Na semana passada, o Meta suspendeu os anúncios contendo propaganda pró-Rússia no Facebook, mas a China, através da CGTN, também estatal, encontrou uma saída.
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De acordo com o site Axios, neste mês, o conglomerado de mídia estatal da China publicou 21 anúncios pagos no Facebook, majoritariamente vídeos de transmissões jornalísticas sobre a guerra, ou anúncios de autoridades chinesas.
Não é nenhum segredo que o principal aliado da Rússia é a China, que provou isso ao apoiar invasão à Ucrânia. Além disso, o governo chinês culpa os EUA e a OTAN pela invasão.
Desse modo, a China se alia ao argumento de Putin sobre os reais causadores do conflito, transmitindo informações extremamente parciais via sua TV.
A CGTN (China Global TV Network) possui 118 milhões de seguidores no Facebook e 2,4 milhões no Instagram!
Curiosamente, o Meta é proibido na China e portanto Facebook, WhatsApp e Instagram não funcionam no país. No entanto, a mídia da China usou o Facebook para apoiar a Rússia, direcionando para outros países.
China mira atingir usuários do Facebook em Hong Kong e em países vizinhos da Rússia
Embora o Meta não informe o quanto o governo da China gastou em anúncios, além de não especificar o público-alvo da propaganda em favor da Rússia, a matéria do Axios conseguiu descobrir.
De acordo com o site, os anúncios foram mostrados para usuários do Facebook em Hong Kong. Além de Hong Kong, a CGTN mira usuários de países da Ásia Central que fazem fronteira com a Rússia. Entre esses países estão o Azerbaijão, o Cazaquistão, o Uzbequistão, o Turcomenistão e o Tajiquistão.
Como dito acima, a maioria dos anúncios no Facebook são vídeos de matérias da estatal da China com teor em favor da Rússia, anti-OTAN e, sobretudo, aliviando a barra das ações do exército russo na Ucrânia.
A China chama a invasão russa de “Operação Especial da Rússia na Ucrânia”, como descrito na imagem abaixo.
Especialistas criticam o posicionamento do Meta — que não quis revelar o quanto a China gastou no Facebook —, pois a empresa combate a desinformação apenas nos EUA, deixando o resto do mundo sem as mesmas proteções.
O próprio presidente de Assuntos Globais do Meta, Nick Clegg, concordou que a empresa dona do Facebook não consegue equilibrar o pendulo da informação livre com a enxurrada de informação falsa.
“Estamos em uma situação completamente sem precedentes… o que não é algo que ocorre apenas conosco [Meta], mas com muitas outras empresas do setor de tecnologia, que estão implementando essas medidas extremamente excepcionais no período atual, disse Clegg à imprensa.
O Meta, no entanto, não quis comentar sobre as afirmações de Clegg. Por outro lado, o momento de conflito só reflete a dificuldade que as gigantes das redes sociais enfrentam ao moderar suas plataformas.
Uma rede social da magnitude do Facebook, obviamente, precisa lidar com o problema de empresas, entidades e governos que usam a plataforma de anúncios pagos para espalhar informações falsas.