Em meio à crise, o surgimento de chips falsos preocupa a indústria

Em meio à crise, o surgimento de chips falsos preocupa a indústria

A crise global de semicondutores ganha mais um capítulo com o surgimento de chips falsos, o que preocupa a indústria e os principais fabricantes. Os consumidores também devem ficar de olho.

Resultado direto dos efeitos causados pela pandemia, a crise dos chips abalou cadeias de abastecimentos em fabricantes de todo o mundo. Com isso, algumas empresas tentam solucionar o problema utilizando chips falsos, reutilizados ou com padrões inferiores.

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De acordo com uma matéria do Nikkei Asia, o CEO da empresa japonesa Jenesis, Junich Fujioka, vivenciou esse fenômeno em primeira mão.

Ao buscar microcontroladores para a fábrica de chips da Jenesis em Shenzhen, na China, Fujioka fez um pedido via loja online pertencente ao grupo Alibaba, que também é dono do Aliexpress.

No entanto, os microcontroladores chegaram ao destinho com falhas, ou melhor, não ligavam de forma alguma.

O Nikkei informou que um expert examinou esses chips atendendo ao pedido da Jenesis e identificou que as especificações eram totalmente diferentes dos chips solicitados pela empresa, embora o nome da fabricante aparentasse ser genuíno.

A Jenesis, que já havia efetuado o pagamento da oferta, tentou contato com o fornecedor, mas não obteve resposta.

Caso da Jenesis servirá de lição, segundo analistas

O caso da Jenesis, segundo analistas da indústria, se tornou uma lição às fabricantes que ficam tentadas a comprar chips distribuídos fornecedores não autorizados.

Esses chips não possuem garantia do fabricante e não informam onde e quando foram estocados. Isso facilita, portanto, a entrada de chips falsos nos pedidos, de acordo com especialistas.

Esses chips falsos podem ser chips removidos de produtos eletrônicos descartados – se passando por novos -, ou chips que não conseguiram atingir padrões de qualidade.

Além disso, também há casos em que o nome do fabricante e o número do modelo do chip é falsificado.

Chips falsos deram origem a uma nova atividade comercial

De acordo com o Nikkei, a crescente presença de chips falsos, ou adulterados, deram origem a um novo tipo de negócio na Ásia.

Segundo o jornal, algumas empresas japonesas já oferecem serviços de verificação de autenticidade de chips.

Esse é o caso, por exemplo, da Oki Electric Industry, subsidiária da Oki Engenharia. A empresa lançou esse serviço de verificação para ajudar os fabricantes de chips a ‘separar o joio do trigo’ antes que esses chips falsos cheguem aos produtos.

Diariamente, os escritórios da empresa, em Tóquio, recebem uma grande quantidade de componentes suspeitos. Para lidar com esse problema, cerca de 20 engenheiros destrincham esses produtos através de uma bateria de testes, utilizando lasers, microscópios, raio-x e outros instrumentos.

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Acima há um chip original, com uma marca arredonda no canto superior esquerdo, equanto o chip falso, abaixo, não possui tal marca. Créditos: Oki Engineering

A Oki iniciou esse trabalho de inspeção em junho desde ano e até o final de agosto já havia recebido mais de 150 pedidos de verificação, cuja maioria foi feita por parte de fabricantes de maquinário industrial e equipamentos médicos.

Esse trabalho inclui derreter os chips, ou remover as cases, para examinar as logos das fabricantes. Os engenheiros, com isso, tentam identificar padrões em chips de silício e outras propriedades físicas.

Segundo a empresa, após examinar 70 pedidos, os inspetores identificaram problemas em 30% dos chips.

O presidente da Oki Engenharia, Masaaki Hashimoto, ao comentar sobre o risco de chips falsos em produtos, afirma que, após o chip chegar em algum dispositivo, já é tarde demais para se fazer algo. Com a crise, as empresas procuram por soluções que podem afetar os seus negócios, como é o caso dos chips falsos.

Motivos por trás surgimento de chips falsos e o futuro da crise 

Antes de lançar o serviço de verificação oficialmente, em junho deste ano, a Oki Engenharia já estava examinando a autenticidade de chips através de pedidos de clientes individuais.

Esses trabalhos começaram no terceiro trimestre de 2020, após o Departamento de Comércio dos Estados Unidos proibir que a Huawei importe chips que utilizam tecnologia americana.

A decisão do governo dos EUA incitou a Huawei a acumular o máximo possível de chips em estoque, comprimindo, portanto, a cadeia de abastecimento convencional, o que acarretou o surgimento de fornecedores irregulares no mercado.

Além disso, a demanda por chips cresceu bastante durante a pandemia devido ao aumento das vendas de PCs, bem como à popularização de veículos elétricos e tecnologias 5G.

Leia mais: Vendas de computadores crescem apesar da escassez de chips

A TSMC, maior fabricantes de chips do mundo, projeta que a crise irá continuar até 2023. Caso esse cenário de fato ocorra, as empresas que precisam de chips para fabricar os seus produtos devem ficar de olho no mercado paralelo que está em ascensão.

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