Mini-análise do CDLinux 0.9.2 Community Edition

Mini-análise do CDLinux 0.9.2 Community Edition

CDLinux 0.9.2 Community Edition Review
Autor original: Caitlyn Martin
Publicado originalmente no:
distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft

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Há pouco mais de um mês, quando escrevi uma análise sobre o Debris Linux, vários leitores do DistroWatch Weekly pediram que eu analisasse outras minidistribuições. O CDLinux é uma distro minimalista vinda da China, e que traz uma abordagem diferente do âmbito das distros pequenas. Em vez de enfiar o maior número possível de aplicativos em um miniCD de oito centímetros, o CDLinux Community Edition optou por incluir um suporte excelente a meia dúzia de idiomas (chinês, inglês, francês, alemão, japonês e russo), vários sistemas de arquivos e uma ótima compatibilidade com hardware, incluindo ainda o CUPS e o XSane para impressoras e scanners, tudo isso em uma iso de 204 MB. Há ainda uma edição “standard” (padrão) com apenas 64 MB, que inclui um desktop XFCE básico e quase nenhum aplicativo. O CDLinux “standard” inclui ferramentas populares para recuperação e administração, que fazem dele uma excelente escolha como CD de recuperação. Para fechar, a edição “mini” tem 25 MB e traz apenas o console. Decidi usar um pouco a versão mais completa, a Community Edition.

A primeira versão pública do CDLinux foi lançada no início de 2003. O desenvolvimento parecia ter sido encerrado no início de 2005, mas uma nova versão surgiu em abril de 2008. De lá para cá, novas versões são lançadas regularmente. A versão mais recente, o CDLinux 0.9.2, foi lançada no dia 27 de fevereiro.

O CDLinux foi feito para rodar a partir de um live CD. Há um instalador gráfico com suporte a instalação em uma unidade C: do Windows ou em um pendrive. O resultado é uma instalação semelhante à instalação frugal do Damn Small Linux, ou à instalação “Poor Man” do Knoppix, onde a imagem é instalada diretamente no disco rígido e inicializada em modo apenas leitura. O resultado é basicamente um Live CD trabalhando com a velocidade de um disco rígido comum. A instalação convencional em uma partição do HD conta com documentação mínima, e na versão atual o processo é manual.

Nesta análise, usei dois sistemas: meu netbook Sylvania g Meso (processador Intel Atom N270 de 1,6 GHz , 1 GB de RAM, HD de 80 GB) que eu comprei em janeiro, e o meu velho (seis anos e meio) Toshiba Satellite 1805-S204 (processador Intel Celeron de 1 GHz, 512 MB de RAM e HD de 20 GB). Os dois sistemas atendem aos requisitos mínimos de qualquer distribuição Linux atual, e ambos têm hardware que costuma dar trabalho a algumas distribuições. O Toshiba, particularmente, tem um chipset gráfico Trident CyberBlade XPi que não é compatível com o VESA 2.0. Várias minidistros não conseguem configurar o X corretamente nele. Os requisitos mínimos para o CDLinux são um processador i686 (Pentium Pro ou melhor) e apenas 64 MB de RAM.

Rodando como Live CD

Ao inicializar o CDLinux, você chegará à tela de menu do GRUB4DOS, que traz uma dúzia de opções: 11 opções de idiomas e suas localidades e o MemTest86+, para testar a memória do sistema. As opções de localidades para os falantes do inglês incluem Canadá, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Nesta análise eu optei pelo inglês dos Estados Unidos. Todas as opções de inicialização podem ser editadas, mas não precisei passar nenhum parâmetro especial ao kernel nos meus sistemas.

O CDLinux ?é bem incomum, porque não usa nenhum gerenciador de tela. Por padrão ele roda uma configuração de vídeo automática, inicia o X, carrega o desktop Xfce 4.4.3 e faz o login do usuário automaticamente sob o nome de usuário cdl. Não são fornecidos ambientes de desktop ou gerenciadores de janelas alternativos. Tenho prazer em dizer que o CDLinux configurou o X de forma absolutamente correta nos meus dois sistemas, sem nenhuma intervenção minha. Uma caixa de diálogo abre depois que o Xfce é carregado, oferecendo as resoluções de vídeo suportadas, com a mais alta selecionada por padrão.

Minha experiência pessoal com live CDs diz que a maioria deles não funciona no meu velho Toshiba. Eu costumava pôr a culpa no hardware. Percebi que a unidade de DVD-ROM desse velho guerreiro era terrivelmente lenta. Com muitos outros live CDs (Ubuntu e Mandriva One, por exemplo) meu velho sistema era mais lento do que um monte de melado subindo uma ladeira no inverno. Imagine algo entre o extremamente doloroso e o absolutamente impossível de usar. Há poucos anos, o Wolvix 1.0.5 me mostrou que o problema não estava no hardware. O CDLinux é outra distro em live CD que roda e responde muito bem no meu velho laptop.

O CDLinux ?detectou corretamente todo o hardware dos meus dois sistemas. Tudo funcionou. Tanto a rede com fio quanto a sem fio foram configuradas corretamente pelo wicd. Botar a rede sem fio para funcionar foi apenas questão de clicar na pequena seta próxima ao nome da rede e digitar a senha da minha rede criptografada WPA. O som funcionou de primeira. As mídias removíveis (um pendrive USB, um cartão SD e um flash card em um adaptador PCMCIA-CF) foram detectadas corretamente, e um ícone apareceu no desktop quando elas foram inseridas. Ao contrário do que eu imaginava, o ícone não desaparecia quando a mídia removível era desmontada. A remoção física da mídia fez o ícone desaparecer.

O CDLinux 0.9.2 Community Edition em uso

A seleção de aplicativos para a internet do CDLinux Community Edition inclui os navegadores Firefox 3.0.6 e o Opera ?10.00.4102 (beta), o Sylpheed 2.6.0, um cliente leve de email, e o cliente BitTorrent Transmission 1.50. O Pidgin 2.5.4 cuida das mensagens instantâneas. O Skype também está incluído na iso. Some ainda versões recentes do aMule e do FileZilla.

Os aplicativos de escritório da versão mais recente do CDLinux limitam-se ao Gnumeric 1.8.4 e ao ePDFviewer. Em vez de um processador de texto instalado localmente, há um item de menu para o Zoho Writer, um processador de texto online que abre pelo Firefox. Eu, particularmente, preferia escrever meus textos no meu próprio sistema, sem depender da conexão de rede, e fiquei um pouco frustrada com essa escolha.

Como o CDLinux vem da China, as patentes de software e o DMCA não são problema para os desenvolvedores. Os arquivos mp3 tocam perfeitamente no smplayer ou no mplayer. Alguns codecs Win32 e libdvdcss estão incluídos, e os arquivos de multimídia que eu testei funcionaram. Não há ferramentas práticas para a remoção de codecs específicos que possam deixar o CDLinux em conformidade com o DMCA, e nem para adicionar codecs que estejam faltando. A gravação de CDs fica por conta do minimalista xfburn. Não há ferramentas para a gravação de DVDs. A ferramenta gmlive do Google, para assistir a vídeo ao vivo, é o único aplicativo de multimídia adicional na iso do CDLinux. Tive problemas com ele, que de modo geral teve dificuldades em se conectar a servidores de vídeo. Dois itens que normalmente ficam de fora das minidistros, mas que aparecem no CDLinux 0.9.2 Community Edition, são o WINE e o Java Runtime Environment (JRE) da Sun.

Dentre os aplicativos gráficos, o GIMP 2.6.5 e o gpicview. Não há nenhum software para câmeras digitais incluído. Há ainda alguns jogos leves, o editor de texto Mousepad, o gerenciador de arquivos de linha de comando Midnight Commander e o galculator. O urxvt, que é multi-idioma, leve e compatível com unicode, substitui o Xfce Terminal e o xterm.

Se você procura efeitos tridimensionais bem transados no desktop, o CDLinux não é para você. O Compiz-fusion não foi incluído. Debaixo do capô, o CDLinux 0.9.2 traz um kernel 2.6.28. A implementação do X.org é velha o suficiente para evitar as regressões de placas gráficas da Intel, que aparecem nas versões recentes de algumas distribuições. O driver Intel incluído é a versão 2.4.3.

Eu usei bastante o CDLinux 0.9.2 Community Edition, e posso dizer com toda a franqueza que não encontrei bugs relevantes a relatar, tirando o que eu já mencionei sobre os ícones de unidades removíveis no desktop e o outro do gmlive quando a distro é rodada pelo live CD. O CDLinux oferece um desktop Xfce virgem, sem firulas. Ele é tão amigável quanto qualquer outra distro baseada no Xfce, com um porém: para manter a distro pequena, a maioria das páginas de manual e dos arquivos de ajuda foram removidos de praticamente todos os aplicativos. Quem tiver dúvidas vai ter que buscar ajuda na internet.

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O CDLinux 0.9.2 Community Edition com o desktop Xfce padrão

Instalação e Configuração: Disco Rígido ou Pendrive USB

O CDLinux 0.9.2 traz um instalador com suporte a instalação em uma unidade C: do Windows ou em um pendrive. Embora eu não tenha o Windows instalado nos meus sistemas, tenho uma boa leva de pendrives USB. Infelizmente, o CDLinux não reconheceu nenhum deles, com uma mensagem de erro dizendo: “nenhum dispositivo adequado foi detectado em seu sistema.” O problema aconteceu nos meus dois sistemas, com qualquer pendrive USB que eu usava.

Só me restou extrair o kernel e os arquivos initrd, como documentado aqui, adicionando-os ao arquivo /boot/grub/menu.lst da instalação de outra distro. Isso deu certo, mas não é uma experiência muito agradável para usuários novatos. Se você der uma olhada na documentação incluída, vai ver que ela é mínima e presume que você saiba o que está fazendo.

O resultado final foi uma instalação frugal no meu disco rígido. Tudo funcionou, e de fato, o sistema rodou muito rápido. Está claro que a instalação do CDLinux em HDs não tem lá muita prioridade. O CDLinux não oferece atualizações de segurança ou notificações, nem tem um repositório de pacotes próprio. Também não há ferramentas de gerenciamento de pacotes. Não há compiladores incluídos, e não dá para compilar fontes no CDLinux. O site diz: “Ele pode ser estendido para ser o sistema operacional do seu desktop”. Tecnicamente é verdade, só que não é muito fácil de se fazer isso. Para a maioria dos usuários de desktops que querem um sistema seguro e atualizado, o CDLinux provavelmente não é a melhor escolha de instalação no disco rígido.

Conclusões

Para usuários de desktops ou laptops que falem um dos seis idiomas suportados e que tenham um mínimo de experiência com o Linux, o CDLinux é um live CD bastante habilidoso. Os usuários que precisarem de uma distro pequena com suporte a dois ou mais idiomas incluídos no CDLinux vão adora a distro. O desempenho é excelente, particularmente em hardware mais antigo e lento. A distro, ao ser rodada de um live CD, tem pouquíssimos bugs. Ela é bem pensada e, de modo geral, bastante amistosa. A seleção de aplicativos deve dar à maioria dos usuários casuais boa parte do que eles precisam, e a inclusão dos codecs e de um bom conjunto de aplicativos de internet contam pontos. O lado negativo de usar o CDLinux é típico das distribuições pequenas e leves: faltam arquivos de ajuda e as páginas de manual, e o conjunto de aplicativos é meio limitado. Também acho uma infelicidade não haver um processador de texto.

A instalação no HD é possível, mas o instalador gráfico não funcionou comigo. Na melhor das hipóteses, a instalação como um todo ainda não é um trabalho finalizado, e exige um bom conhecimento do Linux. Instalar o CDLinux em um HD ou em um pendrive USB, numa instalação plena ou frugal, não é para qualquer um. Depois de instalado e configurado, o CDLinux tem desempenho brilhante, mas faltam ferramentas para administração do sistema e manutenção de rotina, presentes na maioria das distribuições. A instalação no HD parece mesmo não ter recebido muita atenção, mas um usuário experiente que realmente goste do CDLinux certamente pode cogitar a hipótese de realizá-la.

De modo geral, os resultados tendem a ser muitos bons se você usar o CDLinux para aquilo que ele foi desenvolvido: para ser um mini live CD, que roda em quase qualquer hardware.

Créditos a Caitlyn Martin http://distrowatch.com
Tradução por
Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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