Quem inventou o primeiro celular?

Quem inventou o primeiro celular?

A resposta para a pergunta “Quem inventou o primeiro celular” é menos interessante que o processo para chegarmos a ter telefones móveis e, posteriormente, smartphones.

O primeiro celular foi inventado em 1973, pelo engenheiro Martin Cooper, da Motorola. No dia 3 de abril de 1973, Cooper fez a primeira chamada telefônica via celular com o Motorola DynaTAC 8000X.

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O protótipo usado para a primeira ligação pesava 1,1 kg e tinha 22,5 centímetros. Esse dispositivo arcaico funcionava por apenas 30 minutos, mas demandava 10 horas para recarregar sua bateria.

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Enfim, esse é considerado o primeiro celular da história, inventado pela Motorola e responsável por mudar o curso da história das telecomunicações. Entretanto, a humanidade já ansiava por dispositivos de comunicação sem fio desde o início do século XX.

A introdução da telefonia com fio e do rádio no início dos anos 1900 despertou a curiosidade em maiores possibilidades tecnológicas no ramo das telecomunicações.

Infelizmente, quando há conflitos militares, também há avanços tecnológicos. E a Segunda Guerra Mundial foi responsável pelos avanços da tecnologia de comunicação de rádio, com rádios portáteis sendo amplamente usados.

Avanço da telefonia móvel começou na Segunda Guerra Mundial

Apesar desses avanços na comunicação em rádio, as limitações tecnológicas da época restringiam a qualidade dos sistemas de maneira significativa.

Como uma das qualidades mais notáveis do ser humano é a busca por evolução, no período pós-guerra, as empresas de tecnologia começaram a aprimorar sistemas de telefonia móvel para o uso em automóveis.

No entanto, assim como o uso para fins bélicos, o uso comercial foi afetado pelas limitações da época. Esses sistemas eram gigantes e precisavam de muita energia elétrica, além de possuir uma cobertura limitada cujas redes não conseguiam lidar com mais de 10 conexões ao mesmo tempo.

Assim, essas limitações dificultaram a tecnologia de telefonia móvel por algumas décadas, além de colocar um teto em relação ao tempo em que a tecnologia seria adotada por um público mais amplo.

Desenvolvimento da telefonia móvel

A demanda, tanto militar quanto civil, por maior qualidade em relação à telefonia móvel fez com que o lendário Bell Labs, pertecente à AT&T na década de 1940, iniciasse sua jornada na telefonia móvel.

Os engenheiros do Bell Labs começaram a trabalhar em um sistema de telefonia em automóveis que permitia um maior número de ligações em uma determinada área ao mesmo tempo.

Em 1946, ou seja, um ano após o fim da Segunda Guerra Mundial, o serviço de telefonia móvel do Bell Labs foi lançado. Posteriormente, a AT&T comercializou o sistema como o “Serviço de Telefonia Móvel”. Contudo, o serviço teve um crescimento lento, com pouco mais de mil clientes em cerca de 100 localidades.

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Telefones em carros eram a aposta para portabilidade.

Além disso, o sistema era mais similar a um rádio militar do que aos telefones já existentes naquela década. O serviço também era caro e o número de canais para conexões ativas continuava limitado em três.

Com uma ligação, ou conexão, usando um canal inteiro, não poderia, afinal de contas, haver mais conversas ativas do que a quantidade de canais disponíveis. Esse foi o dilema do Bell Labs.

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Os engenheiros do Bell Labs trabalharam, portanto, em um novo sistema para aprimorar a eficiência desses canais. Entretanto, em 1947, houve um insight muito importante por Douglas Ring e W. Rae Young, que propuseram a ideia de uma rede de células para ajudar a gerir a reutilização de canais e reduzir a interferência.

Mas nem sempre você pode ter tudo o que quer, pois a tecnologia de uso de células ainda não existia naquela época, e o Bell Labs teve que esperar pacientemente algumas décadas.

Com o passar dos anos, na década de 1960, dois engenheiros do Bell Labs, Richard Frenkiel e Philip Porter, desenvolveram o conceito de células em um plano com maiores detalhes para as redes de telefonia móvel em carros.

Nesse mesmo período, a AT&T, então dona do Bell Labs, já estava conversando com o governo americano para aumentar o espectro de frequência de telefones à rádio, fornecendo, portanto, mais canais para o uso da empresa.

Conceito do funcionamento das redes para celular

Outros avanços significantes na década de 1970 das redes de telecomunicação e dos sistemas de sinais de cobertura permitiram que dispositivos tivessem uma conexão ao mudar de uma célula para outra. Desse modo, houve uma expansão na área de cobertura das redes de telefonia móvel.

Todavia, todos esses avanços eram feitos para telefonia móvel em carros. Foi necessário um empurrão de outra empresa para que o primeiro celular aparecesse.

Outro detalhe é que, ironicamente, telefones em carros são itens tão relevantes atualmente quanto secretárias eletrônicas.

Martin Cooper, o inventor do celular

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Martin Cooper décadas depois da popularização da sua invenção.

Enquanto o Bell Labs trabalhava em desenvolver um sistema que se tornaria as redes celulares que todos nós conhecemos, a empresa, por outro lado, não obtinha muito sucesso em desenvolver um telefone móvel de fato portátil.

O motivo disso, obviamente, foi o grande e desnecessário desenvolvimento dos telefones para carros. Infelizmente, erros acontecem, principalmente na indústria de tecnologia, pois, quem diria que existiria algo chamado Bluetooth.

Enfim, a razão pela qual não temos telefones em carros atualmente é graças ao trabalho de uma então pequena empresa chamada Motorola e, sobretudo, de um tal de Martin Cooper.

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O próprio Cooper afirmou em entrevista à BBC, em 2003, que telefones em carros eram uma bobagem.

“Nós [Motorola] acreditávamos que as pessoas não queriam conversar por telefone em carros, mas queriam fazer ligações umas às outras sem a limitação de fios. Assim, a única forma que nós da Motorola, essa pequena empresa, poderíamos provar isso ao mundo seria mostrando, de fato, que conseguíramos criar um telefone celular, um telefone pessoal”, disse o senhor Cooper.

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De fato, a Motorola foi quem inventou o primeiro celular. Martin Cooper, com o apoio do seu chefe, o líder da divisão de produtos portáteis de comunicação da Motorola, John Mitchell, desenvolveu, junto dos engenheiros da empresa, o protótipo funcional do primeiro celular da história.

Em 3 de abril de 1973, antes de apresentar a nova invenção que iria revolucionar o mundo a uma coletiva de imprensa em Nova York, Martin Cooper testou o dispositivo ao fazer a primeira chamada via celular da história.

Executivo da Motorola fazendo ligação através do primeiro protótipo do celular, em 1973.

O mais interessante em tudo isso foi para quem Cooper telefonou na primeira ligação de celular da história. A pessoa a qual Martin Cooper ligou foi Joel Engel. Joel Engel era um funcionário do Bell Labs!

“Joel, eu estou te ligando através de um telefone celular de verdade. Um telefone portátil que cabe na palma da mão”, disse Cooper na ligação ao RIVAL. 

“Passou pela minha cabeça que talvez eu deveria ligar para o Joel com o objetivo de fazer disso um momento interessante”, relembra Cooper. “E então eu peguei minha agenda de telefones no meu bolso, o que denota o quão primitiva era a nossa vida naquela época. Eu procurei pelo número de Joel, liguei para ele e, milagrosamente, ele atendeu ao telefone, em vez de sua assistente. Então eu disse ‘Oi, Joel, aqui é o Marty Cooper’ e ele responde ‘Oi, Marty,’. Logo em seguida, eu digo ‘Joel, estou te ligando de um telefone celular. Mas é um telefone celular de verdade, pessoal, portátil, que cabe nas mãos.’ O outro lado da linha ficou apenas em silêncio”, relatou o criador do celular sobre a sua pegadinha ao rival.

Inventado em 1973, o celular demora a se popularizar

Embora a invenção do celular tenha sido apresentada em 1973, demoraria, pelo menos, uma década até que o celular da Motorola, de fato o primeiro celular, chegasse ao mercado.

Assim, em 1983, começa o uso comercial do celular, que custava o equivalente a US$ 10 mil. Por isso, até mesmo Martin Cooper, o criador do DynaTAC 8000x não enxergava que sua invenção seria responsável por uma das maiores revoluções na comunicação.

DynaTAC 8000x

“Eu tenho que confessar que o uso global de celulares atualmente não era algo que eu imaginava em 1983, quando surgiram aqueles primeiros celulares caríssimos. Entretanto, tínhamos uma visão que de um dia o telefone seria tão pequeno que você poderia pendurá-lo na orelha ou até mesmo deixá-lo sob sua pele”, disse Cooper em 2003.

O senhor Cooper enxergava as coisas muito diferentes em 1983, pois pendurar celular na orelha ainda é algo inexistente, mas a sua criação, certamente, foi um marco para a história da humanidade.

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