Perturbador: relembre as icônicas e bizarras publicidades do PlayStation 2

Perturbador: relembre as icônicas e bizarras publicidades do PlayStation 2

“Bem-vindo ao terceiro lugar”. Essa é a frase proferida por um pato nada simpático em um trecho do lendário comercial do PlayStation 2 dirigido pelo renomado diretor David Lynch, conhecido pelo seu trabalho em Twin Peaks e Duna.

Com 1 minuto de duração, o comercial, lançado em 2000, dava o tom inicial de como seriam muitas das ações publicitárias envolvendo o PlayStation 2. As boas-vindas ao “terceiro lugar” foi só a ponta do iceberg do quão perturbador, afrontoso e ousado poderia ser a capacidade da Sony naquele momento em utilizar uma abordagem nada convencional para divulgar o PS2.

Neste artigo vamos relembrar alguns dos lendários cartazes publicitários do PS2 em idos dos anos 2000. 

Lar, trabalho e PlayStation 2

A geração de consoles em que o PS2 está inserido marca uma abordagem mais séria, em muitos momentos, bizarra, para impactar um público mais velho. A popularidade de jogos com narrativas mais maduras e temáticas adultas foram determinantes para dar o tom de posicionamento de mercado do PlayStation 2. E a maneira como a Sony comunicou isso foi um choque para a época.

O mote da campanha “Welcome the Third Place (bem-vindo ao terceiro lugar ) indicava um terceiro ponto de “acolhimento” para jogadores do mundo todo. Além da casa e trabalho, o PS2 seria esse reduto. O console seria o portal para outra dimensão.

E o próprio slogan utilizado em muitos cartazes fincava essa ideia de um compromisso firmado, algo sólido. O slogan era “wherever (onde quer que), whenever (sempre que) e forever (para sempre). Esse slogan esteve mais associado ao PSOne, mas a Sony reforçou o conceito no PS2.

Com o PS1, uma passagem interessante que reforça a ideia do slogan, é o comercial de um homem em uma academia pedalando em uma bicicleta ergométrica, rodeado por outras pessoas fazendo a mesma atividade, que deixa o exercício de lado e foca em jogar Tony Hawk. As pessoas ao redor seguem pedalando, mas estão completamente entretidas pelo jogo.

Outro mote da posição da Sony em seguir uma linha de divulgação mais provocativa era a frase que aparecia em inúmeros materiais promocionais do console: “Different Place. Different Rules (Lugar Diferente. Regras Diferentes).

Revele seus pensamentos mais íntimos

Uma das funções basilares de publicidade, independente da mídia em que ela será veiculada, é a capacidade de impacto. E nem sempre esse impacto é atingido utilizando o produto como destaque. A metalinguagem, a noção de evocar sentimentos e as mais diversas sensações podem advir de situações que, num primeiro olhar, não parecem fazer sentido com o tema central.

Em certos casos, para compreender a intenção da publicidade é preciso conhecer o conceito que levou aquela peça. Como a provocadora e, ao mesmo tempo, incrível, arte abaixo.

Lançada em 2006, e intitulada “PS2 Head”, a imagem mostra uma cabeça rachada ao meio. Passando a ideia de uma “fábrica de pensamentos”, esse interior é representado por inúmeras situações e insinuações, uma mais bizarra que a outra.

O site oficial da TWBA, agência de publicidade responsável por inúmeras dessas campanhas do PlayStation 2, diz que “nossas campanhas tentam capturar a essência do mundo PlayStation. Um mundo de experiências infinitas, um mundo onde você pode ser alguém novo a cada dia. Um universo paralelo onde você pode escapar da monotonia e do trabalho enfadonho do mundo real”. Tiveram até mesmo a ideia de criar uma espécie de senhor cabeça de batata, peça lançada em 2004. Amedrontador.

A frase criada pela agência associada a essa imagem é: “PlayStation é um universo onde você renasce e onde muda constantemente de personagem”.

Ou até mesmo essa arte veiculada em 2003. Que significado você daria pra ela?

Não dá para fazer um artigo sobre publicidade icônicas do PS2 sem citar a imagem que é a capa deste post. Gerenciada pela agência de publicidade BBDO, em sua unidade no Chile, e lançada em 2007, a arte poderia facilmente ser a capa de algum álbum de banda de Nu Metal. Destaco essa imagem por ser um exemplo claro de um trabalho primoroso de edição e manipulação de imagens a partir de uma foto capturada pelo fotógrafo Lautaro.

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A edição ficou sob responsabilidade do designer chinelo Ricardo Salamanca. Altamente premiado, Salamanca já fez trabalhos para inúmeras marcas, como Louis Vuitton, Coca-Cola, Corona e Mercedes. Com o PlayStation seu trabalho mais reconhecido é essa imagem que causa um enorme desconforto ao olhá-la por muito tempo. A imagem emula com o rosto em primeiro plano a ideia de um cubo mágico.

O trabalho é uma verdadeira aula de composição, com inúmeros elementos e uma abordagem altamente sombria. Em entrevista ao site Contrastes, Salamanca afirma que a publicidade precisa “desafiar e impactar”.

O artista chinelo também foi o responsável por outras artes de divulgação do PS2. Confira abaixo:

Olhar esse tipo de publicidade também levanta uma questão que é cada vez mais presente atualmente. Será que ainda é possível fazer certas coisas? Levando em consideração o contexto da amplitude das redes sociais e a cultura do cancelamento logo à espreita. Esse tipo de abordagem utilizada pela Sony é o recorte de uma época e também um contraste ao presente, em que muitas marcas não ousam mais na comunicação dos seus produtos. Deixando de lado ideias e conceitos que podem desagradar muita gente, aliado ao fato que muitos temas e abordagens perderam sua posição no mundo. E também mostra como a publicidade para o meio impresso utilizava de maneiras mais “agressivas” e de impacto para capturar a atenção e comunicar.

Qual sua opinião sobre isso? Deixe seu comentário abaixo.

Pra encerrar, mais algumas artes utilizadas pela Sony na divulgação do PlayStation 2:

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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