Hardware.com.br entrevista: Mariano Miranda

Hardware.com.br entrevista: Mariano Miranda

Hoje o nosso bate-papo é com o Mariano Miranda, gerente de marketing da AVG na América Latina. Durante a conversa Mariano alerta o grande perigo em torno dos ransomware, internet das coisas, as novidades do AVG 2016 e muito mais.

Hardware.com.br: Mariano obrigado por aceitar esse bate-papo conosco, queria que você começasse comentando sobre o panorama atual das principais ameaças do mercado. Realmente o Ransomware é o ponto central dos cibercriminosos?

Mariano Miranda: Ransomware realmente está em alta. Estima-se que só nos três primeiros meses de 2016 os prejuízos causados pelo ransomware é algo em torno de US$ 200 milhões. Esse crescimento dos ataques de ransomware se explica pelo fato de serem extremamente lucrativos e fáceis de monetizar tendo em vista que o criminoso recebe o pagamento diretamente das vítimas. No roubo de cartões de créditos, por exemplo, os dados geralmente são vendidos a terceiros que têm de adquirir produtos ou serviços que então são transformados em dinheiro. Hoje há toda uma indústria por trás do ransomware que vai desde a criação e vende de toolkits específicos para ransomwares até o surgimento de ransomware como serviço (Ramsonware-as-a Serice – numa analogia ao SaaS).

Mas há também um crescimento do spear phishing que é um phishing direcionado a uma determinada organização ou, menos frequentemente, indivíduo. Fazendo uma analogia com a pescaria, o phishing é como jogar uma rede e o que vier é lucro. Já o spear phishing, como o nome sugere, é uma pesca com arpão onde o pescador escolhe um alvo e ataca. Usa técnicas semelhantes ao phishing comum, mas com um forte apoio de engenharia social e começa com um levantamento sobre o alvo e o envio de e-mail como se fosse originado por alguém da empresa. Normalmente, após burlado os sistemas de segurança, são implantados APT(Advanced Persistent Threats) para espionar ou até mesmo sabotar por um longo período a organização vítima do ataque.

Hardware.com.br: Há no blog da AVG, um artigo com o seguinte título:  Internet das Coisas: a ameaça de segurança que está em tudo. Qual a sua opinião em relação a essa nova onda de mercado? Em 2020 a Cisco diz que teremos mais ou menos 50 bilhões de dispositivos conectados. Qual será o impacto dessa grande amontado de novos gadgets interligados? Já que em muitos casos terão um nível de segurança bem duvidoso, isso sem falar no próprio desconhecimento de muitos usuários, que insistem em não se atentar a princípios básicos como a troca da senha de um roteador Wi-Fi por exemplo.

Mariano Miranda:  A Internet das Coisas vai inexoravelmente se estabelecer em muitos aspectos da nossa vida, desde os smartwatchs e outros wearables até carros conectados e casas inteligentes. As possibilidades são muitas e muito promissoras. E assim como aconteceu com os smartphones, a partir do momento em que houver uma massa crítica de usuários e dispositivos conectados, o cibercrime verá uma oportunidade de obter ganhos e haverá uma aceleração rápida do surgimento de novas ameaças para esses dispositivos interconectados.

Isso exige que desde já os fornecedores de soluções IoT tenham grande preocupação com os aspectos relativos à segurança dos seus produtos. Será também necessário que os usuários se conscientizem das ameaças e de como se proteger delas. E a nós, empresa de segurança, fornecer soluções para esses dispositivos bem como ajudar as pessoas a entenderem as ameaças e as suas formas de prevenção.

Hardware.com.br: No ano passado a AVG conquistou a marca de 200 milhões de usuários, sendo que metade deste valor envolve a área móvel. Que pontos valem ser destacados dessa grande marca, e como elevar ainda mais esse valor com uma concorrência tão acirrada?

Mariano Miranda: A AVG sempre acompanhou a evolução da internet e dos diversos dispositivos a ela conectados. E evoluiu junto, passando de uma empresa de Antivírus para uma empresa de Segurança On-line. Hoje as pessoas usam desktops, notebooks, smartphones e tablets e é cada vez mais comum os dados utilizados estarem armazenados na nuvem com ferramentas como Dropbox, Evernote, One Drive e muitas outras.  Assim, é necessário que todos os dispositivos utilizados estejam protegidos porque o comprometimento de apenas um deles pode comprometer todos os nossos dados. E a AVG entende que precisa fornecer soluções para todos esses dispositivos. Ao mesmo tempo é preciso acompanhar a evolução tecnológica, principalmente do cibercrime. Se no passado arquivos de assinaturas com a identificação de ameaças conhecidas era suficiente, hoje é preciso muito mais. A AVG usa diversas técnicas para bloquear mesmo ameaças ainda não identificadas. Podemos citar, dentre essas técnicas, análise heurística, análise comportamental e o uso de sandbox.

Hardware.com.br: O segmento móvel realmente é a grande vitrine para as empresas de segurança atualmente?

Mariano Miranda: Sim. O mercado mobile é o que mais cresce e vai crescer nos próximos anos. E isso implica que é onde os cibercriminosos também vislumbram possibilidade de aumentar os seus lucros. Portanto é fundamental que as empresas de segurança ofereçam as proteções necessárias para enfrentar essas ameaças crescentes.

Hardware.com.br: Durante toda a repercussão em relação ao caso do malware Rombertik, Costin Raiu pesquisador-chefe do Karspersy disse que o hardware estará cada vez mais ligado com a invasão de computadores. Você concorda com tal afirmação? Mesmo os usuários aplicam recursos de segurança continuarão sendo vítimas de backdoors por exemplo, plantados por agências como a NSA?

Mariano Miranda: As ferramentas de segurança terão que ser capazes de detector esse tipo de ameaça.

Hardware.com.br:  Em fevereiro a Apple se negou a desbloquear o iPhone do terrorista envolvido no tiroteio que ocorreu no ano passado em San Bernadino, na Califórnia. Na visão de Tim Cook, presidente da Apple, a forma como o FBI fez o pedido do desbloqueio significava abrir margem para uma série de problemas ligados à segurança, já que significaria quebrar os próprios avanços que a Apple conseguiu com a segurança dos seus dispositivos.

Qual a sua opinião em relação ao caso? As empresas devem ou não contribuir, independentemente do pedido em investigações onde o terrorismo está envolvido?

Mariano Miranda: Por mais que desejemos a captura e punição de todos os terroristas e criminosos, entendemos que enfraquecer a segurança dos softwares e dispositivos com esse objetivo, traz uma ameaça ainda maior para os cidadãos comuns que precisam ter a sua privacidade e segurança preservadas.

Hardware.com.br: Para encerrar comente sobre o AVG 2016, quais são as principais novidades em relação a essa versão?

Mariano Miranda: A grande novidade, além da evolução natural e esperada dos produtos, é a disponibilidade de uma nova forma de licenciamento que permite que uma licença possa ser usada em todos os dispositivos do usuário, incluindo PCs, smartphones e tablets. O número de dispositivos é ilimitado para um indivíduo e a sua família. O gerenciamento desses dispositivos é feito através do aplicativo AVG ZEN que roda em PC ou Android e é gratuito.

Essa nova forma de licenciamento visa atender uma realidade do mercado onde cada vez utilizamos um número maior de dispositivos.

 

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Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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