electric, a companhia que constrói o cabo de rede para transmissão de internet submarina. A empresa também fabrica o equipamento para as estações de atracagem do cabo Peace, bem como para a transmissão debaixo d’água, através da Huawei Marine Networks.

Fabricação do cabo de internet submarina Peace na Huawei Marine. Créditos: Huawei

O cabo de rede possui 15 mil quilômetros e chama-se Peace (paz), sendo parte da Rota da Seda Digital, uma iniciativa do governo da China que envolve fornecer infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação para impulsionar o comércio e o investimento entre o país asiático e o resto do mundo.

Por via terrestre, o cabo Peace vai da China ao Paquistão, antes de percorrer 7,5 mil quilômetros até se encerrar na França. A rede que chegou hoje ao Quênia é parte de outra ramificação que passa pelo sul em direção ao Leste da África, chegando a cidade portuária de Mombasa.

Huawei internet submarina
A Rota da Seda Digital que o cabo Peace irá percorrer.

Cabo Peace ajudará a China a aumentar sua presença em redes de internet submarinas

Com a construção do cabo Peace, o Leste da África — formado por países  com baixos indícios de desenvolvimento, como o Sudão do Sul, a Tanzânia, a Uganda e o Quênia —, terão banda larga disponível para ampliar a fonte de internet e reduzir o tempo de conectividade entre a Ásia e a Europa.

Huawei internet submarina
Chegada do cabo Peace nas praias de Mombasa, no Quênia.

Além disso, há um plano de ampliação da rede de internet submarina, também com participação da Huawei, que ligará Singapura ao Sul da África.

O cabo Peace será capaz de transportar em apenas um segundo dados equivalentes a 90 mil horas de transmissão de conteúdo da Netflix.

No entanto, as empresas americanas não poderão usar o Peace. As sanções do governo dos EUA baniram várias empresas de telecomunicações chinesas sob a justificativa de ameaça à segurança nacional.

Em contrapartida, a maioria dos cabos submarinos de rede são de propriedade de empresas americanas, reforçando o domínio dos EUA sobre a Internet em si.

No entanto, a previsão é de que a China esteja presente em 20% dessas operações entre 2025 e 2030.

Huawei internet submarina
Cerimônia de anúncio do cabo Peace em 2017.

Além desse cabo de internet submarina, que custou US$ 425 milhões, a Huawei participa de outros negócios rumo à diversificação.

Além de internet submarina, a Huawei investe em chips após impacto no mercado de celulares

Para conter o impacto devido à perseguição americana, a Huawei passou os últimos anos investindo em pesquisa e desenvolvimento. A sua divisão de R&D gastou 22,4% da receita total da empresa.

Além disso, a Huawei investiu de maneira agressiva no setor doméstico de chips após o governo dos EUA proibir o acesso às tecnologias americanas.

Em dezembro do ano passado, a Huawei criou uma nova subsidiária: a Huawei Precision Manucfacturing, para o desenvolvimento de chips e novas tecnologias de semicondutores.

Na última segunda-feira (28), a Huawei apresentou seus rendimentos correspondente ao ano de 2021, que caiu em 28,5% em relação à 2020, totalizando US$ 99,9 bilhões.

 Leia também: Huawei reduzirá produção de smartphones em 60%

No entanto, o lucro líquido cresceu em US$ 75,9% devido à venda da Honor, sua subsidiária fabricante de smartphones, além dos seus serviços de rede, como o cabo de internet submarina, de acordo com a própria Huawei.

Em suma, os rendimentos totais caíram em todas as três principais divisões da empresa. A divisão de eletrônicos de consumo foi a que mais sofreu. Por outro lado, as divisões de telecomunicações e serviços empresariais, não perderam tanto lucro.

Empresa tem contratos para levar o 5G a grandes indústrias

O presidente interino da Huawei, Guo Ping afirmou que, embora a divisão de smartphones tenha sido “gravemente afetada” pelas sanções americanas, os serviços de telecomunicações e logística sofreram menos.

“Em 2019, nós [Huawei] vendemos 120 milhões de smartphones 5G, então precisaríamos de 120 milhões de modems de banda base. Então, encaramos um grande desafio para obter chips suficientes devido às restrições do governo dos Estados Unidos. Para nossas estações base de 5G, enviamos apenas um milhão de unidades em 2019. Portanto, precisávamos de cerca de um milhão de modems de banda base 5G para tal feito. Nesse caso em específico, temos uma cadeia de abastecimento e continuidade de negócios muito melhor na nossa divisão de telecomunicações”, afirmou Guo Ping.

Jiang Xiangzhong, Presidente do SingleRAN da Huawei ao lado de uma das bases de estação 5G da empresa.

Além disso, a Huawei afirmou ter assinado três mil contratos comerciais para aplicações industriais da rede 5G em fábricas, minas, siderúrgicas e metalúrgicas, portos, hospitais e outros negócios.

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