Polêmica! Google desiste de exibir comercial da Gemini escrevendo carta para atleta

Polêmica! Google desiste de exibir comercial da Gemini escrevendo carta para atleta

O Google está enfrentando uma onda de críticas após o lançamento de seu anúncio “Dear Sydney” durante a cobertura das Olimpíadas. A propaganda, que foi feita inicialmente com o intuito de mostrar as capacidades de sua nova ferramenta de IA, a Gemini, acabou gerando um efeito contrário ao esperado, levando a empresa a retirar o anúncio do ar.

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O anúncio “Dear Sydney”

A premissa inicial do anúncio é semelhante a muitos outros que exploram o tema emocional dos Jogos Olímpicos: a busca por inspiração e a ligação entre ídolos e admiradores.

A propaganda, que tem 60 segundos, começa de uma forma bem emocionante, com um pai que narra como sua filha gosta de corrida e como a atleta Sydney McLaughlin-Levrone, uma estrela do atletismo americano, é sua inspiração.

Esse pai deseja ajudar sua filha a escrever uma carta para a atleta, falando um pouco sobre essa inspiração, dizendo que a menina provavelmente é a fã número 1 de Sydney. Mas as coisas começam a despencar quando, ao invés de sentar com a menina e ajuda-la a se expressar, o pai resolve pedir para que a IA do Google, Gemini, faça isso, para que “saia tudo perfeito”.

No anúncio, a IA é solicitada a escrever sobre como Sydney é inspiradora e até incluir uma piada no final. A ideia era mostrar como a tecnologia pode ajudar a iniciar um processo criativo, mas a execução parece ter perdido o alvo, gerando uma forte reação negativa do público.

Reações foram bem negativas

Gemini

Desde a estreia, o anúncio foi duramente criticado nas redes sociais, onde muitos espectadores expressaram seu descontentamento com a mensagem do comercial. A principal crítica é justamente que a propaganda acaba tirando uma parte importante do propósito de escrever uma carta de fã, que é criar uma conexão verdadeira entre esse fã e o seu ídolo.

Não é um e-mail corporativo que precisa ser totalmente certo, de uma forma cimentada e sem erros. É apenas uma carta escrita por uma garotinha para o seu ídolo, que certamente não ligaria para erros gramaticais ou coisas do tipo.

A colunista do Washington Post, Alexandra Petri, escreveu uma crítica bem dura, afirmando que sente vontade de “jogar uma marreta na televisão” toda vez que vê o anúncio. Outros críticos também ressaltaram que o anúncio parece promover o caminho mais fácil, em vez de incentivar a autoexpressão e a vulnerabilidade, que são aspectos essenciais de uma carta pessoal.

Resposta do Google em relação ao Gemini

Gemini

Em resposta à reação negativa, o Google divulgou uma declaração reconhecendo o feedback do público, mas enfatizando que a intenção do anúncio não era sugerir que a Gemini pudesse substituir completamente a interação humana.

O objetivo, segundo a empresa, era demonstrar como a Gemini pode servir como ponto de partida ou inspiração para aqueles que buscam ideias para a escrita.

O Google destacou que a Gemini não se destina a substituir a criatividade humana, mas sim a oferecer suporte na geração de ideias iniciais, especialmente em contextos profissionais, como a redação de e-mails de negócios.

Uma questão de contexto

O incidente com o anúncio “Dear Sydney” não é um caso isolado de grandes empresas de tecnologia enfrentando críticas ao tentarem promover a inteligência artificial. Recentemente, a Apple também recebeu críticas por seu anúncio “Crush”, que mostrava ferramentas criativas sendo esmagadas em um novo iPad. Esses exemplos mostram uma crescente preocupação sobre como a tecnologia e a IA estão mudando a dinâmica do trabalho criativo.

Agora, é muito mais do que apenas “a IA vai roubar empregos”. A inserção massiva dessa tecnologia em diversos aspectos do cotidiano, principalmente no campo criativo, vem gerando uma série de preocupações. Nesse caso, a crítica ao Google é relacionada a como essa tecnologia é mostrada em situações em que a conexão humana é importante.

Enquanto as empresas de tecnologia continuam a desenvolver e promover novas ferramentas de IA, elas precisam ser sensíveis às preocupações do público e ao contexto emocional em que essas tecnologias são apresentadas.

Agora, mais do que nunca, as pessoas estão buscando cada vez mais conexões autênticas, e isso vem se tornando cada vez mais importante. A escrita pessoal, com suas imperfeições e sinceridade, é uma forma poderosa de estabelecer essas conexões, e pelo visto as pessoas ainda não estão preparadas para perder isso para IA.

Ainda bem.

Fonte: The Verge

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