O Japão decidiu adotar uma estratégia um tanto quanto diferente para combater a pirataria de animes e mangás, um problema que vem causando prejuízos bilionários para essa indústria cultural. A agência cultural do país anunciou que utilizará tecnologias de inteligência artificial para identificar e combater a distribuição ilegal de conteúdos pela internet.
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De acordo com o órgão, atualmente a detecção de conteúdos pirateados é feita manualmente pelos detentores de direitos autorais, o que exige um enorme volume de recursos humanos. No entanto, devido ao aumento exponencial da pirataria, essa tática se tornou insuficiente. Existem mais de mil sites que distribuem mangás ilegalmente, dos quais cerca de 70% oferecem traduções para idiomas como inglês, chinês e vietnamita, ampliando o alcance da pirataria.
Para enfrentar essa realidade, o governo japonês decidiu implementar um projeto piloto que visa automatizar a identificação desses conteúdos, usando IA treinada para localizar textos e imagens pirateadas. Segundo Keiko Momi, representante da agência cultural, a ideia é inspirada em soluções similares utilizadas pela Coreia do Sul. Caso o projeto obtenha bons resultados, essa tecnologia pode ser expandida para proteger também outros setores, como a música e o cinema.
O investimento inicial para esse projeto é de 300 milhões de ienes (equivalente a aproximadamente R$ 12 milhões), e faz parte do orçamento adicional da agência cultural para o ano fiscal vigente, que termina em 31 de março de 2025. A expectativa é que, com a ajuda da IA, seja possível melhorar significativamente a proteção dos direitos autorais e, assim, reduzir os impactos da pirataria sobre uma das indústrias culturais mais importantes do país.
Essa iniciativa mostra a preocupação crescente do Japão em proteger seu mercado de animes e mangás, que é não apenas uma fonte significativa de receita, mas também uma parte fundamental da identidade cultural japonesa. A automação da detecção de conteúdo ilegal é vista como um passo necessário para acompanhar a escala e a velocidade em que a pirataria se prolifera na internet.
Com a implementação deste novo sistema, o Japão se junta a outros países que estão utilizando tecnologia de ponta para proteger a propriedade intelectual e assegurar que a criação cultural continue sendo economicamente viável e valorizada. Essa medida pode abrir precedentes para outras indústrias afetadas pela pirataria e servir como um exemplo de como a inteligência artificial pode ser usada de maneira proativa para enfrentar desafios globais.