O dia em que Ayrton Senna visitou a SEGA: relembre a colaboração do lendário piloto no Super Monaco GP II

O dia em que Ayrton Senna visitou a SEGA: relembre a colaboração do lendário piloto no Super Monaco GP II

Em 1989, a SEGA lançou uma sequência para o Monaco GP. Acrescentando um Super ao início do nome, o game brilhou inicialmente nos arcades e depois no Mega Drive.

O nome do jogo já trazia um elemento altamente simbólico da Fórmula 1, o aclamado GP de Mônaco, uma das mais tradicionais corridas do calendário da Formula 1, e que completou 80 anos em 2023.

E se tem alguém que conheceu bem cada curva do circuito em Monte Carlo é o brasileiro Ayrton Senna. O piloto segue como o maior vencedor deste Grande Prêmio.

Curiosamente, no ano da estreia do jogo Super Monaco GP, Senna teve uma das suas vitórias mais impressionantes, guiando com maestria sua McLaren – mesmo com problema de câmbio na segunda metade da corrida -, a uma vitória acachapante, cruzando a linha de chegada 52 segundos à frente do segundo colocado, Alain Prost.

3 anos depois, com o lançamento do segundo Super Monaco GP, Senna foi um colaborador direto do game, a grande estrela daquele jogo. Neste artigo vou relembrar o dia em que Ayrton Senna visitou a SEGA.

“Produzido sob a supervisão de Ayrton Senna”

O dia em que Ayrton Senna visitou a SEGA

 

No dia 17 de julho de 1992, chegava ao mercado Ayrton Senna’s Super Monaco GP II. A continuação do Super Monaco GP tinha como destaque o envolvimento direto do piloto que já era tricampeão da Formula 1. A segunda tela que o jogador se deparava ao iniciar o jogo resumia essa parceira: “Produced under the supervision of Ayrton Senna” (produzido sob a supervisão de Ayrton Senna).

Senna era parte de uma estratégia estabelecida pela SEGA of America que visava trazer grandes nomes do esporte do ocidente, que endossariam os bons games produzidos pela companhia oriental. Tommy Lasorda, Pat Riley, Arnold Palmer e Joe Montana, eram outros atletas que tinham parceria com a SEGA.

A conexão entre SEGA e Ayrton foi estabelecida pela brasileira TecToy, empresa que foi a responsável por trazer oficialmente o Mega Drive para o Brasil. Como explica em seu site, “a TecToy teve a ideia e a iniciativa de aproveitar a popularidade do campeão para se fazer um game, projeto esse que foi levado para a SEGA no Japão, e claro, aceita de imediato – Senna era tão famoso lá no oriente como era aqui no Brasil”.

O dia em que Ayrton Senna visitou a SEGA

O primeiro contato da TecToy com a SEGA foi feito em março de 1991, e inicialmente a parceria foi recusada. Isso mesmo. A TecToy falou primeiro com a SEGA of America, que não curtiu a ideia. A ausência de popularidade da Formula 1 nos Estados Unidos fez com que a companhia não se interesse. O segundo contato foi direto com a matriz. No Japão, Senna era aclamado. A SEGA topou na hora!

Da mesma forma como dava seus pitacos para tentar refinar o carro que iria acompanhá-lo durante a temporada, Senna também deus seus toques para o time de desenvolvimento da SEGA.

Foi uma relação diferente do que a SEGA tinha com outras personalidades. Senna não queria ser apenas a imagem do jogo, contribuindo apenas com o aspecto publicitário. Senna opinou sobre os circuitos, apontando pontos de ultrapassagem, frenagem, e uma das pistas era o kartódromo da casa de campo do piloto. Foi o próprio Senna que descreveu como era a pista para o pessoal da SEGA.

O objetivo de Senna era garantir que Super Monaco GP II fosse o mais fiel possível às corridas de Formula 1. E ele foi pessoalmente à SEGA para garantir que tudo desse certo.

Garbo e elegâcia

No dia 16 de outubro de 1991, Senna e Stefano Arnhold, presidente da TecToy, visitaram a sede da SEGA, em Ōta, Tóquio. Quase que o encontro foi cancelado. A ideia inicial era que Senna chegasse de helicóptero, mas a proximidade do local com o Aeroporto Internacional de Tóquio (Haneda) impossibilitou isso.

Com esse impasse, o encontro ia ser desmarcado, mas um funcionário da Evadin, empresa japonesa que tinha relação com a Tectoy, sugeriu que Senna poderia ir de barco. E assim ele fez. Ao desembarcar do barco, o piloto precisava caminhar cerca de 40 metros para alcançar a sede da SEGA, mas foi imediatamente reconhecido pelas pessoas ao redor. A saída foi colocar Senna num carro para que ele pudesse chegar até o local.

A visita de Senna duraria 45 minutos, mas o frenesi de cerca de 400 funcionários da SEGA que presenciaram aquele momento, mudou completamente o cronograma. Os 45 minutos iniciais viraram 3 horas. Diversos funcionários tentavam entrar no escritório onde Senna estava reunido com o produtor de jogos Atsuhiko Nakamura.

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“Senna, é claro, não podia deixar a sede da SEGA sem disputar uma partida do GP Monaco. Para tanto, a empresa montou uma versão arcade do jogo dentro de dois bólidos de F-3. E tratou de arrumar um grande craque para disputar com o tricampeão. Senna, que não conhecia o jogo, largou mal. Bateu mais de uma vez em outros carros. O rival japonês, muito educado, esperou o piloto se livrar da confusão da largada. Senna o alcançou e ultrapassou. Nessas, o garoto o perdeu de vista para o resto do jogo. Senna mais uma vez campeão”, destacou a edição número 5 da revista brasileira SuperGame, de dezembro de 1991.

É claro que a imprensa local também cobriu a visita.

O dia em que Ayrton Senna visitou a SEGA

Assim como praticamente todos os games lançados na história, Super Monaco GP II enfrentou alguns problemas em relação ao prazo e custos, o que culminou em certas concessões. As dicas do Senna, inicialmente previstas para serem todas por voz, foram reduzidas, a maioria delas acabou chegando a versão final do produto em formato de texto. Mesmo com os entraves, o game foi um tremendo sucesso, agradando público e crítica. Senna foi creditado como Supervisor na versão Mega Drive, e Produtor nas versões para Master System e Game Gear.

Uma vitória inesquecível, um trófeu inesquecível

Os caminhos entre Senna e SEGA se cruzaram novamente em 1993, dessa vez em solo europeu. No dia 11 de abril daquele ano foi realizado o GP da Europa, também conhecido como XXXVIII Sega European Grand Prix, devido ao patrocínio da SEGA.

O vencedor levaria pra casa um espetacular trófeu com o Sonic em destaque.  Além desse trófeu personalizado, que representava o patrocínio da SEGA, o homem no ponto mais alto do pódio também levaria para casa a taça padrão da premiação. Senna foi o grande vencedor, imortalizando aquele dia com o momento em que ele ergue sobre sua cabeça o trófeu do Sonic.

Em certa medida, a vitória de Senna foi uma “água no chopp” da SEGA naquele dia, já que entre 1993 e 1994 a companhia patrocinava a escuderia Williamns. Tanto a pole quanto a segunda colocação no grid de largada daquela corrida em Donington Park foram ocupados por pilotos da Williams: Allan Prost e Damon Hill, respectivamente. Mas foi Senna, que largou na quarta colocação, que se sagrou campeão da corrida.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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