Overclock na Memória RAM: O que é perfil XMP?

Overclock na Memória RAM: O que é perfil XMP?

Overclock é uma arte. Um equilíbrio entre performance e, ao mesmo tempo, e estabilidade no hardware que está sendo colocado à prova em alguma das inúmeras tentativas de fazer com que aquele componente vá além do especificado.

Para alcançar esse equilíbrio é preciso uma grande dose de estudo, diversas tentativas e coragem, já que overclock continua sendo visto por muitos como algo tremendamente arriscado e que deve ser evitado.

A realidade é que, tirando o lado competitivo, que é realmente algo extremo, que lida inclusive com materiais como nitrogênio líquido (LN2), o overclock para quem deseja apenas ganhar uns FPSs nos games ou ter seus módulos de memória operando mais rápido, por exemplo, é muito seguro, qualquer um com a dedicação necessária consegue “brincar” e entender melhor esse universo.

Falando especificamente sobre os módulos de memória RAM, o overclock nos últimos anos ficou ainda mais seguro e de fácil acesso devido a uma tecnologia criada pela Intel, o XMP (Extreme Memory Profiles). É e sobre ela que iremos explicar todos os detalhes neste artigo.

O que é perfil XMP?

No mesmo ano em que chegaram ao mercado, as memórias DDR3 foram contempladas com uma nova tecnologia desenvolvida pela Intel, o XMP, sigla para Extreme Memory Profile. O primeiro módulo de memória compatível com esse recurso foi anunciado pela OCZ em 2007.

Como comentei mais acima, o XMP é uma maneira de facilitar o overclock da memória RAM, além de tornar o processo mais seguro, fora totalmente do padrão tentativa/erro que é um cenário completamente comum no overclock manual, em que o usuário precisa ajustar de forma individual frequência, latência e tensão. Esses ajustes finos acaba deixando a operação como um todo bem mais complexa, ainda mais se estivermos falando de uma subida de frequência considerável.

Com o XMP há esse mesmo conjunto de definições que teriam que ser ajustadas de forma manual, a diferença é que tudo é entregue forma automática. Ao setar o perfil XMP, a memória (ou o kit instalado na máquina), teoricamente, passará a operar daquela maneira. Graças ao XMP os fabricantes de RAM conseguem vender módulos que vão muito acima do que é padronizado pela JEDEC, organização responsável pela padronização de dispositivos semicondutores.

Caso o perfil XMP não seja habilitado, a memória RAM irá operar seguindo o padrão da JEDEC. Para exemplificar, iremos utilizar como base memórias da linha Pichau Gaming T-Force Vulcan, uma parceria entre a loja Pichau e a fabricante de memórias Team Group.

Essa memória sai de fábrica com a frequência padrão da JEDEC, que no caso deste modelo é 2400 MHz, mas ela também trabalha com um perfil XMP. Ao ativá-lo a memória começa a operar em 3000 MHz. O número de perfis XMP pode variar, a Kingston Predator RGB, por exemplo, conta com dois: perfil 1 – 266 MHz / perfil 2 – 2933 MHz.

Beleza, você entendeu por alto como funciona o perfil XMP, agora vamos nos aprofundar um pouco mais no tema.

Durante o processo de boot, que é iniciado assim que você liga o computador, uma das atribuições é a leitura dos parâmetros especificados no módulo de memória RAM. Esses parâmetros, isto é, todas as características técnicas definidas sobre a forma como aquela memória RAM irá operar, ficam armazenadas num chip EEPROM, esse chip é conhecido como SPD (Serial Presence Detect).

Os módulos de RAM têm, a partir da DDR3, pelo menos 256 bytes para armazenar as informações do SPD. As informações referentes ao que é estipulado pela JEDEC ficam nos primeiros 64 bytes, o XMP explora o espaço entre 176 a 255 bytes.

Dentre as informações que esse chip armazena estão: códigos de identificação do módulo, detalhes sobre a frequência, tempos de acesso e CAS latency. Esse conjunto de especificações que será lido durante o processo de boot fará com que a memória RAM opere seguindo determinadas diretrizes. No caso de um módulo compatível com XMP, mas que está com o recurso desativado, o que será lido são as informações referente ao que foi estabelecido junto a certificação da JEDEC.

Quando você realiza a ativação do perfil XMP do seu módulo ou kit o que acontece é a execução de parâmetros diferentes, com configurações acima do padrão JEDEC, isso resulta no salto da frequência de operação da memória.

Há também duas classificações distintas relacionadas ao perfil XMP: Certified e Ready. Módulos Certified foram verificadas diretamente pela Intel, já o XMP Ready, significa que o processo de teste coube somente ao fabricante da memória. Uma equipe de engenheiros definiram os parâmetros e realizaram os testes de estabilidade, porém o resultado não foi submetido diretamente à Intel.

perfil xmp

Agora vamos pra uma parte nada legal. O XMP também exige um pouco de sorte. Como explicou perfeitamente Ronaldo Buassali, nesse post no fórum do TecLab, o objetivo do XMP é que os módulos operam com aquilo que foi definido pelos fabricantes, mas isso nem sempre ocorre, principalmente em módulos que operam com frequências bem elevadas.

Como o controlador de memória está presente no processador – é ele que determina, por exemplo, qual tecnologia de memória RAM (DDR3, DDR4, etc) sua máquina irá suportar -, a forma como o XMP irá performar tem relação total com a sua CPU, e por mais que você esteja usando um processador super poderoso, pode ocorrer variações bruscas de performances com o mesmo processador,  tudo depende de… sorte, isso mesmo, se o controlador interno de memória (Integrated Memory Controller) daquele seu processador é bom ou não. É aquela velha máxima da “loteria do Sílicio”

“Você pode ter dois CPUs de part number idênticos (mesmo modelo), tendo um controlador excelente (com ótima habilidade para operar em 4200 Mhz ou até mais), ou mesmo incapaz sequer de “bootar” a 3600 Mhz (dizemos, um CPU de IMC ruim)”, explica Buassali.

Vale destacar que essa capacidade do overclock automatizado via perfil também pode ser ativado numa plataforma com processador e placa-mãe voltada para AMD. A operação é semelhante, mas o nome que costuma ser aplicado é diferente: AMP (AMD Memory Profiles).

Como ativar o perfil XMP?

Antes de entrar na BIOS e configurar o perfil XMP da Pichau Gaming T-Force Vulcan eu apenas instalei os dois módulos no PC, iniciei o computador e abri o software CPU-Z para que você observe alguns parâmetros importantes.

Observe nesta primeira tela, na seção “timings table”, os perfis com que a T-Force Vulcan trabalha. Há o perfil padronizado na JEDEC e o XMP. Lembre-se que como estamos tratando de módulos DDR é preciso ter em mente que os valores são dobrados, portanto, na área onde está escrito 1499 MHz, você precisa considerar isso como x2 (3000 Mhz).

Nesta outra tela do CPU-Z, é possível observar como o módulo está operando neste momento. Como ainda não foi ativado o XMP, a memória está trabalhando na frequência padrão JEDEC: 1200 MHz x2 (2400 MHz).

Bom, após todos esses esclarecimentos sobre o que é e como funciona o perfil XMP chegou a hora de ver como ativar esse recurso em um módulo de RAM e placa-mãe compatível.

Para esse procedimento, além das memórias T-Force Vulcan utilizamos uma configuração com a placa-mãe Gigabyte X370 XP-SLI e o processador Core i7-8700K.

Para ativar o XMP a primeira coisa a ser feita é reiniciar o computador e acessar a BIOS. No caso desse modelo da placa-mãe que estamos utilizando, a opção para encontrar o XMP é a primeira, Advanced  Memory Settings.

Agora vamos até a sessão Extreme Memory Profile (X.M.P), repare que está Disabled (desabilitado). Ao clicar, surge Profile 1. Ao escolher esse perfil a memória irá aplicar este perfil XMP, que no caso desta memória, a sua frequência de operação será de 3000 MHz.

perfil xmp

perfil xmp

Após definir a configuração adequada e salvar os ajustes, a máquina será reiniciada. O perfil XMP já está ativo.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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