Qual foi o primeiro computador que chegou ao Brasil?

Qual foi o primeiro computador que chegou ao Brasil?

A década de 50 é inegavelmente mágica, quando o assunto é o desenvolvimento da computação moderna e da comunicação. 

Alguns fatos relevantes desta década:

  • A IBM lançou seu primeiro computador (IBM 701);
  • Alan Turing cunhou o termo “inteligência artificial;
  • As famosas linguagens de programação Fortran e COBOL foram lançadas;
  • O primeiro HD chegou ao mercado (RAMAC 305);
  • O primeiro computador eletrônico de larga escala foi lançado (UNIVAC-1);
  • A União Soviética lançou o primeiro satélite artificial (Sputnik 1);
  • A SAGE revolucionou a comunicação de computadores em rede;
  • Experimentos começaram a ser realizados pelo MIT para a conexão de teclado em computadores.

Foi também nesta década que o Brasil recebeu seu primeiro computador. O UNIVAC 120, que também foi o primeiro computador comercial a chegar ao Japão.

Remontando a um passado em que os computadores estavam mais atrelados ao mundo militar e científico, a Remington Rand, com o UNIVAC (UNIVersal Automatic Computer – Computador Automático Universal), foi um grande personagem entre as primeiras gerações de computadores.

Projetado por J.Presper Ecket e Johh Mauchly, os responsáveis pelo lendário Eniac, o UNIVAC-1, lançado em 1951, foi o primeiro computador eletrônico de grande escala, concebido com um apelo comercial.

O lançamento aconteceu já sob uma nova administração. A Remington Rand, que teve enorme participação no fornecimento de produtos militares durante a Segunda Guerra Mundial, adquiriu a empresa de Ecket e Mauchly  Eckert–Mauchly Computer Corporation, em 1950. E em seguida formalizou a aquisição de outra empresa importante na computação naquela época, a Engineering Research Associate (ERA).

Não demorou muito para a administração mudar de mãos. Em 1955, a Remington Rand foi comprada pela Sperry Rand, que manteve a marca por muitos anos. E a própria Sperry se fundiu com a Burroughs em 1986, dando início a Unisy, que segue até hoje.

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No momento em que o UNIVAC surgiu era comum a associação direta do termo com computador, como se fosse sinônimos, tamanha sua popularidade. Seguindo com a mentalidade de um arranjo comercial, não demorou para que um sucessor do UNIVAC -1 aparecesse.

O sucessor, comercialmente, era nomeado em duas versões: UNIVAC 60 e UNIVAC 120,  o número do modelo indicava o número de dígitos decimais que ele poderia processar por cartão perfurado. Foram projetados com o intuito de ser uma versão mais barata do UNIVAC-1.

O Brasil adquiriu o UNIVAC 120 em 1957, marco que representa a chegada oficial de um computador ao país.

Mas antes de tratar diretamente sobre esse acontecimento, é importante relembrar que o Brasil vinha estabelecendo uma relação próxima com a Remington Rand/Sperry Rand nos anos anteriores.

No dia 29 de novembro de 1954, o Instituto de Organização Nacional do Trabalho – em colaboração com a a Casa Pratt, distribuidora da Remington Rand no Brasil, exibiu o filme e “UNIVAC ou O cérebro eletrônico” no auditório do IDORT.

Abaixo uma imagem da edição da Folha de S.Paulo do dia anterior à exibição registrando a chegada do executivo da companhia ao Brasil.

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A exibição contou até com uma preleção do diretor operacional da Remington Rand, que classificou essas máquinas  como “o maravilhoso invento eletrônico, capaz de realizar os mais complicados cálculos com uma eficiência milhares de vezes maior que a que proporcionam os aparelhos presentemente conhecidos”.

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Um dos anúncios veiculados pela Remington Rand na impresa brasileira em 1956 (Folha de S.Paulo)

Outro fato relevante foi a presença do general estadunidense Leslie L. Groves, conhecido pelo seu envolvimento na construção do Pentágono e direção do Projeto Manhattan, no Brasil em 1955, época em que atuava como vice-presidente da Sperry Rand, que, como vimos anteriormente, adquiriu a Remington Rand naquele ano. 

Groves veio ao Brasil para falar sobre os beneficios do computador – que boa parte da imprensa na época usava o termo “cérebro eletrônico” para se referir a essas máquinas -, e também comentar sobre como andava a expansão da máquina pelo mundo. Naquela época, como destacou o próprio executivo, o Brasil não tinha cacife para adquirir uma máquina dessa, que não sairia por menos de US$ 1,5 milhão.

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A chegada do primeiro computador ao Brasil ficou para 1957. Anunciado com exclusividade pelo Estado de S.Paulo num artigo intitulado “2.400 multiplicações por minuto”.  A matéria informava que “o governo de São Paulo adquiriu um computador eletrônico, o qual está sendo instalado no Departamento de Águas e Esgotos. O aparelho será utilizado para diversos fins, inclusive para cálculos de consumo de água”.

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Uma das publicidades sobre o UNIVAC 120

A máquina teria custado US$ 100 mil, e a operação ficou por conta de jovens engenheiros formados no recém-inaugurado Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA.

Considerado relativamente compacto para a época, o UNIVAC 120 tinha 2,44 metros de altura, 1,52 metros de largura, 1,83 metros de profundidade e pesava 3.175 Kg. Para seu pleno funcionamento, a máquina também exigia uma sala especialmente projetada com ar condicionado, iluminação adequada e sistemas de energia e segurança.

Equipado com 4.500 válvulas, o UNIVAC-120 fazia 12 mil somas ou subtrações por minuto e 2.400 multiplicações ou divisões, ao mesmo tempo.

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