Intel enfrenta dificuldades para suprir demanda de CPUs; a saída é recorrer à TSMC

Intel enfrenta dificuldades para suprir demanda de CPUs; a saída é recorrer à TSMC

Em maio a Intel completou 50 anos, uma história riquíssima em inovação e que está totalmente relacionada com os caminhos que a tecnologia de produção, principalmente de processadores, adotou ao longo do processo.

No entanto, no mesmo ano em que completa meio século a gigante de Santa Clara se vê em polêmicas que afetam sua imagem e moral, como a repercussão gigantesca que as falhas de segurança Meltdown e Spectre, a decisão de lançar os processadores de 8ª geração mesmo tendo total conhecimento das falhas, e todo o imbróglio da sua corrida por se manter inovadora e sair de uma vez por todas do processo de fabricação de 14nm.

Como expliquei aqui a tal Lei de Moore e o modelo de lançamento “tick-tock” se tornaram verdadeiros problemas para a Intel, um mantra que ao longo do anos foi ficando cada vez mais difícil de ser cumprido. O resultado foi que a companhia mudou o discurso, e começou a adotar uma estratégia em que uma mesma litografia permanece por mais tempo no mercado, porém com saltos de performance entre uma geração e outra, já que o processo de fabricação se torna mais amadurecido.

Essa forma de encarrar as coisas colou por um tempo, mas atualmente a Intel passa por uma grande pressão em fazer a passagem para os 10nm, enquanto a concorrência já mira os 7nm. O próprio calendário da Intel sofreu diversos atrasos e declarações para explicar o porquê de tal demora.

Em 2015 a Intel confirmou pela primeira vez a produção de chips em 10 nm, com lançamento programado em larga escala para 2016/2017 – prazo que acabou não sendo cumprido. O “prazo final” confirmado pela companhia é o segundo semestre de 2019, informação que foi divulgada em uma apresentação recente.

Diversas fontes da indústria relatam que a Intel realmente está enfrentando dificuldades para renovar a microarquitetura com suas “próprias mãos”. A saída é: terceirizar a produção. E é justamente essa alternativa que a Intel deverá adotar com os processadores de 10nm. A Intel já estaria inclusive recorrendo a terceiros para a produção de chips em 14nm, sim, a litografia atual.

Porem nesse caso é para suprir a demanda, a Intel não está dando conta da produção de tantos processadores baseados nessa litografia, o que já está refletindo em preços mais elevados dos processadores no mercado. A própria Intel admitiu que o grande desafio para esse semestre é atender a demanda. Atualmente se cogita que a Intel consegue apenas suprir 50% da capacidade de produção para os chips de 14nm.

Um slide antigo da Intel que hoje em dia resume seus próprios atrasos

O problema de demanda da Intel não acontece apenas nos processadores para o consumidor final, até os que são destinados ao ramo corporativo também estão envolvidos. A Hewlett Packard Enterprise (HPE), especializada na produção de servidores e serviços de TI para clientes corporativos, emitiu recentemente um memorando para seus clientes confirmando a falta de chips de servidores Intel Xeon-SP na arquitetura Skylake de 14 nm, oferecendo os processadores AMD EYPC como alternativa.

Além dos processadores a Intel também está enfrentando dificuldades com a demanda por chipsets (H310 e B360). De acordo com o Digitimes uma aliança com a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), que também conduzirá a AMD com os Ryzen em 7nm, foi firmada e funcioná da seguinte forma:

  • TSMC: ficará responsável pela produção de chip para o mercado consumidor e chipsets
  • Intel: cuidará do que dá mais lucro, a produção de processadores para servidores.

Essa não é a primeira vez que essa aliança acontece. Quando a Intel oficializou a compra da Altera, fabricante da FPGA, a Intel manteve contato com a TSMC para a produção desses chips, como também os modems XMM-7480- e 7360 para o iPhone 7 / 8 (Plus).

TSMC

Porém essa é a primeira vez que produtos tão importantes da Intel, os seus processadores para consumo em massa, passarão para uma outra companhia. A Intel é um dos poucos IDMs (Integrated Device Manufacturer), que ainda operam no mercado. Outros gigantes como AMD,  Qualcomm e NVIDIA são “fabless“, passando sua produção para empresas como a TSMC e Global Foundries.

Obviamente os problemas não serão resolvidos do dia pra noite, a previsão é que seja solucionado até o final do ano. O principal ato dessa parceria na verdade pode vir bem depois, com a Intel confirmando que realmente irá terceirizar a produção de seus chips de 10nm, tendo como parceira a TSMC.

Posição oficial da Intel

A Intel emitiu um comunicado hoje (12) desmentindo os rumores sobre essa passagem de parte de sua produção para a TSMC. A companhia  que, inegavelmente, vem enfrentando certas dificuldades em seu processo de produção, declarou que continuará dependendo exclusivamente de sua capacidade!

Vale lembrar que no ano passado durante todo o burburinho sobre uma possível parceria entre a Intel e AMD, a gigante de Santa Clara veio a público desmentir que tal aliança seria firmada. No final das contas o contrato foi assinado, e os processadores Kaby Lake-G, foram lançados com chip AMD Radeon.

Será que a Intel também mudará o discurso com essa situação com a TSMC? Vamos aguardar os próximos capítulos.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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