Os Tablets e a “Era Pós-PC”.

Os Tablets e a “Era Pós-PC”.
Os tablets já são os dispositivos de maior sucesso em 2012. Com uma quantidade cada vez maior de modelos disponíveis no mercado com possibilidades e limitações singulares, cabe a você se perguntar: Será que eu realmente preciso de um tablet? Tenho o perfil de usuário para este tipo de dispositivo? Ou eu só quero um?

No início da década de 80 a IBM lançava o que seria o primeiro PC (personal computer ou computador pessoal) de sucesso no mundo. O IBM PC 5150 custava na época o equivalente a 3 mil dólares e inaugurou o que mais tarde seria reconhecida como a “Revolução dos PCs” ou a “Era dos computadores pessoais”. Hoje, mais de 30 anos depois e com o surgimento dos tablets, muitos acreditam que estamos vivendo a “Era pós-PC” – onde dispositivos mais leves, intuitivos, baratos e conectados substituiriam nossos tradicionais computadores de mesa e notebooks.

Polêmicas à parte, o “pós-PC” não significa necessariamente o fim dos computadores como conhecemos. Eles certamente continuarão conosco ainda por muito tempo, mas a tendência é que deixarão naturalmente de serem os equipamentos protagonistas principalmente no âmbito doméstico. Os próprios notebooks estão evoluindo na direção de serem parecidos com os tablets, como o UltraBook da Intel, o MacBook Air da Apple e o Samsung Series.

Toda esta tendência vem sendo pautada em números concretos. Segundo o Instituto Gartner, em 2012, o mercado deve atingir a marca de 119 milhões de tablets vendidos; um crescimento de 98% em relação ao ano passado. Toda esta popularização tem como um dos principais motivos o surgimento de novos fabricantes, que acabaram fazendo frente ao monopólio inicial dos iPads da Apple. Os tablets “Xing Ling” chegaram. E eles têm algumas características em comum. Para começar, todos são controlados pelo Android, o sistema operacional livre da Google. Outro ponto em comum é que esses tablets normalmente não oferecem conexão celular, apenas via rede sem fio. Até existem modelos que navegam pelo 3G, mas são minoria. A outra característica em comum é o preço. Esqueça os R$1,5 mil, R$2 mil dos iPads, dos Galaxys ou dos Xooms. Aqui, os patamares são outros. Só para se ter uma idéia, estes aparelhos que não são fabricados por grandes marcas e que possuem limitações óbvias de recursos podem ser importados legalmente da China hoje em dia a partir de R$ 380.

Agora, a pergunta que não quer calar é: Vale a pena gastar por volta de R$380, R$700 em um tablet desses?

Esta não é uma questão daquelas que possuem uma única resposta assertiva. Para começar: não imagine que num aparelho desses você vá encontrar o mesmo nível de acabamento de um iPad ou ainda de um Galaxy. Nem a mesma qualidade de tela. A velocidade de resposta também não é a mesma. Outro problema latente destes equipamentos é a garantia do fabricante – a maioria não passa de 3 meses. Em outras palavras: não espere mágica. Evidentemente, esses aparelhos têm desempenho, qualidade, garantias e “mimos” menores que os das grandes marcas. É sempre uma questão de perfil de usuário e de custo/benefício.

No início, a maior dúvida em relação ao sucesso dos tablets era sua verdadeira funcionalidade. O formato era então indicado especialmente para quem desejasse apenas consumir conteúdo; ou seja, acessar uma página de internet, assistir um vídeo ou jogar games mais simples, por exemplo. Claro, escrever um pequeno texto, tirar uma foto também é possível. Mas… ainda hoje, muita gente não faz a mínima idéia pra quê eles servem de fato. Exageros à parte, além da facilidade de poder levar o aparelho para onde quer que seja, outra característica marcante dos tablets é a conectividade. Esses dispositivos permitem que você passe 24 horas do dia conectado à internet ou a rede da sua empresa; graças a grande autonomia das baterias (em alguns modelos até 10 horas) e as conexões 3G e Wi-Fi disponíveis nos aparelhos de maior qualidade.

A compatibilidade entre tablets e PCs também melhorou bastante hoje em dia. Além da possibilidade de trocar arquivos como você faria entre dois computadores tradicionais numa rede sem fio (wi-fi) ou via bluetooth, alguns modelos oferecem esquemas mais avançados de sincronia de conteúdo. Um exemplo é o próprio iPad que permite você utilizar a computação em nuvem privada da Apple (iCloud) ou discos virtuais gratuitos na internet como o DropBox, por exemplo. O formato dos arquivos em si também não é um problema. Todas as extensões populares de arquivos, como documentos do Word, planilhas do Excel ou e-books em PDF podem ser transportados e manipulados na gigantesca maioria dos tablets através de aplicativos que os interpretam.

Sejam movidos pelo iOS (sistema operacional da Apple que equipa os iPads) ou pelo Android, os tablets são dispositivos focados no acesso a aplicações leves e principalmente voltadas ao ambiente web. Eles se demonstram ideais, inclusive em detrimento dos próprios PCs e notebooks, para aqueles usuários ligados às redes sociais como o Facebook, MSN ou o Twitter – onde o interesse gira ao entorno de trocar mensagens, e-mails, ler notícias em tempo real ou compartilhar suas fotos instantaneamente. Entretanto, tentar rodar softwares mais pesados e originalmente desenvolvidos para computadores pessoais pode ser um tiro no pé ou simplesmente inviável em função de não haver compatibilidade com a plataforma em muitos casos.

Com base nisso tudo, cabe somente a você se perguntar: Será que eu realmente preciso de um tablet? Eu tenho o perfil de usuário para este tipo de dispositivo? Ou eu só quero um? Gosto não se discute. Mas aplicabilidades, possibilidades e limitações, sim. Comprar um equipamento erroneamente dimensionado para o seu perfil e expectativas de usuário certamente será um mau investimento, ao mesmo passo que escolher um dispositivo com bom custo/benefício vai lhe trazer mobilidade, produtividade e momentos de descontração.

Jackson Laskoski Colaborador do Hardware.com.br e Especialista em Administração de Redes de Computadores e em Informática Aplicada ao Ambiente Empresarial. Atualmente é professor da Universidade do Contestado e diretor técnico da ConexTI Soluções em TI. É mantenedor do blog http://JACK.eti.br e membro atuante de vários grupos de usuários e projetos open-source.

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