A ascensão meteórica do Google Chrome

A ascensão meteórica do Google Chrome

Ontem (02) publicamos um gráfico bem interessante criado pela comunidade Data is Beautiful do Reddit que mostra as trocas de posição no mercado de navegadores, um levantamento que reúne dados desde 1996.

Nesse gráfico da pra ter uma noção da sempre lembrada “Guerra dos Navegadores”, o embate entre Netscape Navigator e Internet Explorer, e anos depois, a forma como o Chrome varreu o navegador da Microsoft e o Firefox, da Fundação Mozilla. Aproveitando que este mês o Chrome completa 11 anos, vamos relembrar a forma como o ousado navegador do Google deixou a concorrência pra trás em poucos anos.

O Google Chrome chegou oficialmente ao mercado no dia 02 de setembro de 2008, com o lançamento da versão beta do navegador. Naquele momento, o Internet Explorer, lançado em 1995, mantinha sua posição dominante – com 73,75% de quota de mercado, seguido pelo Firefox, com 18,41% do mercado mundial de navegadores.

A escalada para o que resultou no Chrome começou alguns anos antes, com a criação do projeto de código aberto Chromium. Ele seria a base de design e desenvolvimento para o navegador do Google e também para o seu sistema operacional, o Chrome OS. Desde o início a gigante das buscas tinha o objetivo de revolucionar o mercado de navegadores, assim como fez com o seu motor de buscas.

Essa revolução seria calcada em um browser mais estável, veloz e com uma usabilidade mais agradável ao usuário. O foco não devia ser o navegador, e sim os recursos da web.  No lançamento o Google fez questão de destacar essa filosofia: “é simplesmente uma ferramenta para alcançar o que realmente importa – as páginas, sites e aplicações que formam a web”.

Outro pilar fundamental para o desenvolvimento do Google Chrome foi outro navegador que despontava no mercado: Firefox. O Google mantinha um acordo com a Fundação Mozilla para que o seu motor de buscas estivesse implementado no navegador do panda vermelho (Sim, o animal que simboliza o Firefox não é uma raposa, e sim um panda vermelho!) A receita publicitárias proveniente das buscas era dividida entre as companhias.

Um modelo claro de win-win. O Google ganha receita e mantém sua posição dominante como buscador e o Firefox também recebe uma baita grana. A parceira foi interrompida em 2014, com a decisão do Firefox em adotar o Yahoo. No entanto, em 2017, retornou para os braços do Google, com o lançamento do Firefox Quantum. Voltando ao contexto da época de desenvolvimento do Chrome, no livro “A verdade por trás do Google” (Editora Planeta/ 2013), o autor, Alejandro Suaréz Sanchez-Ocanã, explica que devido a essa relação bem próxima com a Fundação Mozilla o Google estudou muito bem o terreno que estava entrando.

“É que enquanto o Google oferecia apoio técnico e financeiro ao Firefox, seus engenheiros estavam aprendendo com eles. A colaboração com a Fundação Mozilla não era tão desinteressada como poderia parecer à primeira vista. Nesse momento, estavam preparando seu próprio navegador; e que melhor maneira de fazer isso do que descobrindo como funcionava aquele que seria seu futuro concorrente?”, explica o autor.

A união entre um navegador que não tentou ser mais importante que a web e esse conhecimento prático que os engenheiros do Google puderam obter com o Firefox, que estava no mercado desde 2004, foram fundamentais para a ascensão meteórica do Chrome.

No ano em que o Google Chrome foi lançado o Firefox comemorava o feito de ter ultrapassado pela primeira vez em sua história a marca de 20% de mercado. Um ano após seu lançamento, o navegador da Mozilla chegava a 30,5% de quota de mercado, enquanto o Chrome e o Safari, navegador lançado pela Apple em 2003, estavam praticamente empatados, com uma média de 3%.

No ano seguinte a virada de mesa do Chrome começava a se desenhar. Apenas 16 meses desde seu lançamento, o navegador do Google tomou o lugar do Safari, ocupando a terceira posição entre os navegadores mais utilizado no mundo.

Em 2011 o Chrome já era o navegador mais popular do Brasil, registrando 39,81% de participação de mercado, seguido pelo Internet Explorer, com 34,43%. O Firefox ficou na terceira posição (23,83%). No penúltimo mês deste ano foi a primeira vez que o Chrome ultrapassou o Firefox no ranking mundial. Em 2012 o Google Chrome ultrapassou de vez o Firefox e o Internet Explorer, que reinava desde 1999.

Do topo do pódio o Chrome não saiu mais. O Google viu a participação de mercado de seus concorrentes diminuir e o seu navegador avançar de forma avassaladora. Atualmente o Chrome ostenta 70,71% de quota de mercado, seguido pelo Firefox (9,76%) e Safari (5,64%). A quota de mercado que o Chrome tem hoje é praticamente a mesma que o IE detinha quando o Google entrou no mercado de browsers.

Ultrapassar o Internet Explorer foi um feito extraordinário para a gigante de Mountain View. No livro “Como o Google Funciona” (Intrínseca / 2015), Jonathan Rosenberg, ex-vice-presidente sênior de produtos do Google e atual conselheiro do CEO da Alphabet Inc, explica que Eric Smitch, executivo fundamental para a ascensão do Google em diversas frentes, costumava dizer que a Microsoft viria para cima, onda atrás de onda. Assim como a Microsoft tentou ameaçar o Google no mercado de buscas, o Google foi com tudo pra cima da empresa de Bill Gates no mercado de navegadores e marcou território.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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