Uma introdução ao KDE 4

Uma introdução ao KDE 4

O KDE 4 representa uma grande mudança de paradigma em relação ao KDE 3.5, trazendo mudanças fundamentais na maneira como o desktop se comporta e é organizado. Ele começou com o pé esquerdo, com o lançamento do KDE 4.0, que apesar de ser considerado uma versão de testes, acabou ganhando status de versão oficial, sendo incluído em diversas distribuições e chegando aos usuários finais, que passaram a ter problemas diversos e a criticar o novo ambiente.

As críticas se estenderam à imprensa e ganharam força com comentários ásperos até mesmo de muitos usuários antigos. De certa forma, a recepção do KDE 4 foi parecida com a do Windows Vista. O 4.0 foi seguido pelo KDE 4.1, uma versão mais funcional, com menos bugs óbvios e uma interface mais consistente.

Mesmo sendo o segundo release oficial dentro da família, o KDE 4.1 ainda apresentava mitos problemas de estabilidade e muitas inconsistências óbvias, que não seriam de se esperar em uma versão oficial. Isso fez com que o sistema continuasse recebendo críticas e perdendo usuários, incluindo o próprio Linux Torvalds, que em uma entrevista confessou que havia migrado para o Gnome depois de enfrentar problemas com a versão do KDE 4 usada no Fedora 9.

As coisas começaram a entrar nos eixos com o lançamento do KDE 4.2, que resolveu a maior parte dos bugs das versões anteriores, se tornando finalmente um ambiente à altura de substituir o KDE 3. Podemos dizer que o KDE 4.0 foi uma versão Alpha, com bugs óbvios, o KDE 4.1 foi uma versão Beta (com menos problemas mas ainda longe de ser estável) e que o KDE 4.2 é um release candidate, que ainda possui alguns problemas, mas que no geral pode ser finalmente considerado estável.

Não é à toa que o Slackware 12.2 manteve o uso do KDE 3.5 (evitando todo período ruim de transição) e que a equipe do Debian foi ainda mais conservadora, mantendo o uso do KDE 3.5 no Lenny e adotando o KDE 4 apenas a partir do Squeeze, que será lançado apenas no final de 2010.

O Mandriva adotou o KDE 4.2 no 2009.1, o que o tornou uma atualização muito esperada em relação ao problemático Mandriva 2009.

A base da interface do KDE 4 é o uso de widgets (chamados de plasmóides) como elementos visuais no desktop. A idéia central é oferecer uma evolução do tradicional conceito de ícones, permitindo que você equipe seu desktop com mini-aplicativos diversos, que mostrem informações importantes, permitam acesso rápido a funções diversas, ou que simplesmente atuem como elementos decorativos.

As funções centrais de adicionar novos widgets e ajustar as opções são acessíveis através do ícone no topo da tela. Basta usar a opção “Adicionar widgets. No menu estão disponíveis diversos aplicativos, como a lixeira, relógio analógico, monitor de bateria, calculadora, lançador de aplicativos e assim por diante. Os widgets podem ser desenvolvidos em diversas linguagens, o que garante que opções de enfeites não vão faltar:

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Ao clicar no “Instalar novos widgets” você tem acesso a uma janela alimentada pelo KNewStuff, que permite obter novos widgets a partir de diversas fontes, em um sistema que lembra um pouco os complementos do Firefox.

Os widgets lembram um pouco as barras do antigo Superkaramba (que permite criar efeitos de transparência no KDE 3.x), criando janelas e menus transparentes, que podem ser posicionados livremente sobre a área de trabalho, mas o novo sistema é bem mais flexível e poderoso, com widgets renderizados em SVG, que podem ser redimensionados e movidos livremente.

Essa flexibilidade dá uma sensação de fragilidade, como se qualquer clique acidental pudesse desconfigurar completamente o desktop, mas depois de organizar os widgets você pode usar a opção “Bloquear widgets” para travar as posições.

De acordo com a configuração, o KDE 4 pode exibir os ícones no desktop, da forma usual, ou pode eliminá-los completamente, exibindo apenas os plasmóides. A configuração é acessada clicando com o botão direito sobre a área de trabalho:

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No KDE 4.1, a opção de exibição de pasta apenas adicionava um plasmóide com uma janela transparente do gerenciador de arquivos, mas no 4.2 a exibição de ícones “reais” foi restaurada.

Um recurso interessante é que ao usar a exibição sem ícones, o sistema se encarrega de criar um novo widget automaticamente quando você tenta arrastar um ícone do iniciar para o desktop, criando um widget que se parece com um ícone de atalho.

Diferente do KDE 3, onde a barra de tarefas era um aplicativo separado, no KDE 4 ela é apenas mais um plasmóide, assim como todos os demais elementos da tela. Por default, todos os elementos da barra, incluindo os ícones de atalho ficam fixos e você não consegue mudar nada de posição. Para personalizar a barra, clique no ícone do plasma do lado direito. Ele abre uma barra adicional, com as opções de edição:

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Enquanto a barra estiver aberta, você pode mover os ícones, alterar o alinhamento e fazer outras personalizações livremente. Ao terminar a edição, basta fechar a barra e os ícones ficam novamente presos.

O mesmo se aplica a muitos dos menus de configuração. Para configurar as opções da barra, fazendo com que os aplicativos não sejam mais agrupados e com que a barra exiba apenas os aplicativos da área de trabalho atual, por exemplo, você deve clicar no widget de configuração e só depois clicar com o botão direito sobre a barra para ter acesso à opção de configuração:

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O KDE 4 é um projeto bastante ambicioso, que demorou para atingir a maturidade. Por ser radicalmente diferente da versão anterior, as mudanças provavelmente nunca irão agradar a todos. Entretanto, acertando ou errando, as mudanças mostram que os desenvolvedores estão em busca de novas idéias e novos conceitos para a melhora da interface, o que é sempre positivo.

Ironicamente, um dos grandes obstáculos ao KDE 4 foi justamente o grande sucesso do KDE 3.5, que ao longo de sua evolução se tornou um ambiente extremamente estável, leve e flexível. Ao tentar portar todas as funcionalidades para o KDE 4, os desenvolvedores se depararam com um trabalho árduo, que explica as dificuldades com o KDE 4.0 e o 4.1.

Embora a biblioteca QT 4 ofereça um consumo de memória mais baixo que a QT 3 (usada no KDE 3.5), o novo sistema de renderização do KDE 4 e o uso do plasma aumentaram consideravelmente o consumo de memória e de processamento em relação ao KDE 3.5, um problema que ainda deve demorar a ser resolvido. Felizmente, temos hoje opções como o XFCE e o LXDE (sem falar no próprio KDE 3.5, que continua sendo usado em diversas distribuições) que atendem a quem precisa de um ambiente mais leve.

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