A Netflix precisa aderir a todos os tipos de regulamentações e acordos de licenciamento se quiser operar em um país. E é por isso que quando você faz uma viagem internacional o catálogo do serviço de streaming tem títulos diferentes daqueles a que você está normalmente habituado. Pode ser que uma determinada série ou filme que você esteja assistindo aqui no Brasil, por exemplo, não esteja disponível em um outro país.
Enquanto mercados, como os países da União Europeia, buscam apenas exigir que os serviços de streaming estrangeiros disponibilizem uma porcentagem do conteúdo produzido localmente, outros são muito mais rígidos.
Leia também
Netflix lança site que mostra os 10 conteúdos mais assistidos da plataforma
Graças ao sucesso de Round 6, Netflix cresce absurdamente na Ásia
Um bom exemplo de rigidez é a Rússia, que tem leis e regulamentações bem severas e pouco flexíveis. O país quer exigir que a Netflix se torne algo que nunca foi antes: um serviço de streaming de TV ao vivo transmitindo, pelo menos, 20 canais de TV estaduais a partir de março de 2022. É como se aqui ela fosse obrigada a transmitir a TV Câmara.
Siga o Hardware.com.br no Instagram
De acordo com o The Moscow Times (via WinFuture), a autoridade reguladora de internet e TV da Rússia, Roskomnadzor, adicionou a Netflix a uma lista chamada de “registro de serviços audiovisuais“. Os serviços nesta lista devem exibir pelo menos 20 canais de TV estaduais em seu portfólio, incluindo a estação de notícias NTV, a estação principal de interesse geral Channel One e a estação Spas, da Igreja Ortodoxa Russa.
Os críticos do governo afirmam que estes e outros canais são freqüentemente usados para fins de propaganda pró-governo. Esses requisitos entrarão em vigor a partir de março de 2022.
Os regulamentos também forçarão a empresa a registrar uma nova subsidiária russa no país. Talvez mais significativamente, a Netflix também terá que seguir disposições que proíbem a promoção do “extremismo”, que é uma restrição que, segundo os críticos, tem sido usada principalmente para dificultar a comunicação das oposições.
É óbvio que esses regulamentos se aplicam apenas à Rússia. Então a Netflix pode continuar seu programa usual em outras partes do mundo. Resta saber se a empresa está disposta a tolerar as restrições ou se vai optar por sair do país em resposta, se isso for mesmo economicamente viável.
Se seguir as novas regras, seria interessante ver a Netflix usando a tecnologia de transmissão ao vivo para transmitir canais de TV em outros mercados também. Seus experimentos de TV ao vivo na França podem ser uma boa base e mostrar que a empresa está muito interessada no conceito, embora provavelmente prefira servir seu próprio conteúdo.