O que é inteligência artificial?

O que é inteligência artificial?

Inteligência Artificial (IA ou AI – artificial inteligence) é um dos termos mais que mais aparecem em publicações científicos, matérias da imprensa e em obras de ficção.

Mas afinal, o que é inteligência artificial? Primeiramente, o que é inteligência? É aquilo que seu primo mais velho teve ao passar naquele concurso público após estudar até se desgastar? Para quando haver uma reunião de família, surgir o momento constrangedor em que sua avó diz “fulano é inteligente, conseguiu passar em tal concurso e agora vai ganhar um bom dinheiro”.

Tenho certeza que isso já aconteceu com a maioria das pessoas, mas, talvez, as avós, avôs, tias, tios, pais e mães do mundo todo estejam confundindo inteligência com empenho ou esforço.

Inteligência, na verdade, possui uma definição ampla, como a capacidade de abstração, raciocínio, lógica, autoconsciência, capacidade de aprendizado, pensamento crítico e a habilidade de solucionar problemas.

Basicamente, inteligência pode ser descrita como a capacidade de compreender informação e retê-la como conhecimento para ser aplicada em comportamentos adaptativos em determinados comportamentos ou ambientes.

Comportamento adaptativo é um conjunto de habilidades que possibilita que as pessoas se adaptem às atividades de seu cotidiano no ambiente doméstico, escolar, profissional ou social.

Portanto, a Inteligência Artificial é um tipo de inteligência presente em máquinas, diferentemente da inteligência natural presente em seres humanos.

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Popularmente, o termo “inteligência artificial” é usado para descreve máquinas que conseguem reproduzir (ou imitar) funções cognitivas do ser humano associados à mente humana. Por exemplo, como citado no conceito de inteligência, a capacidade de aprendizado e resolução de problemas.

Entretanto, dois dos autores mais respeitados no campo da Ciência da Computação rejeitam esse termo, caracterizando-o como “modo de pensar humano”, em vez de agir racionalmente, ou seja, um dos fatores determinantes para a definição de inteligência.

Outro autor a define como a ciência de criar máquinas inteligentes, sobretudo programas de computadores com inteligência.

Iremos abordar sobre esses três autores, bem como outros renomados cientistas, no decorrer deste artigo, pois, com tantas definições para o termo, é necessário compreender, inicialmente, a sua história.

Introdução à história da Inteligência artificial e seu papel na ficção

Antes mesmo de existir a Alexa, a Siri e o Google Assistente, a inteligência artificial já existia, conceitualmente, desde a antiguidade, mas com mitos e rumores sobre seres artificiais dotados de inteligência ou consciência.

 

Na mitologia grega, por exemplo, há o mito de Talos de Creta, um gigante de bronze construído para ser guardião da ilha de Creta.

O gigante foi forjado por Hefesto, um dos deuses do Olimpo, e presenteado ao rei Minos, de Creta, e conseguia realizar funções militares assim como os humanos, percorrendo o perímetro total da ilha três vezes ao dia.

Para determinar Talos como o primeiro conceito de inteligência artificial da humanidade, basta entender o seu fim. O gigante foi derrotado por Jasão e os Argonautas após os guerreiros removerem seu único plugue onde ficava o fluido vital de Talos que garantia cognição ao gigante.

Séculos depois, no auge da alquimia, surgiram várias ideias de “homens artificiais”, criado por procedimentos extramente alucinados (vide Paracelso).

Mas foi somente no século XIX que começaram a surgir ideias sobre homens artificiais e máquinas pensantes, sendo o símbolo dessa época o livro Frankenstein, de Mary Shelley.

A partir desse período, a inteligência artificial se tornou um tema regular em obras de ficção científica, algo que permanece até hoje. No entanto, a pesquisa sobre o assunto e o seu desenvolvimento só apareceram no século seguinte.

Assim como outros grandes desenvolvimentos tecnológicos, o motivo do desenvolvimento inicial da IA foi o mesmo: A Segunda Guerra Mundial.

“Máquinas conseguem pensar?”

Você já ouviu falar em Alan Turing? Caso você seja um PC Gamer, pelo menos o sobrenome não lhe deve ser estranho. Mas se você nunca ouviu falar sobre essa pessoa, assista ao filme “O Jogo da Imitação” e leia este artigo aqui do site. 

Inteligência Artificial
Alan Turing

Enfim, Alan Turing foi um cientista britânico que, durante a Segunda Guerra Mundial, ajudou o exército britânico a sabotar máquina de criptografia Enigma, utilizada pelos nazistas para enviar mensagens codificadas.

Cinco anos após o final da maior guerra da história, Alan Turing publicou um artigo acadêmico intitulado “Máquinas de Computação e a Inteligência”.

Com apenas uma frase do artigo, Alan Turing, revoluciona pela segunda vez a história da computação: “máquinas conseguem pensar?”

Esse artigo, de 1950 –  publicado dois anos antes de o matemático ser condenado a castração química devido à sua homossexualidade (ser gay era crime no Reino Unido até 1967) – e o subsequente Teste Turing, estabeleceram as metas e visões fundamentais da inteligência artificial.

Portanto, essencialmente, IA é o ramo da ciência da computação que existe apenas para responder à pergunta de Alan Turing: “Máquinas conseguem pensar?”. A aspiração da inteligência artificial é replicar ou simular a inteligência humana em máquinas.

O interesse em máquinas pensantes a partir da década de 1950

Primeiramente, engana-se quem acredita que o avanço tecnológico está relacionado ao desenvolvimento social e financeiro.

Negativo, são os conflitos entre nações que impulsionam o investimento em novas tecnologias e o conceito de máquinas pensantes surge no período da Guerra Fria.

Quem já leu ou assistiu Watchmen deve se lembrar do arco do Dr. Manhattan, que se transforma em um ser superpoderoso graças a um acidente nuclear enquanto trabalhava em tecnologias nucleares durante a Guerra Fria.

Enfim, no início dos anos 1950, graças ao artigo de Turing, o tema de “máquinas pensantes” estava em voga, bem como “cibernética”, “teoria da automação” e “processamento complexo de informações”.

Os três termos citados acima sugerem uma variedade de orientações conceituais, contando com cientistas de várias áreas (psicologia, matemática, engenharia, economia e ciência política), que começaram a debater sobre a possibilidade de criar um cérebro artificial.

Assim, na segunda metade da década de 1950, o campo da inteligência artificial se torna uma disciplina acadêmica.

Inteligência artificial como um campo de estudos

A principal obra sobre Inteligência Artificial é o livro “Artificial Intelligence: A Modern Approach” dos autores Stuart Russell e Peter Norvig, que abordam o tema de agentes inteligentes em máquinas.

Em 1955, John McCarthy, um jovem professor de matemática da Universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos, decidiu organizar um grupo de estudos para debater e desenvolver ideias sobre máquinas pensantes.

McCarthy escolheu o termo “Inteligência Artificial” para a nova área de estudo devido, segundo o próprio cientista, a sua neutralidade, que evitava o foco na teoria cibernética e dos autômatos. Essa foi a primeira vez que o termo foi usado.

Inteligência Artificial
Os 11 pais da Inteligência Artificial.

Inteligência artificial, atualmente, engloba uma variedade de subcampos de estudo, gerais, como aprendizado e a compreensão, aos específicos, como jogar xadrez, escrever poesia, dirigir um carro e diagnosticar doenças.

Com esse conceito, Russell e Norvig definem a Inteligência Artificial como o “estudo de agentes que recebem percepções do ambiente e assim executam tarefas”.

Os quatro atributos que definem a Inteligência Artificial

Russell e Norvig, com base no teste de Turing, exploram os quatro atributos que definem o conceito de Inteligência Artificial, são esses:

  • Pensar igual aos humanos
  • Pensamento racional
  • Agir de maneira humana
  • Agir de maneira racional

As duas primeiras ideias do Teste de Turing se relacionam com os processos de pensamento e raciocínio, enquanto as duas segundas lidam com os processos de comportamento. Segundos os autores, os quatro requisitos do teste de Turing são o que permitem um agente a agir de maneira racional.

Inteligência Artificial

Essas definições ajudam a criar uma área da ciência da computação, além de fornecer a base para criação de máquinas e programas com elementos de inteligência artificial.

Com isso nascem os quatro tipos de inteligência artificial em máquinas. A primeira é a reativa, que segue os princípios mais básicos, capaz apenas de usar sua inteligência para perceber e reagir ao mundo ao seu redor. Além disso, uma máquina reativa não pode armazenar uma memória de suas ações e, portanto, não se aperfeiçoa recorrentemente.

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Inteligência Artificial

Em seguida, temos as máquinas de memória limitada, que podem armazenar dados, conseguindo prever ações futuras e aperfeiçoar a sua inteligência artificial.

As duas últimas são apenas conceitos, porque a humanidade (ainda bem) não conseguiu produzi-las. São elas a Teoria Mental, o próximo passo da inteligência artificial, indicando que máquinas poderiam ter, também emoções.

Inteligência Artificial
O jogo Detroit: Become Human aborda o tema de IAs com emoções e consiências próprias.

Por fim, há a autoconsciência, o que, em tese, indica que a inteligência artificial possuiria consciência assim como humanos, compreendendo sua existência no mundo,  bem como a presença e o estado emocional de outras pessoas. Quem já jogou Detroit: Become Human sabe o quão perigoso isso pode ser.

Usos e exemplos de inteligência artificial

Essa parte, caso você possua um conhecimento médio no universo da tecnologia, é bem fácil, pois convivemos com a inteligência artificial o tempo inteiro.

Atualmente, a inteligência artificial é um sistema de computador capaz de executar tarefas que anteriormente exigiriam o uso da inteligência humana. Grande parte das IAs existentes são criadas através de machine learing ou deep learing.

Há duas categorias amplas para definir a inteligência artificial: IA Fraca e IA Forte.

Inteligência Artificial
Uma IA forte vs uma IA fraca. Por exemplo, um robô com consciência vs um mecanismo de buscas online.

A inteligência artificial fraca é aquela que opera em um contexto limitado, sendo uma simulação da inteligência humana, cujo foco é executar uma única tarefa. Essas máquinas são operadas de maneira bem mais básica e limitada que a segunda categoria, a IA Forte.

A inteligência artificial forte é aquilo que a humanidade possui, ao mesmo tempo, fascínio e temor. É o tipo relacionado às máquinas com inteligência geral, portanto ilimitada, mais próxima da inteligência humana.

No entanto, não confunda os termos como algo pejorativo, pois a inteligência artificial fraca é responsável por criar a maioria dos produtos com IA que usamos, como os assistentes pessoais, os mecanismos de busca, como o Google, e até mesmo os carros autônomos.

Inteligência Artificial
Os carros autônomos utilizam IA fraca para tarefas específicas, como identificar obstáculos em seus trajetos.

Isso porque a maioria desses produtos foram aperfeiçoados por evoluções nos campos de machine learning e deep learning.

Enquanto isso, a Inteligência Artificial Forte, ainda bem, não foi popularizada ainda, graças a dificuldade envolvida em sua criação, pois é necessário um algoritmo universo para agir e compreender todo e qualquer ambiente.

Ultron, vilão do segundo filme dos Vingadores, é um exemplo de IA Forte que deu errado.

Além disso, uma IA forte representa a criação de uma máquina com variados conhecimentos e habilidades cognitivas, como representadas nas obras de ficção científica.

Considerações finais

Segundo especialistas, vai demorar um bom tempo até chegarmos na época em que robôs consigam se passar por  humanos.

Enfim, caso você tenha fascínio pelo que a Inteligência Artificial pode alcançar no futuro, assista Star Trek, Wall-e, O Jogo da Imitação e uma mente brilhante. Por outro lado, caso você seja uma pessoa com medo do que o futuro possa vir a ser, evite obras como Black Mirror, Ex-Machina e Eu, Robô.

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