Starlink: tudo o que você precisa saber sobre a internet via satélite de Elon Musk

Starlink: tudo o que você precisa saber sobre a internet via satélite de Elon Musk

Quando o assunto é Elon Musk, os primeiros nomes que vêm à mente são “Tesla”, “SpaceX”, Twitter, “polêmicas” e por último “Starlink”, uma iniciativa de fornecer internet via satélite aos lugares mais remotos.

A Starlink, similarmente à iniciativa de Mark Zuckerberg, a controversa Internet.org, pretende facilitar o acesso global à rede mundial de computadores, mas vendendo conexões à internet para qualquer habitante do planeta.

O que é a Starlink?

Operada pela SpaceX, a cobertura de internet da Starlink está presente em 34 países, consistindo em mais de 2.500 satélites. A empresa conta com mais de 400 mil assinantes e os seus satélites são desenvolvidos na fábrica da SpaceX em Redmond, no estado de Washington, nos EUA.

A Starlink é uma iniciativa recente, com menos de 10 anos, mas o projeto de sua criação durou mais de uma década e custou mais de US$ 10 bilhões à SpaceX.

Anteriormente, pouco conhecida, a Starlink ganhou as manchetes em todo o mundo após o início da invasão russa à Ucrânia. Como um dos focos do governo russo é comprometer a infraestrutura digital do país vizinho, ajudas externas foram necessárias para evitar tal feito.

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A Starlink é um exemplo disso, que enviou terminais para receber sinais dos satélites. Duas semanas após o conflito, a maioria do fornecimento de internet em áreas afetadas pela guerra eram da Starlink.

No Brasil, além disso, a Starlink apareceu na mídia brasileira em maio deste ano, após Elon Musk se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro. O encontro entre o chefe do poder executivo com o magnata americano formalizou a parceria para levar a Starlink a mais de 19 mil escolas em áreas sem conexão, bem como realizar o monitoramento ambiental da Amazônia.

No entanto, nem tudo são flores na história da Starlink, pois, pelos contratos militares da SpaceX, a subsidiária traz preocupações às nações rivais dos Estados Unidos. 

Starlink
Força Aérea dos Estados Unidos testando satélite da Starlink.

Para entender os dois lados da moeda, este artigo pretende abordar TUDO sobre a Starlink.

Constelação de satélites e órbita terrestre baixa

A Starlink é uma constelação de satélites de internet da SpaceX que opera em órbita terrestre baixa (LEO, do inglês Low Earth Orbit). Uma órbita terrestre baixa é aquela em que os objetos, como satélites, se encontram abaixo de 2000 km.

Starlink
Tipos de órbitas. A LEO (Baixa órbita) é área abaixo de 2000 km de distância da terra.

O outro elemento da Starlink é por essa ser uma constelação de satélites, ou seja, um grupo de satélites artificiais que trabalham juntos como um único sistema. Desse modo, diferentemente de um satélite individual, uma constelação pode fornecer cobertura permanente ao nível global.

As constelações de satélites em órbita terrestre baixa surgiram em meados da década de 1980 com parte da Iniciativa Estratégica de Defesa, conhecida como “Programa Star Wars”, do Departamento de Defesa dos EUA.

Esse programa visava a militarização do espaço, tendo em vista que o período de tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética era crescente.

Contudo, ao final da Guerra Fria, houve o lançamento de várias iniciativas de constelações de satélites por empresas americanas. A Iridium, da Motorola, foi a mais famosa, que lançou os telefones via satélite.

Quem já assistiu à série Narcos, deve se lembrar do uso dos celulares Iridium pelo traficante Pablo Escobar.

O telefone via satélite da Iridium.

Outras empresas, como a Celestri e a Teledesis, essa última financiada por Bill Gates, surgiram no início dos anos 1990. No entanto, todas essas empresas declararam falência durante o estouro da bolha da internet devido aos extremos gastos.

(A Iridium retornou as operações em 2017, consequentemente após o surgimento da Starlink).

Duas décadas depois, com o avanço da tecnologia dos satélites, bem como a demanda por maior banda larga, permitiram o retorno à exploração de conectividade via satélite. Além disso, as empresas de tecnologia e os investidores possuem muito mais capital para investir, possibilitando constelações maiores, como a Starlink.

A culpa é Das Estrelas: Elon Musk e o início conturbado da Starlink

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Em junho de 2002, Elon Musk fundou a SpaceX, empresa que, segundo ele, iria revolucionar a exploração espacial. Dois anos depois, a SpaceX comprou 10% das ações  da Surrey Satellite Technology como parte de uma “visão estratégia compartilhada” entre as duas empresas.

A Surrey Satellite Technology tinha como principal projeto ampliar o fornecimento de internet no espeço. No entanto, após a empresa mudar o foco para observação espacial, a SpaceX vendeu as suas ações. Os anos seguintes marcaram um crescimento exponencial da SpaceX, com o lançamento do foguete Falcon e investimentos vindo de todas as partes.

No entanto, isso não interrompeu os planos de Musk em construir uma constelação de pequenos satélites que forneceriam internet ao planeta terra. Na verdade, Musk enxergava a SpaceX como uma forma de alcançar essa meta para o seu plano maior de ir a Marte.

Com isso, em 2014, a Starlink começa a dar os seus primeiros passos, embora de maneira desconhecida pelo público até a SpaceX anunciar o lançamento desse serviço de internet.

Ao anunciar o plano, ainda sem nome, Musk afirmou que a SpaceX iria lançar 700 satélites, cada um pesando menos de 110 quilos. Com esse peso, os satélites correspondiam por metade do peso dos menores satélites de uso comercial da época.

A constelação dos 700 satélites, além disso, seria a maior frota, com participação da Iridium Communications.

Obviamente, a novidade atraiu bastante atenção, como do Google, por exemplo, que investiu US$ 1 bilhão na SpaceX em 2015, permitindo que Musk tivesse o financiamento necessário para criar a constelação de satélites.

Foguete Falcon 9 enviando satélites da SpaceX em 2018.

Naquele ano, Elon Musk afirmou que o foco seria “criar um sistema de comunicação global” e, ao longo prazo, reformular a internet no espaço.

Contudo, o período seguinte foi marcado por desastres. Entre 2015 e 2016, dois foguetes da SpaceX explodiram. A segunda explosão carregava um satélite que iria ser usado pelo Facebook para fornecer internet aos países subdesenvolvidos, o que gerou uma animosidade entre Mark Zuckerberg e Elon Musk.

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O que salvou a operação foi a aprovação do novo sistema de satélites pela Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC), que exigia que os satélites entrassem em funcionamento dentro de cinco anos, ou seja, em 2021. A SpaceX havia prometido que mais de 7.500 satélites entrariam na órbita baixa terrestre para oferecer serviços de comunicação em um espectro eletromagnético que não havia sido feito na história.

O projeto foi chamado “VLEO (Very-Low Earth Orbit, ou Órbita Terrestre Muito Baixa)”, orbitando com apenas 340 km de altitude.

Órbita Terrestre Muito Baixa, ou VLEO, corresponde à distância máxima de 400 km da Terra.

Em 2017, a SpaceX registrou o nome Starlink para essa operação de enviar internet ao espaço, batizando em homenagem ao livro “A Culpa é Das Estrelas”. 

Expansão da Starlink

Em 2018, as forças armadas americanas começaram a testar os equipamentos da Starlink para avaliar o funcionamento satélites VLEO. Desse modo, enxergando a real possibilidade dos feitos da Starlink, a Força Área dos Estados Unidos firmou um contrato de US$ 28 milhões para testar serviços específicos da empresa.

O resultado foi extremamente positivo para a Starlink. Em junho de 2019, 57 dos 60 satélites lançados à órbita terrestre eram totalmente funcionais. Assim, a SpaceX solicitou uma licença do governo americano para testar 270 terminais terrestres da Starlink, sendo 200 desses terminais nas casas de funcionários da empresa no estado de Washington.

Starlink
Os 60 satélites da Starlink antes de deixarem o foguete da SpaceX, em maio de 2019.

Ao mesmo tempo, em setembro do mesmo ano, a Starlink pediu autorização para triplicar o número de foguetes orbitais para enviar os satélites em apenas um lançamento.

De acordo com a SpaceX, essa mudança iria preparar o governo americano para oferecer cobertura de internet no sul dos EUA quando a temporada de furacões de 2020 chegasse. O governo, portanto, aprovou a mudança.

Em outubro de 2019, Elon Musk testou a rede da Starlink pela primeira vez, postando, obviamente, um tweet.

Em 2020 ocorre a grande expansão da Starlink, que permite cobertura global de internet. A empresa aumentou a sua velocidade de internet em novembro de 2020 e começou a receber seus primeiros usuários em fase beta ainda.

No ano seguinte, ou seja, 2021, a Starlink já contava com mais de 100 mil usuários.

Em maio deste ano, a SpaceX anunciou que a Starlink já conta com 400 mil assinantes.

Disponibilidade no Brasil

Em janeiro deste ano, a Anatel autorizou uso da internet via satélite da Starlink. A licença do órgão federal está vigente até 2027 e permite que os mais de quatro mil satélites da Starlink ofereçam banda larga para os brasileiros.

No entanto, inicialmente, a Starlink está disponível apenas nos grandes centros do Sul e Sudeste, excluindo o estado do Espírito Santo.

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No Brasil, a Starlink está disponível na região que abrange os grandes centros econômicos do país, com exceção de Brasília. De acordo com a empresa, a cobertura para o restante do Brasil deve chegar no quarto trimestre deste ano.

A Starlink disponibiliza as informações sobre a cobertura no seu site oficial, que pode ser acessado clicando aqui. Com isso, caso interessado, o usuário pode verificar se há cobertura da Starlink em seu endereço e quanto será cobrado.

Geralmente, o hardware necessário para usar a rede da Starlink custa R$ 3 mil e o envio do produto sai por R$ 350. O hardware necessário para usar a internet da Starlink conta com um roteador WiFi, fornecedor de energia, cabos e a base com a antena. A base é desenvolvida para instalações no solo, mas há três bases com antenas distintas que influenciam na conexão à internet, como a base de alto desempenho e a configuração é feita através do aplicativo da Starlink para iOS e Android.

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A antena e o roteador da Starlink.

A mensalidade custa quase R$ 600 e a conexão ainda não é das melhores.

Portanto, o ideal é esperar um certo tempo para usar a internet da Starlink, tendo em vista que o custo-benefício não é lá dos melhores.

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