Fabricante de drones DJI entra para a lista negra do governo dos EUA

Fabricante de drones DJI entra para a lista negra do governo dos EUA

A DJI, fabricante chinesa de drones de diversos modelos, entrou para a lista negra do governo dos EUA com mais sete empresas chinesas.

Aliás, a DJI é a maior fabricante de drones comerciais do mundo, contando com lojas até mesmo no Brasil.

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No entanto, a empresa entrou para a lista negra de investimentos dos EUA pelo seu envolvimento na vigilância dos Uigures, minoria étnica presente no noroeste da China, na província de Xinjiang.

Em Xianjiang, há cerca de 12 milhões de Uigures, cuja maioria é muçulmana e falam seu próprio idioma. Por isso, os Uigures se consideram mais próximos dos países vizinhos do que da China. Além disso, eles correspondem por quase a metade da população de Xianjiang.

Antes, eles eram a maioria, mas, nas últimas décadas, houve um movimento de migração em massa de chineses da etnia Han (maioria do país) em Xiajiang. Essa migração, supostamente, foi orquestrada pelo governo chinês para diluir as minorias, sobretudo os uigures.

Desde 2014, o governo da China persegue os Uigures, cometendo atos que vão contra os direitos humanos, como esterilização e trabalho forçado. Além disso, em 2017, a China criou campos de detenção que abrigam mais de um milhão de Uigures.

Militares chineses em treinamento com drone. O drone acima é o Mavic 2, fabricado pela DJI.

Nos últimos anos, governos de países ocidentais implementam sanções contra empresas chinesas que atuam sob o comando do governo para vigiar e punir as minorias e os dissidentes.

O Tesouro dos EUA, portanto, inseriu hoje (16) a DJI e outros grupos em sua lista negra de “Empresas do complexo militar-industrial da China”. Desse modo, investidores americanos estão proibidos de investir nessas empresas.

Decisão dos EUA proíbe cidadãos de comprar ações da DJI

“Hoje, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos identificou oito empresas chinesas do setor tecnológico que se enquadram nos termos da Ordem Executiva 13959. Essas oito entidades ativamente deram suporte à vigilância biométrica e ao rastreio de minorias étnicas e religiosas na China, particularmente a minoria predominantemente muçulmana Uigur, em Xianjiang. Como resultado da medida de hoje, cidadãos estadunidenses estão proibidos de vender ou comprar ativos públicos que possuam vínculos com essas empresas”.

Sobre a DJI

“A SZ DJI Technology Co., LTD (SZ DJI) opera, ou operou, no setor de vigilância tecnológica da economia da República Popular da China. A SZ DJI forneceu drones ao Departamento de Segurança Pública de Xinjiang, que foram usados para monitorar os uigures em Xinjiang. O Departamento de Segurança Pública de Xinjiang foi apontado anteriormente, em julho de 2020, com base na Ordem Executiva 13818, por ser responsável por atuar, direta ou indiretamente, em abusos graves de direitos humanos”.

Como descritos nas partes dos decretos acima, o governo dos EUA afirma, portanto, que a DJI participou diretamente de crimes contra a humanidade.

A DJI, por sua vez, através do porta-voz Adam Lisberg não comentou sobre a decisão de hoje, mas fez uma referência às sanções que a DJI sofreu dos EUA no ano passado.

“A DJI não fez nada que justifique sua presença na Entity List do Departamento de Comércio. Nossa empresa sempre focou em construir produtos que salvam vidas e beneficiem a sociedade. A DJI e seus funcionários continuam com o compromisso de oferecer a tecnologia mais inovadora aos nossos clientes. Estamos avaliando opções para assegurar que os nossos clientes, parceiros e fornecedores sejam tratados de maneira justa”.

A DJI, após a sanção do governo dos EUA, iniciou uma série de postagens sobre as características positivas no uso de drones. A empresa ainda lançou a hashtag #DronesHelp (Drones ajudam).

Enfim, a guerra diplomática e comercial entre os EUA e a China está tão grave que os americanos anunciaram um boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, que acontecerá em Pequim.

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