Dolby Vision: tudo o que você precisa saber

Bom, nesta altura do campeonato é possível afirmar que finalmente as TVs 4K HDR se tornaram populares, e com a maior oferta de conteúdo disponível nessa resolução também é adequado dizer que o upgrade de um televisor Full H para um novo modelo que oferece  compatibilidade com essa nova resolução é justificável.

Além do 4K, quando o consumidor seja ele o mais informado ou o mais leigo no assunto está procurando uma nova TV ele irá se deparar com um conjunto de outras siglas e termos que formam o conjunto de tecnologias que irão determinar a forma como aquele seu novo investimento de entretenimento se sairá na hora de desfrutar de filmes, séries e rodar games.

Uma dessas siglas é o HDR, que acaba deixando muitos usuários confusos pela infinidade de artimanhas que os fabricantes utilizam em sua implementação. Mas, há sim um tremendo valor nessa tecnologia, na verdade,  o HDR, bem implementado num televisor realmente capaz de interpretá-lo, muda completamente a experiência visual, é um salto fantástico em termos de qualidade de imagem.

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Como se não bastasse o fato do HDR por sí só gerar dúvidas em relação ao seu efeito prático, há também a questão dos padrões, essa guerra de tecnologias que já vimos tantas vezes no passado (Betamax x VHS; HDTV x Blu Ray, etc) também está presente no  HDR. Uma queda de braço em que de um lado da mesa há o padrão aberto, que qualquer fabricante pode dizer que tem em sua TV – o que acarreta numa lista imensa de aparelhos e conteúdos com resultado medíocre, e outro formato que é o proprietário, que depende de royalties para sua implementação.

É sobre ele que falaremos neste artigo, o padrão HDR Dolby Vision, desenvolvido pelos engenheiros da norte-americana Dolby Laboratories, que dispensa apresentação, a companhia está ligada com o desenvolvimento de tecnologias que moldaram a sétima arte e a experiência do entretenimento doméstico.

HDR

Para entender o que é o Dolby Vision e suas diferenças em relação aos demais padrões de HDR, é preciso que você fixe alguns pontos essenciais do que é o HDR, sigla que vem de High Dynamic Range – Grande Alcance Dinâmico.

Essa tecnologia é mais antiga do que você pensa, em 1940 já era utilizada, evidentemente não no universo das TVs, mas sim do seu meio de origem, a fotografia. Charles Wyckoff, um fotografo reconhecido que desenvolveu essa tecnologia para capturar imagens com um maior balanço entre zonas mais escuras e mais claras, a exposição que tornou a fotografia mais detalhada. Graças a essa tecnologia Wykoff conseguiu uma imagem bem detalhada de uma explosão nuclear.

Esse principio se mantém até hoje, o HDR de forma geral atua no balanço fiel entre zonas escuras e claras, como se o expectador tivesse presenciando ao vivo aquele fato. Evidentemente que com a fotografa digital e as evoluções de captação de gravação de vídeo é possível brincar com isso, deixando que o HDR torne uma imagem bem diferente do seu real estado de captura, aquele famoso efeito “ta melhor que a realidade” (ou mais artificial).

No mundo do conteúdo em vídeo o HDR aliado a evolução de painéis, espaço de cores e capacidade de luminância tela atinge tornou possível uma imagem rica em detalhes e com uma capacidade impressionante de ir do elemento mais claro ao mais escuro com uma capacidade impressionante.

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O Dolby Vision é uma das tecnologias que consegue entregar essa experiência no conteúdo que foi implementado, e com uma vantagem clara ao HDR10, que ainda é o principal padrão aberto do HDR, o controle cena a cena, implementado de forma fiel de acordo as vantagens do colorista.

Como explica a própria Dolby, há 3 formas de promover um salto na qualidade de imagem de filmes, games, programas, e demais conteúdos: mais pixels, isto é, a mudança de resolução, do Full HD para o 4K, por exemplo; o incremento da taxa de frames e “melhorar os pixels”. É nesse terceiro quesito que o Dolby Vision, HDR10/10+ e HGL entram. A melhor representação, de acordo com o produtor do conteúdo, e fazendo valer de determinadas especificações, para retratar da melhor forma possível o vídeo captado, o balanço entre as múltiplas nuances de pontos mais escuros e mais claros de uma imagem, o tal do grande alcance dinâmico, que é o HDR.

Como o Dolby Vision chega até o conteúdo que você assiste?

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Sua TV, monitor ou smartphone é certificado para o Dolby Vision e você encontrou aquele filme ou série em uma plataforma de streaming ou aquele game e está pronto para descobrir o que representa na prática essa tecnologia da Dolby, mas antes disso há um caminho longo e bem técnico para que o conteúdo esteja ajustado. Tudo começa pela certificação!

As etapas para um conteúdo certificado

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Como comentei anteriormente o Dolby Vision é um padrão de uma tecnologia, e um padrão proprietário, o que implica no pagamento de royalties para sua certificação, o que acaba afastando alguns produtores de conteúdo e desenvolvedores de produtos. Vide o caso da sul-coreana Samsung, mesmo em suas TVs mais novas, não há esse apoio ao Dolby Vision, a gigante vai para o lado dos padrões aberto do HDR, o HDR 10, HDR 10+ e HGL.

Por outro lado temos a também sul-coreana LG, que foi a primeira grande porta-voz do Dolby Vision para o mercado de TVs, a companhia aposta nesse padrão de HDR tanto para as OLEDs quanto para modelos com painel LCD. Até no mercado de smartphones a empresa despontou em relação ao suporte a essa tecnologia com o LG G6, lançado em 2017.

O conteúdo adaptado para Dolby Vision se sai muito melhor que o padrão HDR10 pela sua característica dos metadados dinâmicos, a escolha do diretor e colorista em relação aos níveis específicos de cor e brilho que aquela determinada cena terá. O principal objetivo do processo de classificação do Dolby Vision é capturar a intenção artística dos responsáveis pela obra.

Esse processo de ajuste é realizado em monitores referência, os modelos mais utilizados para o processo é o Sony BVM-X300 e o Canon DP-V2420. A Dolby tem o seu próprio monitor para essa tarefa, o Pulsar, que atinge 4.000 nits. Para ter ideia da precisão os monitores utilizados para esse processo de color grading precisam alcançar 100% do espaço de cor DCI-P3. Também é necessário um monitor de referência para o conteúdo SDR a ser tratado, um exemplo é o FSI DM 250 OLED.

 Sony BVM-X300
Sony BVM-X300

Após esse processo de ajuste ser concluído será salvo os metadados dinâmicos que descrevem como as cenas se comportarão durante a reprodução, é bom frisar que esse o software utilizado para o color grading necessário para o Dolby Vision tem que ser realizado em alguns dos softwares que são listados pela Dolby como compatíveis – Audotesk Lustre, Black Magic Design DaVinci Resolve, Filmlight Baselight, entre outros.  Após a versão em SDR ser aprovada, o colorista fará a exportação juntamente com os metadados para o HDR.

Os metadados dinâmicos do Dolby Vision são exportados como um arquivo XML, e posteriormente importados para uma ferramenta de masterização compatível com a tecnologia da Dolby para gerar o arquivo que a companhia chama de mezanino. A ferramenta que realiza essa tarefa é oferecida pela própria Dolby para os licenciantes, a Mezzinator.

O arquivo do color grading é exportado geralmente em Tiff 16bit. Em posso desses dois arquivos, o Mezzinator gera o arquivo MXF 12-Bit RGB JPEG2000 junto com o XML, esse é o ponto conhecido como Content Master, conteúdo que será executado em um Dolby Vision Enconder, para que seja realizado o processo de a codificação para alguns dos codecs abrangentes para o mercado de vídeo – HEVC e AVC.

O resultado final irá variar de acordo com a capacidade de luminância da sua TV, um modelo com 400 nits o resultado será um, uma mais parruda, com 1.000 nits irá performar de outra maneira. Desconsidere modelos abaixo de 400 nits – essas são enquadrados naquilo que ficou conhecido como “fake HDR”. O Dolby Vision é muito superior em relação à faixa de nits que pode trabalhar (até 10.000 nits), quando comparado ao HDR10 (até 1.000 nits) e HDR10+ (até 4.000 nits). A profundidade de cor também é outro destaque, até 12-bits, contra 10-bit do padrão aberto de HDR definido pela UHD Alliance.

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Quais são os equipamentos compatíveis com Dolby Vision?

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Você pode encontrar no mercado diversos equipamentos compatíveis com o padrão de HDR da Dolby, de reprodutores de mídia, como o Apple TV 4K, ao Chromecast Ultra, aos consoles (Xbox One), smartphones (LG G6, iPhon 8, XR e XS), tablets (segunda e terceira geração do iPad Pro) e é claro, as SmartTVs, diversos modelos da LG, como as OLED e as LCD da linha NanoCell, ou até mesmo a linha 2019 OLED da Panasonic são compatíveis com o Dolby Vision.

É possível que essa tecnologia comece a se popularizar nos monitores para computador. Este mês a ASUS anunciou os primeiro monitores compatíveis com essa tecnologia,  ProArt PA32UCX and PQ22UC.  Displays que são compatíveis com Dolby Vision estão automaticamente aptos a lidar também com HDR10 e HDR10+.

Conteúdos para assistir em Dolby Vision

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Caso você tenha uma TV compatível com o Dolby Vision e queira ver na prática como o HDR da Dolby se comporta pode recorrer a alguns meios. O mais simples, e que não irá te gerar nenhum custo, é baixar os vídeos demo promocionais implementados com essa tecnologia, um site em que você pode baixá-los é o 4K.

Outra boa pedida é assistir diretamente às produções compatíveis em plataformas de streaming. No Brasil as principais plataformas que o utilizam é a Netflix e o Amazon Prime Video, a novata Apple TV+, que também está operando de forma oficial em nosso país, também suporta, mas recentemente muitos usuários estão reportando que há algum problema na reprodução, o conteúdo estão sendo passados para HDR10, ao invés de Dolby Vision.

Entre essas três plataformas, a Netflix é a que oferece mais conteúdo em Dolby Vision, uma das adições mais recentes ao catálogo da plataforma que oferece compatibilidade é o filme O Irlandês. Lembrando que, assim como com a reprodução de vídeos em 4K, você irá precisar ser um assinante do plano mais caro da Netflix no momento, o premium.

Já no Amazon Prime Video a oferta em termos de HDR ainda pende mais para o lado do HDR10, mas há algumas coisas em Dolby Vision, como a primeira temporada de Jacy Ryan. No quesito games, Mass Effect Andromeda está com Dolby Vision habilitado.

Dolby Vision no cinema

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O Dolby Vision também tem espaço garantido na telona, nas salas de cinema, ambiente que a Dolby ajudou a melhorar ao longo dos anos com suas tecnologias. Em algumas partes do mundo há o que é conhecido como Dolby Cinema, salas com o melhor da tecnologia para a sétima arte projetada pela Dolby. Essas salas, infelizmente nenhuma no Brasil, é capaz de lidar com a projeção com imagens adaptadas ao Dolby Vision e com sistema de som imersivo Dolby Atmos.

Até o design da sala recebe uma abordagem mais engenhosa, elas são projetadas para reduzir distúrbios na reprodução da imagem e e oferecer uma visão ideal e precisa independente da cadeira em que você esteja sentado. Outro detalhe é que os alto-falantes das salas Dolby ficam escondidos atrás de tecido acústico possam ser vistos . Isso permite que o espectador se concentre inteiramente no filme.

Nessas salas são utilizados projetores laser da marca Christie com capacidade de reprodução em 4.096 x 2.160 pixels, o 4K cinema, diferente do 4K comercial, o UHD, que é 3840 x 2160. Explicamos a diferença entre 4K e UDH neste artigo. 

 

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Editor-chefe no Hardware.com.br. Aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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