Elon Musk teve que desembolsar US$ 44 bilhões para adquirir o Twitter. Mesmo para o homem mais rico do mundo, esse é um valor considerável. Por isso, ao assumir o cargo de CEO da plataforma, uma das prioridades do empresário é tornar o Twitter uma rede social rentável.
E uma das primeiras ações nessa direção é a cobrança de uma mensalidade de US$ 20 pelo Twitter Blue. Caso você não se lembre, o Twitter Blue é um serviço de assinatura premium da rede social. Ao ser assinante, o usuário ganha algumas funções extras, como por exemplo: editar tweets e personalizar abas. Atualmente a assinatura do Twitter Blue custa US$ 4,99 (R$ 26 em conversão direta).
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No entanto, Elon Musk planeja aumentar o valor da assinatura para US$ 20 (cerca de R$ 105 em conversão direta). Além das vantagens já fornecidas pelo Twitter Blue, os pagantes vão ganhar também o selo de verificação, ou seja, aquele selinho azul que é dado para contas grandes e importantes.
Usuários verificados serão obrigados a pagar
Outro detalhe é que se você já tem uma conta verificada no Twitter, será obrigado a assinar o Twitter Blue. Caso contrário, perderá o selo de verificação. Segundo site Plataform, a atualização para o Twitter Blue (com o novo valor e novas regras) será liberada no dia 07 de novembro.
A partir dessa data, os usuários verificados terão um prazo de 90 dias para iniciar a assinatura. Caso contrário, o selo de verificação será removido.
O site Plataform ainda informou que, segundo sua fonte, a equipe encarregada dessa atualização trabalhou no último final de semana e está trabalhando inclusive à noite. Tudo isso para deixar tudo pronto até o dia 07 de novembro. Caso contrário, toda a equipe será demitida. Deve ser uma delícia trabalhar para o Elon Musk.
Um detalhe curioso nisso tudo é que o Twitter Blue só está disponível em quatro países, a saber: Austrália, Canadá, Estados Unidos e Nova Zelândia. Por outro lado, o Twitter possui usuários verificados em todo o mundo.
Não creio que essa novidade chegará apenas para os quatro países onde o Twitter Blue já foi lançado. Acredito que no dia 07 de novembro, o Twitter Blue e suas novas regras serão lançados globalmente. Mas esse é apenas um palpite da minha parte.
Selo de verificação e a desinformação
O selo de verificação existe justamente para dar mais segurança aos usuários. Por meio dele, sabe-se que aquela conta específica é legítima. E isso vale para todos, inclusive para órgãos governamentais e empresas multinacionais. Porém, ainda não sabemos como essa reformulação nos selos de verificação vai funcionar para esses dois tipos de perfis.
O fato é que a remoção dos selos de verificação de órgãos governamentais aumenta os riscos de desinformação e distribuição de fake news. Não importa se o tweet é da Prefeitura do município de Serra da Saudade ou do presidente da Rússia, Vladimir Putin. O selo de verificação é a oficialização da palavra de um governo ou entidade.
Portanto, remover o selo de verificação de entidades e órgãos governamentais pode prejudicar o acesso à informação por parte da população. E até mesmo prejudicar a apuração jornalística em determinados casos.
Imagine outro cenário. Em casos de tragédias naturais, como enchentes ou terremotos, e até mesmo em casos de guerra, como acontece agora na Ucrânia, a agilidade do Twitter é perfeita para divulgar informações.
Um governo pode divulgar rapidamente a situação do local atingido pela catástrofe natural. Informar qual a situação das pessoas, locais afetados e dificuldades enfrentadas. E o que é postado pelo perfil oficial pode ser corroborado pelos relatos dos moradores. Os selos de verificação também podem reforçar qual o posicionamento de governos em determinadas situações. Querendo ou não, tudo isso marca um registro histórico do cenário e da época.
Portanto, na minha visão, os selos de verificação são importantes para diminuir a desinformação, que prejudica tanto o jornalismo como a população em geral.
Obrigatoriedade da taxa é ruim para criadores de conteúdo
O fácil acesso à internet de alta velocidade e a popularização das redes sociais acabou dando origem a uma nova fonte de renda para algumas pessoas. São os chamados influenciadores digitais. E para esse tipo de profissional a obrigatoriedade do pagamento do Twitter Blue também é ruim.
O motivo para isso é simples. Diferentemente de outras redes sociais, como YouTube, Instagram, TikTok e Twitch, o Twitter não dispõe de nenhum sistema de parceria com os criadores de conteúdo. Para os digital influencers, é muito melhor se focar nas plataformas mais rentáveis.
O Twitter até criou o Super Follow. Trata-se de um sistema de assinatura onde os seguidores podem ter acesso a conteúdo exclusivo dos criadores de conteúdo. Mas o recurso só está disponível em quatro países e em nenhum deles possui relevância.
Portanto, para qualquer criador de conteúdo, seja ele pequeno, médio ou grande, não compensa pagar para ter o selo de verificação. Simplesmente porque a plataforma não valoriza todo o trabalho que é feito. Afinal de contas, demanda tempo produzir conteúdo autêntico e de qualidade, em qualquer plataforma que seja.
E quer você goste ou não, os influenciadores digitais são fundamentais para as redes sociais. Tudo o que uma rede social quer é que as pessoas passem o máximo de tempo possível nela. Para que isso aconteça, é preciso que existam criadores de conteúdo produzindo conteúdo de qualidade e segurando a atenção das pessoas dentro da plataforma.
Para você ter uma ideia, o Spotify gastou US$ 200 milhões para que o podcast do Joe Rogan fosse exclusivo da plataforma. Em outras palavras, a maneira mais fácil e rápida de lucrar com uma rede social é investimento nos criadores de conteúdo. E não obrigando as pessoas a pagar por um selo de verificação.
Fontes: Plataform, Tech Crunch e The Verge