OPINIÃO: atraso dos chips de 7nm da Intel é mais um sinal que terceirizar a produção é a salvação

OPINIÃO: atraso dos chips de 7nm da Intel é mais um sinal que terceirizar a produção é a salvação

Mais uma vez a Intel não conseguirá cumprir o prazo inicial estipulado de uma transição de litografia. No ano passado, a outrora líder do mercado de semicondutores, divulgou que seu primeiro produto fabricado sob o processo de 7nm chegaria em 2021, mas tudo foi alterado.

A informação foi confirmada por Bob Swan, CEO da Intel. O executivo disse que o primeiro produto Intel de 7nm não será lançado até o final de 2022, ou início de 2023. Um tipo de déjà-vu já que esses adiamentos sucessivos também estiveram presentes na transição de 14nm para 10nm. Os chips de 10nm estavam  programados para serem lançados em 2015, mas só apareceram no ano passado.

A alteração confirmada pelo CEO da Intel não é apenas no cronograma de lançamento, mas támbem em relação ao primeiro produto que chegará ao mercado com essa litografia. Inicialmente, a Intel falou que seu primeiro produto de 7nm seria uma GPU voltada ao mercado corporativo, a Ponte Vecchio, voltada para supercomputação.

Essa GPU foi anunciada em novembro do ano passado. Em dezembro, a Intel confirmou que o lançamento estava programado para o quarto trimestre de 2021. O panorama agora é outro, além de não chegar em 2021, a primeira incursão da Intel em 7nm será através de um processador para cliente final. Esse processador pode ser tanto para notebooks quanto para desktop. A primeira CPU da Intel para servidor baseado em 7nm (Granite Rapids) chegará em 2023, inicialmente previsto para 2022.

Seguindo o rito de lançamento para o mercado de portáteis e posteriormente para o segmento desktop, é bem provável que esse chip seja uma versão para notebooks. Assim como a Intel fez, por exemplo, com a sua transição de 14nm para 10nm. Os chips Ice Lake, primeira família Intel Core de 10nm, foi projetada para portáteis.

No segmento desktop, com a recém-lançada 10ª geração Core (Comet Lake-S) a empresa continua com 14nm, seguindo aquele esquema de refinamento da litografia, o 14nm++. Os primeiros processadores Intel de 10n da Intel para desktop (Alder Lake) deve ser lançado no segundo semestre de 2021. O processo será o 10nm++.

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Vale recordar que em 2016 a Intel promoveu uma mudança significativa na forma como trata a produção dos seus chips. Ao invés do modelo tick-tock, onde num lançamento de chips “tick” era promovido um refinamento da litografia vigente, enquanto o lançamento “tock” representava uma transição, um novo processo tecnológico, a companhia segue atualmente um caminho em três etapas: Processo-Arquitetura-Otimização. Uma forma de entregar mais performance mantendo a mesma litografia por bem mais tempo no mercado através de melhorias no processo de produção. Essa mudança foi feita pelas dificuldades da empresa em cumprir a miniaturização da litografia.

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A confirmação desse novo atraso reitera que a Intel continua enfrentando dificuldades no processo de produção. Quando foi confirmado que o primeiro produto da Intel de 7nm seria uma GPU, o CEO Bob Swan admitiu que realmente a empresa enfrentou muitos problemas na produção de chips em 10nm, e que realmente tem sido muito difícil reduzir o processo de produção.

No entanto, caso não haja mais nenhuma alteração, o processo de 7nm chegará mais rápido do que a lenta transição de 14nm para 10nm. A Intel apostou pela primeira vez no processo de 14nm em 2014 e só foi passar para 10nm no ano passado, quebrando qualquer ligação do passado com a Lei de Moore e seu “mantra” de renovação há cada 2/2,5 anos.

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Com o primeiro produto Intel de 7nm aparecendo em 2022 teríamos uma janela de 4 anos para uma nova transição. Seria possível a Intel amortizar esses problemas com o cronograma de lançamento de produtos sob uma nova litografia? Na verdade sim.

Já disse algumas vezes aqui no site que existe uma diferença bem determinante entre IDM e Fabless. A Intel é uma das poucas IDMs ((Integrated Device Manufacturer) do mercado. Mas o que é IDM e Fabless. Bem direto: a Intel cuida da produção dos seus próprios chips, enquanto NVIDIA e Qualcomm, por exemplo, são fabless, eles passam a produção dos chips para outra empresa, como a TSMC, que atualmente é a líder no mercado de semicondutores.

Sabe qual outra empresa é uma fabless ? A AMD, sim, a eterna rival da Intel. A AMD já tem no mercado tanto CPUs quanto GPUs baseadas em 7nm. A produção fica com a TSMC. Além de estar em sintonia com um processo de produção mais atualizado, a AMD conseguiu se tornar competitiva novamente no mercado de CPUs de alta performance, segmento que a Intel vinha fazendo tudo o que queria há muitos anos, justamente pela carência de um concorrente realmente à altura.

Terceirizar a produção de parte de seus chips pode ser uma alternativa muito interessante para que a Intel possa dar passos mais largos. A Intel é muito resistente nesse sentido, já que continua apostando nos avanços internos que a sua litografia pode oferecer frente a de outras empresas. A terceirização da produção da Intel já acontece, mas só com produtos selecionados, e de baixo custo. A Intel possui cerca de um quinto de sua produção produzida por terceiros.

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Embora a Intel afirme que seu processo de produção de 10nm é equivalente ao de 7nm da TSMC, na prática, os chips da AMD estão incomodando a Intel. A linha Ryzen adquiriu uma fan base impressionante, deixou de ser uma alternativa, para muitos é tratado como a opção principal na ecolha de um novo processador.

Já faz um bom tempo que a Intel é pressionada a terceirizar seus melhores projetos, e não só os de baixo custo. Esse parece ser o caminho. Bob Swan fala em um plano de contingência, trabalhar diretamente com outros fabricantes. Uma forma de atender o que investidores e consumidores esperam.

Da mesma forma como a Intel deixou de lado o tick-tock ela também poderia abandonar, ou colocar em stand-by, a resistência de não recorrer aos avanços de produção de outros fabricantes, como a TSMC, que deve estar sorrindo de orelha a orelha frente a mais esse atraso da Intel, para os seus melhores projetos. Quando a Intel entrar com seu processo de 7nm, a TSMC já estará em 3nm.

Rumores sobre essa terceirização já pipocaram diversas vezes na internet, o que se especula é que tanto TSMC quanto Samsung poderiam ser os parceiros Intel para cuidar da produção. A Intel sempre veio a público desmentir tal movimentação. No entanto, o tempo está passando, a pressão aumentando. O caminho pode ser “baixar a bola” e fazer o que é melhor para continuar sendo realmente competitiva.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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