No final do ano passado, publiquei uma série de 3 tutoriais sobre o Slackware, abordando a instalação e a configuração do sistema, gerenciamento de pacotes e solução de problemas. Este tutorial é um complemento para a série, com mais algumas dicas de como configurar o sistema.
Antes de mais nada, certifique-se de ter lido as três partes anteriores:
https://www.hardware.com.br/tutoriais/slackware/
https://www.hardware.com.br/tutoriais/slackware2/
https://www.hardware.com.br/tutoriais/slackware3/
Agora que já estamos apresentados, vamos às dicas.
Como sempre, o mais básico para o uso do sistema é a navegação web. Versões antigas do Slackware utilizavam o antiquíssimo Netscape como suíte de navegação, mas nas atuais encontramos o Firefox, que dispensa apresentações. O Slackware não vem com o suporte a flash pré-instalado, o que dispara o “libnullplugin”, que é plugin padrão do firefox, responsável por instalar os plugins automaticamente:
Ele não funciona corretamente no Slackware, reclamando que o plugin não foi encontrado, mas basta clicar no botão de instalação manual para que ele o encaminhe ao site da Adobe, onde você pode baixar o arquivo manualmente. Faça download da versão “.tar.gz” do arquivo e copie o arquivo “libflashplayer.so” para dentro da pasta “.mozilla/plugins” dentro do diretório home. Essa pasta não existe por padrão no Slackware, mas basta criá-la:
Da primeira vez que abrir o Firefox, você vai perceber que o estilo da janela é realmente feio, um problema que no Slackware se estende a todos os outros aplicativos baseados na biblioteca GTK2. Felizmente, a solução é simples, basta ativar o gerenciador de temas do XFCE. Ele se encarrega de ajustar o tema usado pelos aplicativos GTK2:
A partir daí, você pode ajustar as fontes e o tema visual utilizando o comando “xfce-setting-show” (que também é chamado usando seu login de usuário, não o root), na opção “User Interface”.
Para que ele seja executado automaticamente na abertura do KDE, crie um link para aplicativo apontando para o comando “xfce-mcs-manager” (você pode criar novos links clicando com o botão direito sobre o desktop e usando a opção “Criar novo > Link para aplicativo”) e copie o atalho para dentro da pasta “.kde/Autostart” dentro do diretório home.
Se você tem o hábito de sempre trabalhar com um terminal aberto, outra opção é adicionar o comando ao arquivo .bashrc (também dentro do home). Como ele é executado sempre que um terminal é aberto, o problema também é resolvido:
Além do Firefox, estão disponíveis mais dois navegadores: o SeaMonkey e o Konqueror. O SeaMonkey (pronuncia-se “si-monquei”) é uma versão atualizada do “Mozillão”, que inclui o cliente de e-mails, livro de endereços e o editor HTML herdados do Netscape. Não é muito recomendável utilizá-lo hoje em dia, já que como navegador ele está bastante defasado em relação às versões recentes do Firefox, mas ele pode ser uma opção para máquinas antigas, já que é um pouco mais leve.
O Konqueror, por sua vez, é o navegador padrão do KDE 3, que faz também o papel de gerenciador de arquivos. O Konqueror oferece todos os recursos básicos de navegação, incluindo o suporte a tabs, suporte a plugins e (por ser integrado aos componentes do KDE) oferece um consumo de memória relativamente baixo ao navegar.
Você não precisa se preocupar em instalar os plugins separadamente para o Konqueror, pois ele é capaz de utilizar os plugins do Firefox automaticamente. Para que isso funcione, acesse as “Configurações > Configurar Konqueror > Plugins” e marque a opção “Procurar por novos plugins durante a inicialização do KDE”:
Como gerenciador de arquivos, o Konqueror também oferece muitos recursos. Se você tem um monte de imagens dentro de uma pasta e quer fazer um álbum de fotos, por exemplo, use o “Ferramentas > Criar Álbum de Imagens”. Clicando com o botão direito sobre um arquivo e indo em “Ações”, você abre um menu de contexto com opções relacionadas ao tipo de arquivo, permitindo compactar arquivos, converter imagens para outros formatos e assim por diante. Você pode também dividir a janela em duas (muito útil ao copiar arquivos de uma pasta para a outra) usando o “Janela > Separar visão” e abrir um terminal para executar comandos de texto dentro da pasta atual usando o “Ferramentas > Abrir Terminal”.
Uma curiosidade é que o KHTML (a engine de renderização do Konqueror) deu origem ao WebKit, o framework que é usado como base para o desenvolvimento do Safari (o navegador do MacOS X, usado também no iPhone) e do Google Chrome, sem falar do S60 Browser, que é o navegador usado nos smartphones da Nokia.
Ou seja, embora à primeira vista pareça apenas um navegador alternativo, o Konqueror é na verdade o pai de diversos projetos importantes. No KDE 4, ele perdeu o cargo de gerenciador de arquivos default para o Dolphin, mas apesar disso ele continua disponível como opção.
Como cliente de IM, você pode escolher entre o Kopete (que é o cliente nativo do KDE) ou o Pidgin, que é a opção mais popular atualmente. Ambos suportam o MSN e o Google Talk/Jabber (entre diversos outros protocolos) e são capazes de se conectar a várias redes simultaneamente.
Apesar de ser baseado na biblioteca GTK2, o Pidgin roda com um bom desempenho sobre o KDE, de forma que a escolha recai sobre as suas preferências. Regularmente (uma vez a cada um ou dois anos) a Microsoft realiza modificações no protocolo ou nos certificados dos servidores do MSN, que fazem com que tanto o Kopete quanto o Pidgin deixem de conectar. A solução nesses casos é atualizar para a versão mais recente, que via de regra traz suporte às modificações, restaurando a conectividade.
No caso do Pidgin, existe também a opção de usar o MSN-Pecan, um fork do plugin que dá suporte à rede MSN, que pode ser usado como uma solução emergencial para casos em que a atualização oficial demora para sair. Ele é um pacote adicional, que pode ser baixado no http://code.google.com/p/msn-pecan/. No caso do Slackware, ele pode ser instalado através do Slackbuilds.org, que vimos no tópico anterior.
O Slackware não inclui o Skype, mas você pode instalá-lo baixando manualmente o pacote disponível no www.skype.com. A dica é sempre baixar o pacote “Static” (em vez do Dynamic), já que ele inclui todas as bibliotecas necessárias, evitando erros por falta de bibliotecas.
Ele é um pacote compactado simples, que inclui o executável do programa junto com outros componentes. Você pode simplesmente descompactá-lo em uma pasta dentro do diretório home e usar o comando “./skype” dentro da pasta quando quiser abrí-lo.
Se quiser fazer uma instalação em nível de sistema, você pode instalá-lo na pasta “/opt” (que é destinada justamente a instalar programas diversos). Basta copiar o arquivo para ela e descompactá-lo, como em:
# cp /opt
# tar -jxvf skype_static-2.0.0.72.tar.bz2
Para finalizar, crie o link “/usr/bin/skype” apontando para o executável dentro da pasta, para que você possa chamá-lo diretamente pelo terminal, sem precisar digitar o caminho completo:
O Skype vem perdendo espaço para serviços baseados no protocolo SIP, como o Vono e o Talky. Você pode usá-los no Linux através do Ekiga, um cliente de VoIP bastante capaz, que é capaz de se conectar a diversas redes, fazendo e recebendo ligações. Diferente da maioria das outras distribuições atuais, o Slackware não o inclui por padrão, mas é possível instalá-lo através do http://slackbuilds.org/.
Embora os webmails sejam cada vez mais populares, o Slackware inclui o Thunderbird, o cliente de e-mails primo do Firefox. O principal recurso do Thunderbird é um filtro anti-spam adaptável, que uma vez ativado, aprende a classificar as mensagens de acordo com os seus critérios. Nos primeiros dias, você vai marcando manualmente as mensagens que são spam e as que não são e logo ele aprende a eliminar os spams sozinho.
Na parte gráfica, temos o Gimp e o Kolourpaint. O Gimp é um editor de imagens, no estilo do Photoshop, que permite tratar fotos e aplicar efeitos. Ele é muito avançado, com uma quantidade impressionante de opções e efeitos e por isso também é um pouco difícil de usar, enquanto o Kolourpaint é um editor de imagem simples, no estilo do Paint, que permite fazer desenhos e retoques rápidos.
Eles são complementados pelo Krita (um programa de desenho vetorial bastante capaz), o GQview (um visualizador de imagens que permite realizar ajustes rápidos) e o Ksnapshot, um aplicativo bastante flexível para tirar screenshots da tela, que permite especificar tempos de espera (permitindo que você chegue aos menus mais escondidos), capturar apenas a janela do aplicativo em foco e salvar os screenshots diretamente em vários formatos. Além de tirar screenshots da tela inteira, ele permite também tirar screenshots de janelas. Para isso, basta marcar a opção “Janela sob o cursor”.
O Slackware 12.2 usa o gXine como player de vídeos padrão. Ele é um player meio sem sal, que não possui nenhuma característica em especial, mas que faz o trabalho, lidando com arquivos de formatos comuns.
Para assistir DVDs, você vai precisar do pacote “libdvdcss”. Ele não é incluído no Slackware por padrão, mas você pode encontrá-lo pesquisando por “libdvdcss” no http://www.linuxpackages.net.
Outro passo importante é ativar o DMA para o drive óptico, usando o comando “hdparm -d1 drive”, como em:
Em máquinas antigas, o “/dev/hda” é geralmente o dispositivo do HD, mas nas atuais (que utilizam HDs SATA), a primeira porta IDE é usada pelo drive óptico, daí ele herdar a localização. Aproveite também para adicionar o comando no final do arquivo “/etc/rc.d/rc.local” para que ele seja executado durante o boot.
Para áudio, a melhor opção dentro do KDE é o Amarok, que permite gerenciar todas as suas músicas em um local central, com direito a download automático de letras e capas, organização por artista ou album baseada nas tags ID3 e diversos outros recursos.
Se você quer apenas um player de mídia simples, pode utilizar o Audacious, que também faz parte da instalação padrão. Ele é um player da velha guarda, voltado para o uso de playlists (no estilo do WinAMP), que assumiu o posto do antigo XMMS, oferecendo uma interface e funções similares.
Por questões de espaço, o Slackware não inclui o OpenOffice, utilizando por padrão os aplicativos do Koffice, que é a suíte de escritório do KDE. Eles oferecem a vantagem de serem mais leves que os equivalentes OpenOffice e possuírem menos funções, o que os torna mais fáceis de usar para muitos.
Se você realmente precisa de uma suíte de escritório, vai acabar se deparando com as limitações do Koffice e decidindo migrar para o OpenOffice/BrOffice, o que nos leva à dica de como instalá-lo no Slackware.
Acessando o http://www.broffice.org/, você notará que não estão disponíveis pacotes para o Slackware. Apesar disso, é possível instalar através do arquivo com os pacotes RPM, convertendo-os para o formato do Slackware usando o comando “rpm2tgz”.
Este processo de conversão de pacotes de uma distribuição para outra é um último recurso usado em casos em que você instalar um determinado aplicativo que está disponível apenas no formato usado por outra distribuição. Na maioria dos casos, converter pacotes resulta apenas em problemas, mas em alguns casos específicos, como no caso do BrOffice sobre o Slackware, a instalação é tranquila.
O primeiro passo é baixar o arquivo da versão mais recente no http://broffice.org/download. Estão disponíveis dois pacotes para Linux: com pacotes .deb e com pacotes .rpm. No exemplo, vamos utilizar a segunda versão.
Apesar da extensão “.tar.gz”, não se trata de um pacote contendo código-fonte, mas simplesmente um arquivo compactado contendo vários arquivos. O primeiro passo é descompactá-lo, o que no terminal é feito usando o “tar -zxvf”, como em:
Acesse a pasta que será criada (cd pasta/) e, dentro dela, use o rpm2tgz para converter os pacotes. Para não precisar ficar convertendo um por um, você pode usar este mini-script:
O próximo passo é instalar os pacotes .tgz gerados por ele:
Com isso, o BrOffice estará instalado, mas ainda faltará um passo importante, que é criar os ícones no menu. Sem eles, você precisaria ficar abrindo o aplicativo usando o comando “/opt/broffice.org3.0/program/soffice.bin”, o que não seria muito prático.
Para criar os ícones, acesse a pasta “desktop-integration” e converta o pacote “broffice.org-freedesktop-menus” (apenas ele), novamente usando o rpm2tgz:
Antes de instalar o pacote, use o comando abaixo para criar o link simbólico que ele espera encontrar:
Finalmente, instale o pacote usando o installpkg:
Na mesma pasta estão disponíveis outros pacotes, com ícones para vários ambientes gráficos, mas no caso do Slackware precisamos apenas do pacote do Freedesktop, que cria os links nos lugares certos.
Assim como em outras distribuições atuais, o Slackware 12.2 (em diante) é capaz de configurar impressoras automaticamente quando plugadas, trabalho que é feito graças à combinação do HAL (o mesmo serviço que se encarrega de detectar pendrives e outros dispositivos) e do Cups (o servidor de impressão). O único problema é que o Cups fica desativado por padrão no Slackware, o que torna necessário ativar o serviço manualmente:
# /etc/rc.d/rc.cups start
Uma vez ativado o serviço, a impressora deve ser detectada automaticamente depois de plugada. Nos raros casos em que isso não acontece, você pode ainda configurá-la manualmente usando o kaddprinterwizard, que é o configurador de impressoras do KDE 3:
Na tela principal do kaddprinterwizard estão disponíveis várias opções. Ele permite instalar tanto impressoras locais quanto impressoras de rede. Podem ser configuradas impressoras compartilhadas em máquinas Windows, em outras máquinas Linux da rede ou mesmo impressoras ligadas a um servidor de impressão:
Como era de se esperar, a opção “Impressora local” permite configurar uma impressora local, ligada na porta paralela ou USB. Na segunda tela ele mostra a porta e o modelo das impressoras encontradas e, em seguida, você pode escolher o driver, configurar o tipo de papel e qualidade de impressão.
A opção “Impressora SMB compartilhada” permite instalar uma impressora compartilhada no Windows ou em um servidor Linux rodando o Samba, enquanto a “Servidor Cups remoto” permite instalar uma impressora compartilhada em um servidor Linux através do Cups. Em geral os clientes configuram estas impressoras automaticamente, mas esta opção permite configurar manualmente caso a autodetecção falhe.
Na segunda tela você deve indicar a localização da impressora. Se você está instalando uma impressora local, indique se ela está conectada na porta paralela ou em uma porta USB. Em geral, ele acha a impressora sozinho e só pede sua confirmação. Caso você esteja instalando uma impressora de rede, ele pedirá o IP ou nome do servidor e o nome da impressora compartilhada.
O próximo passo é indicar o driver de impressão que será usado, com base na marca e modelo da impressora. Como de praxe, caso o driver para o modelo exato para a impressora não apareça na lista, você pode testar drivers de modelos similares, usando o teste de impressão e voltando para testar outros drivers caso necessário:
Uma observação importante é que a maioria destas dicas não são necessárias em outras distribuições que fazem tudo automaticamente. Você não precisa instalar o BrOffice manualmente no Debian Lenny, por exemplo, pois ele é instalado automaticamente no lugar do OpenOffice ao escolher o português do Brasil como linguagem no início da instalação. Não precisa instalar o plugin do Flash manualmente no Ubuntu, pois o libnullplugin o instala corretamente da primeira vez que você acessa uma página que utilize o plugin, e assim por diante.
A ideia de mostrar estes passos manuais é justamente permitir que você possa entender melhor como o sistema funciona antes de partir para outras distribuições. E, para isso, nada melhor do que arregaçar as mangas. 🙂
Wireless: Assim como praticamente todas as distribuições atuais, o Slackware inclui o udev, que se encarrega de detectar e ativar a placa wireless quando os drivers necessários estão disponíveis. Ele também inclui a maior parte dos drivers disponíveis, incluindo os firmwares. Entretanto, ele não inclui o networkmanager, nem nenhuma outra ferramenta de configuração amigável, o que torna necessário configurar a rede wireless usando diretamente o “iwconfig” e o “wpa_supplicant”, as ferramentas de configuração manual. Vamos então a um resumo sobre a configuração da rede no Slackware.
Você pode verificar se sua placa wireless foi detectada pelo sistema usando o comando “cat /proc/net/wireless”, como em:
face | tus | link level noise | nwid crypt frag retry misc | beacon | 22
wlan0: 0000 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Veja que no exemplo minha placa wireless foi detectada e é vista pelo sistema como “wlan0“, uma informação que vamos precisar ao ativar a conexão. Se, por outro lado, o comando não retornar nada, significa que sua placa ainda não foi detectada, nesse caso, veja as dicas seguintes.
Se você utiliza uma rede com encriptação WPA ou WPA2, a conexão é feita usando o “wpa_supplicant“, que nas versões recentes do Slackware está disponível dentro da categoria “N”. Ele é instalado por default, de forma que se você não o desmarcou durante a instalação, ele já estará disponível.
Para usá-lo, o primeiro passo é criar o arquivo de configuração do wpa_supplicant, contendo o SSID e a passphrase da sua rede. Para isso, rode o comando “wpa_passphrase” seguido do SSID da rede e a passphrase (a senha), como em:
Ele retorna a configuração que deve ser incluída no arquivo, como em:
ssid=”minharede”
#psk=”minhapassphrase”
psk=24b0d83ee1506019e87fcf1705525ca60abbd9b24ac5bedf183620d0a22ab924
}
Note que ele inclui duas linhas “psk”, onde vai a passphrase. A linha que está comentada contém sua passphrase real, enquanto a segunda contém um “hash” (verificador), que funciona da mesma forma, mas evita que você precise deixá-la disponível dentro do arquivo para qualquer um ver. Apague a linha comentada, deixando apenas a segunda linha, com o hash.
Agora edite (ou crie) o arquivo “/etc/wpa_supplicant.conf“, de forma que ele contenha apenas as linhas retornadas pelo comando. Se preferir, você pode usar também o comando abaixo (como root), que cria o arquivo automaticamente:
Agora vem o comando que ativa o wpa_supplicant, especificando a placa de rede que será usada, o arquivo de configuração que acabamos de criar e o driver que será usado:
O “wlan0” no comando indica a interface de rede, e naturalmente deve ser alterado conforme necessário. O “wext” é o driver (interno do wpa_supplicant) que será usado.
Atualmente, o driver wext é usado em quase todos os casos, inclusive no caso de placas configuradas através do Ndiswrapper (usando o driver do Windows) e no caso das placas com chipset Intel. A única exceção fica por conta das placas com chipset Atheros, onde você deve substituir o “wext” por “madwifi”.
Por causa da opção “-d” que incluímos no comando anterior, o wpa_supplicant é executado em modo verbose, onde são mostrados detalhes sobre a conexão com o ponto de acesso. Este modo é interessante para descobrir problemas. Se a conexão for bem-sucedida, você terá (depois de uma rápida sucessão de mensagens), algo como:
CTRL-EVENT-CONNECTED – Connection to 00:50:50:81:81:01 completed (auth)
EAPOL: External notification – portValid=1
EAPOL: External notification – EAP success=1
EAPOL: SUPP_PAE entering state AUTHENTICATING
EAPOL: SUPP_BE entering state SUCCESS
EAP: EAP entering state DISABLED
EAPOL: SUPP_PAE entering state AUTHENTICATED
EAPOL: SUPP_BE entering state IDLE
EAPOL: startWhen –> 0
Estas mensagens indicam que ele se conectou ao ponto de acesso com o endereço MAC “00:50:50:81:81:01” e que a conexão está disponível para transmitir dados.
Para confirmar, rode o comando “iwconfig“, que mostrará algo como:
eth0 no wireless extensions.
eth1 IEEE 802.11g ESSID:”casa“
Mode:Managed Frequency:2.447 GHz Access Point: 00:50:50:81:81:01
Bit Rate=54 Mb/s Tx-Power:32 dBm
RTS thr=2347 B Fragment thr=2346 B
Encryption key:
Security mode:restricted
Power Management:off
Link Quality:65/100 Signal level:-54 dBm Noise level:-96 dBm
Rx invalid nwid:0 Rx invalid crypt:0 Rx invalid frag:0
Tx excessive retries:0 Invalid misc:0 Missed beacon:0
Isso significa que ele se conectou com sucesso ao ponto de acesso. A partir daí, você precisa apenas configurar os parâmetros da rede (IP, máscara, gateway e DNS) usando a ferramenta apropriada para que a conexão fique disponível.
Se, por outro lado, você receber mensagens como:
Selecting BSS from priority group 0
No suitable AP found.
Setting scan request: 5 sec 0 usec
Starting AP scan (broadcast SSID)
Wireless event: cmd=0x8b1a len=8
… significa que a conexão não foi estabelecida. Pode ser que o seu notebook esteja muito longe do ponto de acesso, fora da área de alcance, ou mesmo que o transmissor da placa wireless do notebook esteja desativado.
Caso o ponto de acesso tenha sido configurado para não divulgar o SSID, experimente encerrar o wpa_supplicant, definir o SSID da rede manualmente usando o iwconfig e em seguida iniciá-lo novamente, como em:
# iwconfig wlan0 essid casa
# wpa_supplicant -i wlan0 -c /etc/wpa_supplicant.conf -d -D wext
Depois de testar e ver que a conexão está funcionando corretamente, você pode passar a usar o comando a seguir, trocando o “-d” por “-B“. Isso faz com que o wpa_supplicant rode em modo daemon, sem bloquear o terminal nem mostrar mensagens na tela:
Depois de conectar na rede, falta apenas fazer a configuração dos endereços, da mesma forma que faria ao configurar uma placa de rede cabeada. Para configurar a rede via DHCP, usamos o comando “dhclient”, seguido pela interface de rede, como em:
Para configurar a rede manualmente, usamos o comando “ifconfig” (que permite definir o endereço IP e a máscara) e o “route” (que define o gateway), como em:
# route add default gw 192.168.1.1 dev wlan0
Veja que ao usar o comando route, é necessário especificar a interface no final do comando. Finalmente, é necessário editar o arquivo “/etc/resolv.conf”, especificando o endereço do(s) servidor(es) DNS. Uma forma rápida de fazer isso é usar o echo para escrever diretamente no arquivo:
Para não precisar ficar digitando os comandos novamente a cada boot, você pode criar um script contendo os comandos de configuração e passar a executá-lo quando quiser se conectar à rede. Basta criar um arquivo de texto contendo os comandos para conectar ao ponto de acesso e configurar os endereços da rede, como em:
# Conecta ao ponto de acesso usando o wpa_supplicant
wpa_supplicant -i wlan0 -c /etc/wpa_supplicant.conf -B -D wext
# Configura a rede via DHCP
dhclient wlan0
ou:
# Conecta ao ponto de acesso usando o wpa_supplicant
wpa_supplicant -i wlan0 -c /etc/wpa_supplicant.conf -B -D wext
# Configura a rede manualmente
ifconfig wlan0 192.168.1.65 netmask 255.255.255.0 up
route del default
route add default gw 192.168.1.1 dev wlan0
echo “nameserver 208.67.222.222” > /etc/resolv.conf
Depois de salvar o arquivo, ative a permissão de execução, usando o comando “chmod +x scrip”, como em:
A pasta “/usr/local/bin” é um bom lugar para salvar seus scripts, pois ela faz parte do path (o que faz com que os scripts passem a ser vistos como comandos de sistema) e ela vem vazia por padrão na maioria das distribuições. Você pode também salvar os scripts dentro do home (ou em outra pasta qualquer), mas nesse caso você vai precisar especificar o caminho completo ao executar o script.
Você pode também adicionar os comandos ao final do arquivo “/etc/rc.d/rc.local” (o que faz com que eles passem a ser executados automaticamente no final do boot), ou usar o script “/etc/rc.d/rc.wireless.conf”, que é a forma tradicional de configurar placas wireless no Slackware. Entretanto, você vai perceber que configurar a placa através dele é mais complicado do que simplesmente ativar a rede manualmente e criar seu próprio script.
Uma observação importante é que ao ser executado usando o parâmetro “-B”, como fizemos dentro do script, o wpa_supplicant fica ativo continuamente, tentando se conectar ao ponto de acesso até conseguir. Se você precisar alterar a configuração da rede, precisa primeiro finalizá-lo antes de poder executar o script novamente, usando a nova configuração. Para isso, finalize o processo usando o comando “killall”, como em:
Se você precisar se conectar a redes sem encriptação, ou a redes com encriptação WEP, a conexão é mais simples, feita usando o comando “iwconfig”.
Para se conectar ao ponto de acesso, o primeiro passo é definir o SSID da rede, como em:
Para as redes sem encriptação, este único comando é suficiente para se associar à rede. Para as redes com ecnriptação via WEP, o próximo passo é especificar a chave usando o parâmetro “key”. Ao usar caracteres hexadecimais, a chave terá 10 dígitos (“123456789A” no exemplo) e o comando será:
Se a chave for em ASCII, onde cada caracter equivale a 8 bits, a chave terá apenas 5 dígitos (“qwert” no exemplo) e o comando será:
Veja que ao usar uma chave em ASCII você precisa adicionar o “s:” antes da chave. Ao configurar o ponto de acesso para usar uma chave de 128 bits, a chave terá 26 dígitos em hexa ou 13 em ACSII. Depois de terminar a configuração inicial, você pode ativar a interface com o comando:
Usando o Ndiswrapper: Para as placas que não são suportadas pelo sistema (e não aparecem ao rodar o “cat /proc/net/wireless”), a opção mais simples é usar os drivers do Windows através do Ndiswrapper. Ele não está disponível nos repositórios do Slackware, mas você pode instalá-lo através do SlackBuild disponível no http://www.slackbuilds.org/, seguindo o exemplo do tópico sobre instalação de programas.
Para usar o Ndiswrapper, você precisa ter em mãos o driver da placa para Windows XP, que pode ser encontrado no CD de instalação ou no site do fabricante. Comece descompactando o arquivo do driver em uma pasta qualquer do sistema, de forma que os arquivos “.inf” que fazem parte do driver fiquem visíveis. No caso dos arquivos disponibilizados no formato .exe, você pode descompactar usando o comando cabextract, como em “cabextract sp36684.exe”.
Para carregar o driver, acesse a pasta contendo os arquivos e carregue o arquivo .inf usando o comando “ndiswrapper -i”, como em:
Rode agora o comando “ndiswrapper -l” para verificar se o driver foi mesmo ativado. Você verá uma lista como:
gplus driver present, hardware present
Com o driver carregado, ative o módulo com o comando:
Se tudo estiver ok, o led da placa acenderá, indicando que ela está ativa. As placas ativadas através do Ndiswrapper são sempre detectadas como “wlan0”, independentemente do driver usado. Com a placa ativa, falta apenas configurar a rede usando o wpa_supplicant ou o iwconfig, seguindo os mesmos passos que vimos anteriormente.
Se a placa não for ativada, você pode ainda tentar uma versão diferente do driver. Nesse caso, você precisa primeiro descarregar o primeiro driver. Rode o Ndiswrapper -l para ver o nome do driver e em seguida descarregue-o com o comando “ndiswrapper -e“.
Se o driver se chama “gplus“, por exemplo, o comando seria:
Você pode então testar um driver diferente, carregando-o com o comando “ndiswrapper -i”. Em alguns casos, o próprio driver para Windows XP que acompanha a placa funcionará. Em outros é preciso usar alguma versão específica do driver. Você pode encontrar várias dicas sobre placas testadas por outros usuários do Ndiswrapper no http://ndiswrapper.sourceforge.net/, na seção “Documents/Wiki > List of cards know to work”.
Para que a configuração seja salva e o Ndiswrapper seja carregado durante o boot, você deve rodar o comando:
Em seguida, adicione a linha “ndiswrapper” no final do arquivo “/etc/modules”, para que o módulo seja carregado durante o boot.
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