MPF pede para o WhatsApp lançar o recurso Comunidades apenas em 2023; entenda

MPF pede para o WhatsApp lançar o recurso Comunidades apenas em 2023; entenda

O novo recurso das Comunidades do WhatsApp, anunciado na semana passada pela plataforma, deve chegar mais tarde no Brasil em relação ao resto do mundo, pois o MPF teme retrocesso no espalhamento de fake news.

Com as Comunidades, o WhatsApp permitirá que os usuários tenham grupos maiores, ou megagrupos, para compartilhar informações institucionais, profissionais ou sociais.

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O recurso Comunidades do WhatsApp.

Durante o lançamento, o WhatsApp afirmou que o recurso comunidades chegará ao Brasil somente após as eleições de 2022.

A Plataforma fechou um acordo com o Tribunal Superior Federal, em fevereiro deste ano, para combater a desinformação durante as eleições de 2022. À época, o diretor-executivo do WhatsApp afirmou que o aplicativo não iria fazer nenhuma mudança significativa de produto antes das eleições.

Entretanto, O Ministério Público Federal em São Paulo pediu ao WhatsApp que apresente em até 10 dias informações sobre a possibilidade de adiar para o início de 2023 a estreia do novo recurso.

Comunidades do WhatsApp podem ser risco para democracia, segundo o MPF

No ofício, visto pela Reuters, o MPF citou expressamente a “recente experiência vivida nos Estados Unidos da América, com a grave invasão do Capitólio”.

O ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro do ano passado, ocorreu após simpatizantes do então presidente Donald Trump — incentivados por ele — irem a Washington protestar contra o resultado da eleição e parte deles ter invadido violentamente as dependências do Congresso dos EUA para impedir o ato formal de certificação da vitória do democrata Joe Biden.

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A invasão do capitólio em janeiro de 2021.

Além disso, o MPF, destacou os riscos que “um aumento de viralização de conteúdos potencialmente desinformativos pode trazer para os direitos fundamentais de participação política dos cidadãos e das cidadãs” do Brasil, assim como para a integridade das instituições democráticas nacionais.

“(…) A nova funcionalidade agora anunciada precisa ser vista com muito cuidado, pois pode, a depender de como vier a ser implementada, representar um real retrocesso do movimento de contenção de comportamentos abusivos potencialmente ligados à desinformação, que o WhatsApp, a princípio, vinha promovendo de forma eficiente nos últimos anos”, disse o MPF em despacho.

O recurso Comunidades do WhatsApp, segundo relato do MPF, permite que mensagens que possam ser encaminhadas de uma só vez para 10 grupos com até 256 participantes, ou seja, poderia chegar a até 2.560 destinatários. E essa conduta poderia ser replicada sucessivamente, criando uma escala exponencial.

Procurada pela Reuters, a assessoria de imprensa do WhatsApp afirmou que não vai comentar o assunto.

O pedido do MPF foi encaminhado a Dario Durigan, diretor de Políticas Públicas do WhatsApp, no âmbito de um inquérito civil aberto em novembro passado para apurar eventuais violações de direitos fundamentais por parte de provedores de aplicativos de internet que operam no país “imputáveis a suas políticas de enfrentamento a práticas organizadas de desinformação e de violência no mundo digital”.

Bolsonaro ataca WhatsApp e TSE 

Durante motociata na última sexta-feira em São Paulo (15), o presidente Jair Bolsonaro disse ser “inadmissível e inaceitável” o adiamento da entrada em vigor da nova funcionalidade da plataforma para depois das eleições.

MPF WhatsApp Comunidades

“Já adianto. Isso que o WhatsApp está fazendo no mundo todo, sem problema. Agora, abrir uma excepcionalidade para o Brasil, isso é inadmissível, inaceitável, e não vai ser cumprido este acordo que por ventura eles realmente tenham feito com o Brasil, com informações que eu tenho até o presente momento”, disse Bolsonaro, na sexta-feira.

O WhatsApp reiterou por meio de sua assessoria que a decisão de não implementar novas funcionalidades no Brasil até o final do período eleitoral já tinha sido tomada pela plataforma e comunicada ao TSE em janeiro.

Uma fonte do TSE disse também que, ao contrário do que afirmou o presidente, não houve acordo do tribunal com o WhatsApp para adiamento da entrada em vigor da nova função para depois das eleições. A decisão partiu da própria empresa privada, comunicada à corte eleitoral.

Fonte: Reuters

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