Taking a look at xPUD 0.9
Autor original: Caitlyn Martin
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
Desde que escrevi meu artigo sobre o Debris Linux há três meses, recebi vários pedidos de leitores do DistroWatch Weekly por mais análises de minidistribuições Linux. De lá para cá eu analisei o CDlinux 0.9.2 Community edition, e Jesse Smith deu uma olhada na versão mais recente do Puppy Linux. Esta semana, vamos dar uma olhada em uma distribuição ainda menor e mais incomum vinda de Taiwan, o xPUD. Somando apenas 51 MB, o xPUD é quase tão pequeno quanto o Damn Small Linux (DSL) era. Ao contrário do DSL, o xPUD não é voltado para hardware antigo com recursos muito limitados. Em vez disso, ele tenta proporcionar um ambiente de desktop muito simples no estilo quiosque, com apenas umas poucas ferramentas básicas e modernas, rodando completamente na RAM.
O xPUD é baseado no Ubuntu, e pega ideias emprestadas do Damn Small Linux. O que o diferencia das outras distros é uma interface nova e experimental chamada Plate, que integra o runtime do Mozilla Gecko ao desktop. O resultado me lembra alguns desktops feitos especialmente para netbooks encontrados no Moblin, no Android e no Ubuntu Netbook Remix. O Plate é alardeado como um sistema muito fácil de usar. Outro objetivo do xPUD é inicializar bem rápido.
O xPUD está disponível como uma imagem ISO de live CD ou como um arquivo de imagem IMG feita para ser armazenada em um sistema operacional pré-existente (Windows ou Linux). A distro roda diretamente a partir da imagem compactada no sistema de arquivos do sistema operacional hospedeiro, semelhante à instalação mais modesta do KNOPPIX (poor man’s install) ou a uma instalação frugal do Damn Small Linux. Há um instalador gráfico disponível para o Windows. Não há instalador para o Linux, mas instruções claras são oferecidas na mesma página: basta copiar a imagem do xPUD para o diretório raiz da distribuição hospedeira e criar uma nova entrada no arquivo /boot/grub/menu.lst. Também foram incluídas instruções para a criação de um live pendrive.
Nesta análise, usei meu Sylvania g Netbook Meso que comprei em janeiro (CPU Intel Atom N270 de 1,6 GHz, 1 GB de RAM, HD de 80 GB). O sistema parece particularmente apropriado, já que o anúncio da versão 0.9 faz propaganda do suporte a netbooks, incluindo o ASUS Eee PC, o Acer Aspire One, o MSI Wind, o Lenovo IdeaPad e o Dell Mini. Minha ideia era experimentar o xPUD no meu velho laptop Toshiba, mas infelizmente o chipset gráfico Trident parece não ser suportado, e a inicialização me levou a uma tela vazia.
A inicialização do xPUD 0.9
Decidi experimentar todos os três métodos de inicialização do xPUD. Usando uma unidade de DVD USB externa eu consegui iniciar a partir do mini CD (de três polegadas/oito centímetros) que eu gravei. Ao iniciar a partir de um live CD, surge um menu com oito idiomas para escolher: chinês simplificado, chinês tradicional, inglês, francês, alemão, japonês, português e espanhol. Escolhi inglês, e o desktop do Plate abriu rapidamente. O xPUD carrega todo na RAM, e por isso o desempenho foi muito bom no meu sistema, mesmo ao rodar do CD.
As instruções de instalação drop-in (frugal) mostraram-se simples e precisas. Reiniciei a rede, escolhi minha nova entrada do GRUB para iniciar o xPUD e fui direto ao desktop do Plate em poucos segundos. Os desenvolvedores afirmam que o desktop carrega em menos de dez segundos. No meu sistema, não levou nem metade desse tempo. Não tenho um cronômetro para marcar, mas só o que posso dizer é que as afirmações sobre uma inicialização rápida se justificam.
Não conseguir criar uma imagem live para pendrive. O link para uma versão personalizada do UNetbootin é inválido. Baixei a versão mais recente do UNetbootin para o Linux. Ao rodá-lo, vi que o xPUD estava listado no menu de distribuições. Alguns arquivos foram copiados para o meu pendrive. Eu reiniciei, aproveitando para verificar o BIOS e garantir que a inicialização via USB continuava sendo a primeira escolha. Por algum motivo o sistema não aceitava o pendrive como inicializável, e eu iniciei pelo disco rígido. Tentei repetir o procedimento com outra distro Linux, e o resultado foi o mesmo. Também tentei fornecer a imagem ISO sem especificar a distro no menu, e o resultado se repetiu.
Usando o xPUD 0.9
O xPUD vai direto para a interface gráfica, e faz login automaticamente como root. Não há tela de login, ou seja, nenhuma senha é exigida. Não há opção na interface gráfica para definir ou alterar a senha de root ou para criar uma conta de usuário. As mesmas preocupações com a segurança expressas por Jesse Smith em sua análise do Puppy Linux há duas semanas se aplicam ao xPUD. O único método disponível para definir uma senha é abrir um terminal e usar o comando passwd.
A guia Home do Plate, desktop padrão do xPUD
Depois de iniciado, o desktop Plate apresenta quatro ícones no lado esquerdo da tela que servem como guias. A guia Home também oferece algumas informações básicas sobre o sistema: data e hora, status da rede, carga da bateria e memória disponível. Há quatro ícones grandes com descrições abaixo da barra de informações do sistema: WiFi, GetHelp, Power Off e Switch Mode. Minha rede estava listada como offline, então eu cliquei em WiFi para resolver esse problema. Apareceu uma janela pedindo que eu escolhesse uma rede, mas nenhuma rede foi listada, e o botão Atualizar não mudou esse comportamento. Tive que cancelar, e continuei sem conexão.
A guia inferior, Setting (configuração), oferece a opção de configurar uma rede com ou sem fio. A opção de configuração WiFi me desencorajou ainda mais, porque a lista de dispositivos de rede estava vazia. Tive mais sucesso na configuração Ethernet. Escolhi DHCP e cliquei no botão Connect (conectar) que apareceu. Ele foi substituído por um botão cinza que dizia “Done” (concluído). Voltei à guia Home, que agora indicava que eu estava conectada.
A guia Menu oferece uma lista com os aplicativos disponíveis. Há apenas seis: Firefox, Transmission, GMPlayer, GPicView, Geany e xterm. Só isso. Toda a operação se dá na janela à direita da guia aberta. Os aplicativos podem ser maximizados para que ocupem a tela toda, com um típico botão de maximizar na janela da guia. Isso é essencial em telas pequenas de netbooks.
O navegador é uma versão prévia do Firefox 3.5, que ainda é identificada como Shiretoko. Naturalmente, eu gostaria de atualizar essa versão, se isso fosse possível. Não há gerenciador de pacotes no xPUD. A guia de configurações traz algo chamado Opt-Get, mas ao clicar ali só tive a oportunidade de instalar três coisas: o plugin do Flash da Adobe, o Skype e uma seleção de codecs de mídia e plugins para o navegador. Não é possível instalar qualquer outro aplicativo pela interface gráfica, nem atualizar os aplicativos instalados, apesar do Opt-Get instalar os três pacotes a partir dos repositórios do Medibuntu. Se você usar o xPUD, vai ficar preso a um navegador que tem bugs e falhas de segurança conhecidas, e que não oferece uma maneira fácil de ser atualizado.
O terminal xterm é o salvador da pátria. Primeiro eu consegui definir a senha de root. O comando lsmod mostrou que o driver rt73, necessário para meu chipset wireless, havia sido carregado corretamente, e o ifconfig mostrou que a wlan0 estava configurada como minha interface de rede. Todas as ferramentas de linha de comando para rede wireless e wpa_supplicant foram incluídas no xPUD. Fazendo as coisas à moda antiga, pela linha de comando, consegui botar minha rede sem fio para funcionar. Não consegui fazer a interface gráfica reconhecer a wlan0, nem enxergar a rede disponível. Pelo menos agora tornou-se possível usar o xPUD no meu netbook sem que eu ficasse presa a uma conexão com fio.
Meu próximo passo foi usar o GMPlayer para ouvir um arquivo mp3. A faixa parecia estar sendo reproduzida, mas eu não obtive som algum. Fui até a guia de configurações, cliquei na entrada sobre som e vi que o volume estava quase no máximo. Voltei ao xterm e rodei o comando “alsamixer”. Só assim eu consegui aumentar o volume e ouvir o arquivo mp3. Os outros aplicativos funcionaram conforme o esperado.
Quando eu conectava um pendrive ou um cartão SD, algo inesperado acontecia: nada. Nenhum ícone aparecia no desktop, e nem havia lugar para um. Não há ferramenta gráfica para o gerenciamento de mídia removível. Nem o HAL nem alternativas mais leves fazem parte do xPUD. Mais uma vez, o jeito foi voltar à janela do xterm e montar os dispositivos manualmente. Felizmente, eu já tinha uma ideia de como seria a atribuição dos dispositivos no meu sistema. Um novato no Linux provavelmente ficaria perdido.
O Plate definitivamente tem suas excentricidades. Quando eu clico no X no canto superior direito da guia para fechar o Firefox, tudo corre como de costume. Quando escolho Quit (sair) no menu File (arquivo) o Firefox fecha e fico com uma guia branca vazia. Ao voltar à guia Menu e selecionar o Firefox de novo, volto a ter apenas o espaço vazio. O único jeito de conseguir o Firefox de volta é clicar no X no canto superior direito, como se eu estivesse fechando a guia vazia. Isso não me pareceu muito intuitivo.
O xPUD oferece um grupo extra de drivers de hardware em um pacote tar.gz no site oficial, e uma ferramenta na guia de configurações permite a instalação em massa desses drivers. Não há um método que permita escolher apenas os drivers de que você precisa, nem há uma lista dos drivers fornecidos em lugar algum. Obviamente, você pode descompactar o arquivo tar.gz e dar uma olhada, caso tenha intimidade com a linha de comando.
A guia de configurações do Plate, desktop padrão do xPUD
A guia File (arquivo) traz uma lista de pontos de montagem que existem no diretório /mnt, independente de haver ou não alguma coisa montada. Clique em um ponto de montagem que aponte para um sistema de arquivos montado para navegar por ele. Uma partição do meu disco rígido foi montada automaticamente pelo xPUD, mas as outras não, incluindo a partição que eu costumo usar como /home. Mais uma vez, a única maneira de montar ou desmontar qualquer coisa é abrir o xterm e cuidar disso pela linha de comando. O menu de configurações oferece uma ferramenta de backup para “salvar seus dados e suas alterações”. O ícone é o de um pendrive, mas na verdade a ferramenta permita salvar em qualquer sistema de arquivos montado. Isso seria algo bastante amigável, se houvesse uma maneira de montar ou desmontar dispositivos pelo próprio Plate.
Notei que alguns símbolos e caracteres não latinos no Firefox não eram exibidos corretamente. Verifiquei a minha conta do GMail, e as mensagens em hebraico estavam ilegíveis. Isso não é nenhuma surpresa, dado o tamanho reduzido da distro. As fontes fornecidas são o mínimo necessário para que os idiomas suportados funcionem.
De modo geral, achei o uso do Plate um pouco frustrante. Eu sou do tipo multitarefa. Não há como alternar entre aplicativos sem ir até a guia apropriada. Ao alternar entre aplicativos, seu conteúdo é preservado. Pela minha perspectiva, ter que usar as guias para alternar entre aplicativos é uma forma inconveniente de fazer as coisas. Talvez se eu só estivesse interessada em navegar casualmente pela web e conferir meus emails isso não fosse um problema. Mas eu reconheço que provavelmente não faço parte do público-alvo do xPUD.
Conclusões
O xPUD parece ser um trabalho ainda não finalizado. A distro cumpre a promessa de inicializar muito rápido. A interface de usuário do Plate lembra o design de outras interfaces de usuário de netbooks, mas sob alguns aspectos ela é única. Podemos ver algumas ideias muitos boas aqui, e algumas inovações no design. Também há algumas pequenas idiossincrasias que precisam ser trabalhadas.
Para que o xPUD seja um sistema operacional mais amigável, vai ter que incluir mais algumas ferramentas, especialmente para lidar com mídias removíveis. O suporte a redes sem fio pela interface gráfica também precisa ser melhorado. A rede sem fio Ralink usada no meu netbook Sylvania também é usada em vários outros netbooks e em notebooks maiores. O fato dela ter funcionado a partir da linha de comando indica que o problema está no Plate, já que o suporte ao hardware está presente. Também seria legal se houvesse alguma maneira de adicionar aplicativos, semelhante ao que o Tiny Core e o Damn Small Linux fazer para tornar a distro mais flexível e atraente para mais usuários.
A questão aqui até que ponto o xPUD precisa ser pequeno. Incluir funcionalidades certamente forçaria a distro a crescer. Os desenvolvedores vão ter que escolher entre manter tudo bem pequeno, tornando a distro mais modular, ou acabar com uma imagem maior para adicionar o que for necessário para que o xPUD seja mais amigável. Algum tipo de metodologia para atualizar aplicativos e instalar patches de segurança também ajudaria bastante e aliviaria alguns dos problemas de segurança. Há um punhado de distros que oferecem isso, mesmo tendo sido criadas para rodar a partir de uma imagem compactada em uma instalação frugal. Finalmente, seria legal se o xPUD fizesse como o CDLinux, o Damn Small Linux ou o Debris Linux e rodasse com um usuário comum por padrão, e não com o root.
De modo geral, o fato do número de versão do xPUD começar com um zero é apropriado. Essa é uma distro promissora com muito potencial, mas que ainda não está pronta para figurar entre as grandes.
Site oficial do xPUD: http://www.xpud.org/
Créditos a Caitlyn Martin – distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>
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