96% dos jovens de comunidade querem ser pro-player de FreeFire

96% dos jovens de comunidade querem ser pro-player de FreeFire

Há algum tempo, se qualquer pessoa perguntasse qual era o maior sonho da maioria dos brasileiros, principalmente dos jovens que moram em comunidades, certamente a resposta seria: ser jogador de futebol. Porém, com o passar do tempo e com o avanço da tecnologia, um novo nome surge como preferência: Free Fire.

Hoje em dia, as chuteiras são trocadas por smartphones ou computadores, dispositivos que permitem que os jovens possam curtir a jogatina e se aproximar ainda mais do sonho de ser um jogador profissional de Free Fire.

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A presença do Free Fire na comunidade

free fire

Free Fire é um jogo desenvolvido pela empresa de games asiática Garena, em 2017, e desde então vem aumentando exponencialmente o número de jogadores. Atualmente, com 4 anos já no mercado, parece ter mais tempo do que isso já que a maioria dos jovens já jogou ou conhece alguém que curte o jogo.

Por isso, a maioria deles deu adeus ao sonho de ser um jogador de futebol e fez com que a ideia de se tornar um pró-player de Free Fire fosse a mais almejada. Muitos sonham em se tornar streamers com fama ou até mesmo disputar campeonatos nacionais.

Um exemplo disso é Gabriel Silva, que tinha 17 anos quando Free Fire foi lançado aqui no Brasil. Na época ele já lutava para ter uma carreira como Youtuber e então tinha alguns seguidores. Alguns deles pediram para que Gabriel jogasse o game e, mesmo não sendo exatamente o melhor jogador, ele acabou conquistando muito mais seguidores pelo seu carisma durante as jogatinas. Hoje em dia, a maioria do seu público é formado por crianças.

Gabriel contou que já sonhou em ser um jogador de futebol quando era mais novo, porém nunca teve muita habilidade com a bola nos pés. Ele é morador da periferia de Codó, no interior do Maranhão, e encontrou no Free Fire uma nova paixão.

A tão almejada fama no eSports

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Além de trocar as chuteiras por dispositivos eletrônicos, toda essa paixão também fez com que muitos jovens trocassem os campeonatos de futebol por campeonatos de jogos online, os famosos eSports.

O Instituto Data Favela, em parceria com a Locomotiva Pesquisa e Estratégia e a Cufa (Central Única das Favelas) fizeram um estudo e descobriram que cerca de 96% dos jovens que moram em comunidades do Brasil têm o sonho de ser um jogador profissional de eSports.

A fama e a predileção pelo Free Fire vão além da identificação com o jogo em si. Ele é um game bastante leve, que pode ser jogado inclusive em smartphones mais básicos, e por isso se tornou um sucesso ao alcance de muitas pessoas, principalmente das classes C e D.

E para comprovar, nesse estudo realizado pela Data Favela, o joguinho da Garena foi tido como favorito por 96% dos entrevistados. Quando se separa apenas os participantes de até 15 anos, o Free Fire é um sucesso absoluto, sendo escolhido como favorito por 100% deles. Nesse grupo nenhum outro jogo foi citado.

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Mas, é bom ressaltar que isso também tem muito a ver com o fato de que entre os 1190 entrevistados, 662 deles tinham participado da última edição da Taça das Favelas Free Fire, que aconteceu em setembro, e por isso a predileção tão acentuada entre o grupo participante do estudo.

Além de ser uma opção de carreira para o futuro e um sonho de se trabalhar com o que ama, o Free Fire, assim como outros jogos, também pode ser grande um aliado para manter uma saúde mental mais leve, principalmente com tudo o que está acontecendo. Gabriel conta que para ele foi assim “Estava sempre ali no jogo até porque era um meio de eu fugir do desespero, da questão da depressão e da ansiedade. Porque ali encontrava pessoas que me faziam dar risada, pessoas que hoje eu conheço e tenho contato.”

Além disso, esses jogos podem ser ainda grande aliados para evitar que jovem desviem o seu caminho. Gabriel conta que onde mora as oportunidades de empregos estão bem escassas, e por isso torna-se mais “fácil” e atrativo seguir para o mundo do crime.

Ele conta que desde criança ajuda a família e já foi inclusive assistente de pedreiro. Hoje em dia, conseguiu uma oportunidade de crescer como streamer, já conta com diversos seguidores e consegue se dedicar inteiramente a esse trabalho. Como ainda é bastante comum que aconteça, os pais não apoiaram a decisão inicialmente.

“Minha mãe sempre falou ‘meu filho, sai desse jogo, vai procurar fazer um um curso, vai estudar’, mas pessoas que eu conheci me deram apoio e me inspiraram a investir no jogo e querer me aprofundar mais”, Gabriel contou.

É comum que os pais fiquem apreensivos com essa ideia, até porque na época de muitos deles, parecia inimaginável ter uma carreira apenas jogando online. É algo que muitos streamers têm em comum, como é o caso do pro player Peuzada, que conta que sua mãe Adriana Landim, também foi contra inicialmente. Hoje, ela até mesmo ajuda a estimular as mães a oferecerem apoio para os filhos que desejam seguir esse caminho.

Gabriel venceu esse “preconceito” da família e apostou suas fichas nesse mundo, assim como Peuzada. Hoje em dia ele já consegue ter uma renda através desse trabalho na internet. O seu canal no Youtube já chegou na marca de 15 mil seguidores e ele passou a fazer parte da equipe profissional de eSports Lyon em maio de 2021.

Jovens que motivam outros jovens

Essas histórias de sucesso servem como inspiração para diversos jovens, que acabam vendo os streamers como ídolos e como exemplo a ser seguido. Gabriel conta que “Tem uma frase que um seguidor meu falou e que eu vou guardar pra sempre. Ele disse que eu não sou só um influenciador de Free Fire, eu sou um motivador”. Hoje em dia ele não está mais ativo no canal do Youtube, porém conta com um outro canal secundário que tem cerca de 3 mil seguidores onde ele faz lives todos os dias, das 22 horas às 4 horas da manhã.

Free Fire

Isso faz mesmo sentido e os jovens estão começando cada vez mais cedo a mergulhar nesse mundo dos eSports. É o caso de Richard Nathan, de 12 anos, que é morador da comunidade em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ele torce pelo Vasco e já chegou a sonhar em ser jogador de futebol, mas atualmente seu sonho é outro.

Hoje em dia, se alguém perguntar qual é a sua meta, Richard vai dizer que é conseguir se tornar um jogador profissional de Free Fire. Não é um exemplo difícil de ser encontrado, já que de acordo com a pesquisa do Instituto Locomotiva, 74% dos jovens que têm menos de 15 anos acreditam que podem mesmo se tornar jogadores profissionais.

Fonte: Uol

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