Pra deixar bem claro o que é HDMI ARC irei dar um exemplo pessoal. Em 2016 resolvi abandonar home-theater e dar uma chance para as soundbar (curti tanto essa troca que até escrevi um artigo sobre isso na época). Evidentemente que senti o baque em passar de 5.1 canais para 2.1, da JBL SB 350, soundbard que comprei, no entanto, pela questão de espaço e menos cabos jogados pelo ambiente, a barra de som caiu como uma luva no meu caso.
Essa soundbar está ligada numa TV de 40 polegadas, comprada na mesma época, a Samsung KU6000. Embora a soundbar da JBL ofereça a conexão auxiliar e óptica a interligação com o televisor foi feita por HDMI, graças ao suporte à tecnologia ARC. Comumente associamos o HDMI apenas como uma forma de transmissão de vídeo, mas a partir da versão 1.4 do HDMI o retorno de áudio foi introduzido. ARC é uma sigla que simboliza justamente essa possibilidade. Audio Return Channel – canal de retorno de áudio.
Graças ao ARC a minha soundbar pôde ser conectada ao televisor por HDMI, e esse mesmo cabo cuida da transição do áudio, a passagem do som, que, por padrão, seria emanado pelos alto-falantes da TV, para a soundbar. A imagem abaixo, retirada do guia de produto da soundbar JBL Bae 2.1 ilustra essa integração.
Além do seu sistema de som, a TV também tem que oferecer a compatibilidade com o HDMI ARC para que tudo funcione perfeitamente. Pode ficar tranquilo, todas as TVs que você encontrar no mercado atualmente irão oferecer essa possibilidade. O HDMI ARC foi introduzido em 2009, já está há um bom tempo no mercado, e todos os fabricantes já oferecem esse tipo de solução, mesmo em televisores de entrada ou intermediários.
Na hora da conexão você terá que se atentar, a porta HDMI voltada para esse retorno de áudio terá um destaque em relação às demais em seu televisor. Vou citar novamente o meu caso. A TV KU6000 da Samsung oferece 3 portas HDMI. A porta número 3 tem entre parênteses a palavra ARC, indicando que será especificamente nela que a conexão com a soundbar ou receiver, por exemplo, será realizada. Alguns fabricantes podem utilizar outras formas de destacar o HDMI ARC, usando o termo “TV ARC”. Independente de como estiver escrito você já sabe que a porta HDMI que tiver alguma menção ao ARC será a que você realizará a conexão com o seu sistema de som.
Outra vantagem oferecida pelo HDMI e que está em sintonia com o ARC é que com o próprio controle da televisão você regula o volume da soundbard, por exemplo. A JBL SB350 conta com um controle remoto dedicado, mas eu aumento o volume diretamente pelo controle da TV. Isso é possível devido a uma outra particularidade do HDMI, o CEC (Consumer Electronics Control) – lembrando que cada fabricante adota o nome comercial que acha melhor. Exemplo: Samsung chama de Anynet+, LG de SimpLink, Sony de Bravia Sync, e por aí vai. Evidentemente que o uso do controle dedicado continua tendo o seu valor, já que há funções mais específicas, no caso da JBL SB350 o ajuste dos graves do subwoofer é feito por esse controle.
Além do comodismo, o ARC via HDMI também promoveu um salto técnico em especificações que vale a pena comentar. Antes do HDMI ARC, o RCA, com seus cabos coaxiais e o TOSLINK, que utiliza cabos de fibra ótica, eram as formas mais comuns para essa transferência de áudio. Mesmo no caso do TOSLINK, que usa fibra, a diferença entre a largura de banda para transmissão, comparado ao HDMI ARC é brutal: 384 Kbps x 1 Mbps.
HDMI ARC x HDMI eARC
Agora tem um detalhe importante: no próprio padrão ARC há diferenças, há uma versão melhorada, o eARC. A partir do HDMI 2.1, anunciado em 2017, a tecnologia ARC foi melhorada, dando origem ao eARC. Assim como há diferenças consideráveis entre a largura de banda do TOSLINK e do HDMI ARC há também uma discrepância entre o ARC e o eARC nesse quesito. Enquanto o ARC oferece uma largura de banda de 1 Mbps o eARC eleva para 37 Mbps. Mas pra que diabos esse salto tão agressivo? A resposta fica clara numa tabela compartilhada pelo HDMI.org, responsável pela licenciar as especificações do HDMI e promover a tecnologia.
A tabela mostra que enquanto o ARC lida apenas com áudio 5.1 compactado, o eARC consegue atender o 5.1 sem compactação, além do 7.1. Esse padrão também consegue segurar as pontas em tecnologias de som surround modernas; tais como Dolby Atmos ou DTS:X. O eARC é adequado para quem irá montar uma configuração de ponta, que provavelmente irá passar por algum receiver bem robusto. Atente para a resolução e taxa de amostragem que o eARC suporta: 24-bit, 192 kHz!
Assim como no caso do HDMI ARC, para fazer uso do eARC você irá precisar que tanto a TV quanto o receptor do áudio sejam compatíveis, isto é, ofereçam suporte ao HDMI 2.1. Até o momento poucos produtos atendem esse pré-requisito. O cabo também precisa ser parrudo, a HDMI.org fala que você precisa de um cabo HDMI High-speed com Ethernet. Vale também comentar que o eARC é totalmente compatível com ARC. Caso você compre uma nova TV, que tenha suporte ao eARC, mas mantenha um equipamento de áudio que lide apenas com ARC a integração irá ocorrer.
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