O que é IPTV e como funciona?

O que é IPTV e como funciona?

Em 2004 a SBC Communication, em parceria com a Microsoft, deu inícios aos testes de um serviço de televisão baseado no protocolo IP, o IPTV. Na época Bill Gates declarou algumas vezes que o conceito tradicional de transmissão televisiva sairia de moda, a revolução, assim como em tantos outros aspectos, viria pelo conteúdo na internet que se relacionaria diretamente com o público, sem amarras e linearidades de uma programação engessada e em horário específico.

A previsão estava correta. Os serviços de streaming mudaram a forma como o usuário pode interagir com a programação, dando mais liberdade, e o IPTV ao longo dos anos está tornando os serviços tradicionais de TV por cabo ou satélite, com suas assinatura elevadas, item de museu.

IPTV

Mas vamos do início. O que é IPTV? O próprio termo já deixa claro a definição do serviço: transmissão de conteúdo em vídeo digital, incluindo canais de TV, entregue através do uso do protocolo de IP. É importante conceituar dessa maneira porque é comum associar a internet com a transmissão do conteúdo quando o termo IPTV está na conversa, e isso é impreciso.

A internet não precisa ter esse papel na entrega de programação ou qualquer outro conteúdo em vídeo. O modo mais correto de explicar IPTV é o seguinte: este serviço refere-se ao uso do IP como mecanismo de entrega do conteúdo. Esse repasse pode ser pela internet (modo que é mais conhecido pela grande maioria das pessoas), o que representa uma atuação do serviço por uma rede pública, mas o IPTV também pode ser relacionado com a entrega de conteúdo em vídeo por uma rede privada, também via IP.

Em uma rede IPTV os pacotes de dados são enviados através de um RTP (Protocolo de Transporte em Tempo Real), mecanismo para sincronizar diferentes fluxos de dados encapsulados. Em conjunto com o RTP, há o RTCP (Protocolo de Controle de Transporte em Tempo Real), que fornece informações, como, por exemplo, status sobre qualidade do serviço. Esses pacotes de dados são enviados através de uma rede Ethernet, tanto em unicast quanto multicast. Em unicast os pacotes são enviados da fonte para o set-top-box, enquanto em multicast, são replicados para o DSLAM.

A programação também varia. É possível enquadrar como IPTV os serviços que fazem a transmissão em tempo real de um canal de TV como também conteúdos pré-gravados, como filmes, shows etc.

Citando novamente a SBC Communication, uma das primeiras companhias a implementar um serviço comercial de IPTV. Durante sua primeira fase de implementação, em meados de 2005, a empresa colocou em execução o uso multi-plataforma para o serviço, vendendo o conceito de que o cliente poderia desfrutar do IPTV em computadores, PDAs, TVs, set-top-boxes, ente outros gadgets. Claro que na época o conceito era até um pouco rudimentar, a grande revolução de dispositivos realmente inteligentes e funcionais ainda iria aparecer, mas o serviço desenhou o que o IPTV é até hoje.

O IPTV continuou como um serviço para ser desfrutado numa gama de gadgets bem variada, mas ao mesmo tempo se transformou num alvo de polêmicas. O IPTV é legal ou ilegal? Essa pergunta tem sido feita com cada vez mais frequência. Também pudera, o serviço virou um dos principais representantes para o repasse de conteúdo que, até então, era possível apenas através do serviços tradicionais de TV oferecidos por empresas de telecomunicações.

O IPTV atua em ambos os lados, há serviços oferecidos de forma legal como também os piratas, uma espécie de Gatonet anabolizada. De acordo com a Cisco, nos últimos três anos entraram no Brasil, pela fronteira com o paraguaí, cerca de 6,5 milhões de set-top-boxes – um dos aparelhos que permite acessar listas de canais IPTV.

Evidentemente que o uso de set-top-boxes não representa necessariamente que o usuário irá acessar conteúdo IPTV Pirata, e os set-top-boes também podem ser utilizados apenas com a finalidade de transformar uma TV em smart (ou até melhorar uma que já é Smart), possibilitando que o televisor acesse aplicativos, como a Netflix ou Youtube. Entretanto, muitos desses aparelhos acabam entrando no país de forma ilegal, sem homologação.

Qualquer consulta nos mais variados fóruns e grupos no Facebook deixa claro que discussões e repasses de links para o acesso a listas IPTV pirata corre solto. Segundo a ABTA (Associação Brasileira de TVs por Assinatura), cerca de 4,2 milhões de pessoas acessam TV de forma ilegal no Brasil, nesse balaio entra o IPTV pirata.

No caso das SmarTVs, quando a utilização de IPTV será realizada sem um set-top-box, o usuário pode fazer o acesso por aplicativos como o SmartIPTV, SSIPTV, e, é claro, o queridinho Kodi. O acesso também pode ser realizado por aplicativos para dispositivos móveis que rodam Android e iOS, e por outros players para computadores.

Quando você contrata um serviço de IPTV a empresa responsável pelo serviço envia o passo a passo para a configuração e instalação da lista IPTV correspondente ao seu plano. A banda exigida para ter uma boa experiência com o serviço varia, mas a média é entre 5 Mbps e 10 Mbps. A necessidade de mais banda está relacionada com a resolução que o conteúdo está sendo transmitido (alguns serviço IPTV oferecem até conteúdo em 4K) e se a lista de canais acessada será paga ou gratuita. As listas gratuitas, pela contingência de acesso, tornam a experiência sofrível, com travamentos constantes.

O combate contra os serviços IPTV pirata está cada vez mais intenso. Recentemente uma operação policial na Europa derrubou um sistema de IPTV pirata chamado Xtream-Codes. Esse sistema era utilizado por 5.000 provedores. Cerca de 50 milhões de usuários foram impactados com o encerramento do serviço – inclusive pessoas no Brasil foram afetadas.

O IPTV que segue todos trâmites legais também está se tornando mais conhecido, e considerado pelos usuários como uma alternativa para a já saturada e cara TV via cabo ou satélite. O serviço de IPTV no Brasil começou a caminhar a partir de 2007. As primeiras investidas vieram através da IPTV USP, com canais para a comunidade acadêmica, e pelo Videon, da Brasil Telecom.

As principais operadoras de TV pagam divergem sobre o futuro da TV paga, enquanto a Claro a SKY ainda apostam suas fichas no tradicional modelo DHT (transmissão via satélite), Oi e Vivo, já adotam o IPTV como estratégia para impulsionar as vendas de outros produtos, como a Fibra ótica. A Vivo inclusive trata o IPTV como foco para continuar tendo sucesso no segmento de TV paga.

 

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