Ferramentas que usam inteligência artificial para criarem imagens artísticas e até textos, como a Dall-E, Midjourney e ChatGPT, estão dando o que falar. Muitas pessoas estão preocupadas com a “mecanização da arte”. Alguns até acreditam que é só uma questão de tempo para a inteligência artificial tornar os profissionais criativos obsoletos. Pois bem, essa história acaba de ganhar mais um capítulo.
No finalzinho do ano passado foi lançado o site QuickVid. Ele usa vários sistemas de inteligência artificial, dentre eles o Dall-E, da OpenAI, para criar um vídeo curto com trilha sonora e até narração.
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Como funciona o QuickVid
O QuickVid funciona de maneira surpreendentemente simples. Ele é voltado para criadores de conteúdo que desejam aumentar sua produtividade. O site precisa apenas de uma palavra para criar o vídeo.
Com a palavra “em mãos” (ou nos servidores), o QuickVid escolhe um ou mais vídeos de bancos de vídeos armazenados na nuvem. Daí o texto a ser narrado é criado usando palavras-chave. A ferramenta também usa imagens relacionadas com o texto e as sobrepõe no vídeo. A maioria das imagens usadas foram feitas pelo Dall-E.
Por fim, o QuickVid adiciona uma narração sintética, com uma voz robotizada, e também pode acrescentar trilha sonora ou efeitos sonoros a partir da biblioteca de sons do YouTube.
Os vídeos gerados pelo QuickVid são exportados no formato vertical. Portanto, são ideais para serem postados em plataformas como Instagram Reels, TikTok e os shorts do YouTube. Segundo o próprio site, os vídeos gerados são totalmente automatizados e criados 10 vezes mais rápido do que uma pessoa seria capaz de fazer. Abaixo você confere um exemplo de um vídeo gerado pela ferramenta:
https://twitter.com/yeshvantbhavnas/status/1608953503422230528
Problemas do QuickVid e futuras atualizações
Tão logo foi lançado, o QuickVid levantou algumas questões. A primeira delas tem a ver com a praticidade e a simplicidade para se criar um vídeo. Nada de usar programas complicados para editar o vídeo ou mesmo gravar qualquer cena. Tudo é feito com material já disponível na internet. E aí entra a segunda questão.
Até que ponto o conteúdo produzido pelo QuickVid é autêntico? No momento, os vídeos usados são do Pexels. Como a biblioteca de vídeos gratuitos não é tão ampla, a ferramenta corre o risco de produzir conteúdo repetido e também impessoal. Ou seja, as chances de gerar conexão com a audiência são bem pequenas.
No entanto, o criador do QuickVid, Daniel Habib, em uma entrevista ao site TechCrunch, revela ter planos bem ambiciosos para a sua criação. Ele planeja novas opções de personalização para serem lançadas em breve. Além disso, no futuro os usuários poderão “clonar” sua voz para usá-las na narração. Isso torna os vídeos mais pessoais e com mais chances de viralizar nas redes sociais.
Por enquanto o QuickVid está apenas com uma lista de espera para os interessados em testar a ferramenta.
Como fica a questão dos direitos autorais?
Esse é um ponto que ainda não foi resolvido. A quem pertence os direitos autorais de um conteúdo gerado por inteligência artificial? Aos donos da plataforma? Ao usuário que deu os comandos para criação da imagem/vídeo/texto? Ainda não há nada decidido sobre isso.
Daniel Habib diz que os vídeos gerados pelo QuickVid podem ser usados e monetizados normalmente nas redes sociais. Mas, ao que parece, não é possível exigir nenhum tipo de proteção sobre os vídeos.
Isso significa que, na prática, qualquer pessoa poderá usar um vídeo seu (gerado pelo QuickVid) em seus próprios perfis no YouTube ou Instagram, por exemplo. Apesar de ser uma área de discussão relativamente nova, já há precedentes mostrando que é muito difícil que um conteúdo gerado por inteligência artificial esteja apto para ser protegido pelas leis de direitos autorais.
Fonte: TechCrunch