Conta aí pra gente: Você sente saudade das locadoras?

O Conta ai pra gente é um quadro fixo aqui do Hardware.com.br em que, ocasionalmente, trazemos alguns temas para que você interaja conosco nos comentários. A bola da vez são as locadoras. Elas tecnicamente não acabaram, mas não representam mais o que foram no passado, a ponta de lança para tomar conhecimento com filmes e jogos.

Resolvi trazer esse tema porque recentemente estava lembrando da época em que eu era um assíduo frequentador de locadoras. Peguei aquele finalzinho do VHS (como era chato rebobinar as fitas antes de entregar) e vivi com intensidade a era da locação de DVDs. Lembro desses anos com um misto de saudade e nostalgia. Mas que fique bem claro, eu jamais trocaria o panorama atual, a facilidade de acessar uma infinidade de conteúdo a um clique pela obrigatoriedade de ter que me deslocar até uma locadora e ficar caçando algo pra assistir.

Em muitas circunstâncias, o efeito da nostalgia pode ser tão forte que gruda na pessoa um sentimento de que tudo do passado era melhor, todos os costumes e práticas vividas em determinado momento são sempre superiores à atualidade. Discordo frontalmente disso. Cada caso é um caso. E nessa batalha entre locadora x streaming, eu me abraço às plataformas.

No entanto, as locadoras conseguiam entregar uma experiência que o streaming não consegue. Quem viveu isso sabe. Passar pelos corredores olhando as capas, pegando algumas delas e lendo as sinopses, ou até mesmo interagindo com outros visitantes, trocando ideias sobre os filmes, era muito legal. Cansei de ir à locadora, sem ter nenhuma ideia do que iria locar, e sair de lá com algum filme que foi a indicação de alguma pessoa que eu nunca tinha visto na vida, mas que me convenceu pelo entusiasmo de como falou sobre aquela produção.

por que as video locadoras acabaram

Visitar as locadoras também acabou me transformando num apreciador da mídia física. Por um bom tempo eu tive uma coleção mediana de DVDs e de Blu-Rays. A iniciativa de comprar esses discos foi formada totalmente pelo hábito de olhar tantas capas de filmes nas prateleiras, prontinhas para serem locadas.

Nessas minhas andanças como “batedor de ponto” em locadoras, fiquei com uma frustração que carrego até hoje. Jamais fui a uma Blockbuster, e seguirá assim, já que há somente uma unidade ainda ativa dessa que chegou a ocupar a posição de maior rede de locadoras do mundo. Em seu melhor momento, a empresa tinha 10.000 unidades ao redor do globo, incluindo pontos em São Paulo e RJ.  É impressionante como o trabalho bem feito de uma marca pode elevar aquilo a outro patamar. Eu poderia locar o mesmo filme em outra locadora, mas o nome Blockbuster tinha um peso diferente, despertava uma vontade de dizer que foi locado lá.

americanas express blockbuster

Todas as locadoras que passei eram aquelas de bairro, em sua maioria, pequenas, mas caprichadas em material para locar. Em uma delas, próximo de casa, na baixada fluminense do Rio de Janeiro, cheguei a conversar algumas vezes com a proprietária e ela me contou alguns causos, como, por exemplo, os problemas que ela enfrentava com pessoas que não devolviam a fita ou o disco, e também o golpe que muitos aplicavam em fitas do Super Nintendo disponíveis em seu estabelecimento. Algumas pessoas abriam a fita e trocavam a placa lógica de um jogo por outro. Exemplo, alugava Mortal Kombat e trocava por um jogo de menos expressão.

Lembro também que algumas locadoras que frequentei passaram a locar DVDs piratas em determinado momento, já era o ponto que destacava o declínio e o iminente apagar das luzes.

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Seguir de pé com uma locadora hoje em dia é um trabalho hercúleo. Aqui no Rio de Janeiro uma referência nesse quesito é a locadora Storm, localizada na Galeria Castelinho, na rua Gomes Carneiro, entre Ipanema e Copacabana, na Zona Sul do RJ. Em entrevista ao Extra, o proprietário José Carlos Alves Menezes, de 61 anos, conta que, nos tempos de glória, alugava mais de quatro mil filmes por mês, atualmente ele consegue locar mensalmente cerca de 400 títulos. O preço definido para locar é R$ 7, e o cliente tem até sete dias para devolver.

Com um acervo de 25 mil DVDs, a locadora ainda consegue se manter de pé graças ao apoio de clientes fiéis, que valorizam aquele espaço, e graças a oferta de opções de filmes que não estão disponíveis para assistir no streaming. A base de clientes é dividida entre idosos, estudantes de cinema e cinéfilos. Bem nichado.

Algumas locadoras que ainda seguem de pé também apostam em algum atrativo que vá além da locação. A 20th Century Flicks Video Shop, localizada em Bristol, na Inglaterra, que detém o título de locadora mais antiga do mundo (foi inaugurada em 1985), oferece um serviço de cinema para até 18 convidados. Você pode reservar o filme e assistir lá mesmo.

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As locadoras representaram pra mim um momento importante, o primeiro contato com filmes e jogos que eu sigo gostando até hoje. E vou confessar uma coisa, hein. Se ainda houvesse alguma locadora perto da minha casa, daria um pulo lá uma vez ou outra.

E você? Sente saudade das locadoras? Conta aqui pra gente nos comentários sua relação com esse estabelecimento que marcou gerações.

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Editor-chefe no Hardware.com.br. Aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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