First look at Puppy Linux 4.2.1
Autor original: Jesse Smith
Publicado originalmente no: distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
O Puppy Linux, a distro do cachorrinho, chamou a atenção quando chegou ao cenário Linux balançando seu rabinho. Trata-se de uma distro que tenta ser pequena e fácil de usar e, até hoje, mostrou-se bem-sucedida nesse sentido. Esta semana eu levei o Puppy para passear, na tentativa de descobrir se ele havia aprendido algum truque novo. A versão atual do Puppy, a 4.2.1, foi lançada em maio de 2009. Ele continua pequeno, o download é de apenas 100 MB. Mal dá tempo de ler os destaques no site do Puppy antes da imagem ser baixada e verificada. O site é bem organizado e fácil de navegar. Os desenvolvedores dedicaram algum tempo à explicação do que vem a ser o Puppy e como usá-lo. O wiki do projeto é amigável, informal e informativo.
Depois de baixar a versão mais recente do Puppy, decidi experimentá-la no meu desktop. A máquina não é velha: é um computador genérico com 2,5 GHz, mas com pouca memória se comparado aos desktops modernos (apenas 2 GB). O Puppy iniciou do CD e abriu o assistente de detecção do hardware. O Puppy não fez um trabalho muito bom de identificação do hardware (as recomendações de vídeo e mouse foram incorretas), mas o assistente explica o que está se passando e permite ao usuário mudar o padrão. Depois de resolver esse problema, fui apresentado a um desktop bem incomum.
Eu digo incomum pelos padrões do Linux, porque metade do desktop já vem tomada por ícones. Estou acostumado a desktops quase vazios com fundos discretos. O Puppy apresenta ícones para os aplicativos e tarefas mais comuns no desktop e ainda traz um fundo que se destaca muito. A ideia parece ser a de manter a abordagem amistosa diante dos novatos, sem que eles tenham que vasculhar os menus. O Puppy não configurou minha conexão de rede automaticamente, mas há um grande botão “Connect” no desktop, que executa um assistente que conduz o usuário pelo processo de conexão à internet. Como tudo o que eu encontrei no Puppy, esse processo é realizado de maneira amigável, passo a passo. No desktop também há programas para desenho, navegação na web, bate-papo e configuração do sistema. E o mais importante, há um botão “Help” com uma introdução à maneira do Puppy de fazer as coisas, e que parece voltado aos usuários do Windows.
Há dois lugares em que essa imagem de distro amiga dos novatos se desfaz. Um deles é o menu de aplicativos, que está cheio de programas com nomes indecifráveis. Há uma breve descrição após cada nome, mas eu acho que os novatos vão achar nomes de aplicativos como “XF-Prot” e “GTKLPQ” um pouco confusos. O outro lugar é o instalador do Puppy. Há janelas informativas que dão uma força, mas também há alguns problemas. Não há particionamento de disco nem seleção de pacotes durante a instalação, o que para mim foi uma surpresa. Só o que o Puppy faz é tentar se instalar na partição que você escolher, sem formatar ou fazer maiores perguntas. Depois de mexer um pouco com o instalador, vi que ele sugere que o usuário execute o GParted para corrigir as partições se as coisas parecerem “insanas”. Depois o instalador faz a configuração do GRUB, oferecendo todo tipo de documentação que possa ser útil. Consegui passar por tudo sem qualquer problema, ou ao menos foi o que eu pensei, mas a instalação me pareceu diferente de qualquer outra que eu já tivesse visto. É provável que isso aconteça porque o instalador é capaz de instalar o Puppy em muitos lugares diferentes, como pendrives, CDs ou HDs; ele foi desenvolvido para oferecer flexibilidade nos locais de instalação, e não para ter mais conteúdo.
Puppy Linux 4.2.1 – o menu e o instalador do sistema
Após a conclusão da instalação, eu reiniciei o computador e o Puppy acusou kernel panic. Pensei que poderia haver um conflito entre o último sistema que eu tinha instalado no HD e a nova instalação do Puppy, então resolvi começar tudo de novo. Dessa vez eu usei o GParted para reformatar a partição antes de executar o instalador. Mais uma vez, tudo pareceu correr bem durante a instalação, mas agora eu consegui inicializar o Puppy Linux. Um dos pontos fracos do Puppy parece ser o hardware. O som foi configurado corretamente, e funcionou sem problemas. Mas além da placa de vídeo e do mouse, meu modem de internet móvel também não foi detectado. Isso não chega a ser um problema no meu desktop, mas no laptop não vai dar para usar o Puppy.
Uma coisa que me preocupa no Puppy é que o usuário padrão é o root. Não há nenhum aviso sobre isso. Durante a instalação e a primeira inicialização não há opção para alterar a senha de root, nem para criar um novo usuário. Isso não me parece uma prática muito recomendável. Também não há opção para gerenciamento de contas de usuário nos aplicativos de configuração e painel de controle. Até onde eu sei, não há ferramenta gráfica para alteração ou definição da senha de root. O sistema simplesmente faz o login automaticamente como root. Ao meu ver, essa é uma falha grave de segurança. Eu entendo que o Puppy queira facilitar as coisas para os novos usuários, mas todo sistema operacional moderno deveria ter uma senha. Eu configurei uma nova senha por conta própria e fui testar outras coisas.
Um dos pontos mais fortes do Puppy é oferecer tanta funcionalidade em um espaço tão pequeno. O download do Puppy é de apenas 100 MB, e depois de instalado ele ocupa apenas 300 MB de espaço em disco. Isso é muito pouco, levando-se em conta a quantidade de software incluída no sistema. O usuário tem um navegador web moderno (via SeaMonkey), processador de texto, planilha, leitor de PDF, mensageiro instantâneo e diversos softwares para servidores e administração. E tudo com cara de coisa moderna. Não me refiro apenas às versões disponíveis de cada software, mas ao jeitão do sistema como um todo. De modo geral, os aplicativos têm bom acabamento visual e funcionam como o usuário espera. O visual não é fantástico, mas é confortável. Como eu já mencionei, há um bocado de documentação, que se mostra bastante útil e explica conceitos em uma linguagem que os não profissionais podem entender.
Puppy Linux 4.2.1 – ferramentas personalizadas de administração do sistema
O sistema também é rápido. O tempo de inicialização na minha máquina ficou abaixo dos vinte segundos. Os aplicativos e pastas abrem muito rápido. O sistema é leve e responde muito bem. Isso acontece tanto rodando do CD quanto do HD, o que demonstra a capacidade do Puppy de funcionar em sistemas antigos. Para testar esse aspecto, eu criei uma pequena máquina virtual e rodei o Puppy com 256 MB de RAM a partir do CD. O desempenho do sistema operacional continuou muito bom.
Outro problema que eu tive após a instalação do Puppy no disco rígido foi que não consegui navegar na web. O Puppy conectava e fazia ping em endereços IP, mas navegar usando qualquer URL resultava em erro. O Puppy não estava usando o DNS para resolver endereços. Tentei abrir o arquivo resolv.conf e surgiu um erro. Parece que o Puppy faz do /etc/resolv.conf um atalho (link simbólico) para o /etc/ppp/resolv.conf, que por sua vez aponta de volta para o /etc/resolv.conf. Excluí os links simbólicos e criei meu próprio resolv.conf com uns servidores de nomes que eu conheço, e aí consegui navegar na internet. Esse problema não se apresentou rodando do CD, só mesmo após a instalação no HD. Não poder navegar na web me parece ser um bug dos grandes em uma distro que tenta ser amiga dos novatos.
Não só a navegação na web voltou a ser possível, como também a adição de pacotes de software (chamados de PETs). Esses pacotes podem ser instalados com o gerenciador de pacotes do Puppy, e funcionam do mesmo jeito (do ponto de vista do usuário) que um pacote do Debian ou um arquivo RPM. Os PETs foram baixados e instalados sem problemas. Não há muitos pacotes no repositório oficial, mas há outros disponibilizados por terceiros. Minha única reclamação é o gerenciador de pacotes não exibir o tamanho dos pacotes. Podem ser poucos quilobytes ou centenas de megabytes, só descobrimos quando o download começa. Tirando esse detalhe, o gerenciador de pacotes é bem organizado e funcionou conforme o esperado.
Puppy Linux 4.2.1 – o gerenciador de pacotes
Até onde eu sei, não há atualizador de pacotes integrado ao Puppy. Durante o tempo em que eu usei a distro, não encontrei nenhum aplicativo de atualização manual, nem fui notificado sobre qualquer atualização. Acho que os desenvolvedores veem o Puppy mais como uma ferramenta em live CD do que como uma distribuição a ser instalada no disco local. Uma versão mais simples do gerenciador de pacotes RPM vem instalada no Puppy por padrão. É provável que esse gerenciador não seja muito útil, já que instalar pacotes RPM e ter que caçar dependências manualmente é tarefa de enlouquecer qualquer um. Mas a ferramenta está lá, para os mais corajosos. Outra coisa estranha são as “man pages”, os manuais acessados pela linha de comando. Embora o Puppy apresente uma bela documentação, as man pages (que são comuns na maioria dos sistemas Linux) não foram incluídas. O uso do comando man redireciona o usuário a uma página na web que exibe um erro. Além de inesperado, isso não ajuda muito.
Puppy Linux 4.2.1 – man pages ausentes
Depois de usar o Puppy por alguns dias, cheguei à conclusão de que ele tem coisas boas e ruins. Algumas coisas são muito bem feitas, outras são frustrantes. No lado positivo, o Puppy tem um visual limpo, é rápido e muito pequeno, sendo ideal para hardware mais antigo. Ele traz uma ampla seleção de ferramentas que se encarregam das necessidades de usuários comuns e administradores de desktops. No lado negativo, o Puppy praticamente não oferece segurança, usando o root como padrão (e sem senha), além de não oferecer atualizações de pacotes. Há um número relativamente pequeno de pacotes PET nos repositórios oficiais, e o Puppy não se conecta a outros repositórios, como os do Debian ou do Slackware.
Concluí que o Puppy é um live CD interessante. Ele me parece ser uma boa ferramenta de demonstração para dar a um aluno em um curso de administração de sistemas, ou talvez a um administrador de Windows que precise da funcionalidade de um live CD Linux. É uma ferramenta que pode ser usada para testar hardware antigo, e talvez para apagar ou fazer backup de HDs. Mas eu não recomendaria sua instalação em um disco rígido, nem seu uso como sistema operacional no dia a dia ou para navegar na internet. Sua força está em seu tamanho e na abordagem amigável diante de usuários do Windows, e não no uso diário.
Créditos a Jesse Smith – distrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>
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