Após solicitar aos seus fornecedores para não comprar componentes da região de Xinjiang, na China, hoje (23), a Intel pediu desculpas ao país por essa alegação.
Em seu perfil na rede social chinesa Weibo, a Intel esclarece que a instrução aos fornecedores foi dada para esses trabalharem de acordo com a nova legislação do governo americano. Contudo, a Intel afirmou que a decisão não representa o posicionamento da companhia.
Em um relatório corporativo do biênio 2020–2021 a Intel informa o seguinte:
“Desde o ano passado [2021], múltiplos governos impuseram restrições em produtos oriundos da região de Xinjiang, na China. Nossos investidores e clientes nos perguntaram se a Intel compra bens ou serviços daquela região, mas, após conduzir uma diligência apropriada, nós confirmamos que a Intel não usa nenhum tipo de bens ou serviços advindos da região de Xinjiang”.
Na semana passada, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um decreto que proíbe importações de produtos fabricados na região de Xinjiang e impõe sanções em empresas e indivíduos responsáveis pelo trabalho forçado dos Uigures.
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Portanto, a Intel, por ser uma empresa americana, não pode comprar componentes fabricados na região de Xinjiang.
Mas, hoje, a empresa se desculpou “pelos problemas causados aos seus clientes, parceiros e a todo o público chinês”, ressaltando que a Intel mantém o compromisso de se tornar um parceiro tecnológico do país e acelerar o desenvolvimento de ambas as partes com a China.
Contudo, o jornal Global Times, controlado pelo governo da China, afirmou que as instruções da Intel aos fornecedores são “absurdas”, informando que 26% do lucro de 2020 da empresa americana veio da China e de Hong Kong.
“O que precisamos fazer é impor preços muito mais caros às companhias que ofendem a China para que, portanto, eles diminuam seus lucros”, afirmou o editorial do Global Times.
Entenda o comentário da Intel sobre o trabalho forçado na China
A região de Xinjiang é um dos principais focos de tensão geopolíticos da atualidade, pois o governo da China é acusado de cometer crimes contra a humanidade em Xinjiang.
Situada no noroeste da China, Xinjiang é habitada pela minoria étnica Uigur, de religião muçulmana, que sofre abusos do governo chinês, como trabalho forçado e vigilância.
Na semana passada, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um decreto que proíbe importações de produtos fabricados na região de Xinjiang e impõe sanções em empresas e indivíduos responsáveis pelo trabalho forçado dos Uigures.
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Portanto, a Intel, por ser uma empresa americana, não pode comprar componentes fabricados na região de Xinjiang.
O comentário da Intel já afetou a empresa no país. Um dos garotos-propagandas da Intel na China encerrou seu contrato com a empresa para proteger o interesse nacional do país.
Além disso, internautas chineses infestam a página da Intel com comentários nacionalistas, criticando a empresa americana e ameaçando o patrocínio da Intel nos Jogos Olímpicos de Inverno, que ocorrerão em fevereiro de 2022, em Pequim.