O Debian não utiliza o NetworkManager por padrão (ele é instalado apenas ao marcar a categoria “Laptop” durante a instalação), o que é na verdade uma boa coisa dentro da ideia de um sistema simples e leve, pois permite que você simplesmente configure a rede manualmente através do arquivo “/etc/network/interfaces”, sem precisar se preocupar com o applet do NetworkManager, como no Ubuntu.
Por default, o sistema configura a rede via DHCP, o que atende à maior parte dos usuários, que simplesmente acessam através de uma conexão compartilhada. Descontados os comentários, a configuração default no arquivo “/etc/network/interfaces” é similar a esta:
iface lo inet loopback
iface eth0 inet dhcp
Para configurar a rede manualmente, basta substituir o “inet dhcp” por “inet static”, especificando os endereços diretamente, como em:
iface lo inet loopback
iface eth0 inet static
address 192.168.1.2
netmask 255.255.255.0
network 192.168.1.0
broadcast 192.168.1.255
gateway 192.168.1.1
Ao configurar a rede manualmente, você deve especificar também os endereços dos servidores DNS que serão usados no arquivo “/etc/resolv.conf“, com em:
nameserver 208.67.220.220
Se você usa uma placa wireless, deve fazer a configuração em dois passos que vimos no tópico sobre o NetworkManager, gerando a configuração do wpa_supplicant e adicionando as duas linhas extras no final do arquivo “/etc/network/interfaces”. Se a placa é vista pelo sistema como “wlan0” (use o comando “cat /proc/net/wireless” em caso de dúvida) o SSID da rede é “gdhn” e a chave de acesso é “gdh12345”, o comando seria:
Gerado o arquivo, falta apenas ajustar a configuração no arquivo “/etc/network/interfaces”. Ao usar DHCP, ela ficaria:
iface lo inet loopback
iface wlan0 inet dhcp
wpa-driver wext
wpa-conf /etc/wpa_supplicant.conf
Você pode também configurar a rede usando meu script de configuração, disponível no:
https://www.hardware.com.br/dicas/script-wireless-debian-ubuntu.html
Se você precisa se conectar a várias redes wireless diferentes, existe a opção de usar os comandos manuais, que permitem conectar e desconectar conforme necessário. Nesse caso o primeiro passo é gerar arquivos de configuração diferentes para cada rede usando o wpa_passphrase.
A partir daí, use os comandos a seguir para se conectar, especificando o arquivo de configuração apropriado para a rede à qual quer se conectar:
# wpa_supplicant -i wlan0 -c /etc/rede1.conf -B -D wext
# dhclient wlan0
O “killall wpa_supplicant” é necessário para finalizar instâncias anteriores do wpa_supplicant que estejam ativas, já que, uma vez ativado, ele fica ativo em background até que o micro seja desligado. É preciso também esperar dois ou três segundos antes de usar o “dhclient wlan0”, para que o wpa_supplicant tenha tempo de estabelecer a conexão.
Para facilitar, você pode transformar estes comandos em um pequeno script, que pode usar de maneira mais prática:
killall wpa_supplicant
wpa_supplicant -i wlan0 -c /etc/$1.conf -B -D wext
dhclient wlan0
Nesse exemplo, bastaria indicar o arquivo de configuração que seria usado ao executar o script, como em:
Outra observação é que, os firmwares necessários para ativar placas wireless com chipset Intel ou Ralink foram movidos para o repositório “non-free” e precisam ser instalados manualmente, através de um destes três pacotes:
firmware-iwlwifi : Firmware para placas Intel Wireless 3945 e 4965
firmware-ipw2×00 : Firmware para placas Intel Pro Wireless 2100, 2200 e 2915
firmware-ralink : Firmware para placas Ralink RT2561, RT2571, RT2661 e RT2671
Basta reiniciar o PC (ou descarregar e recarregar os módulos manualmente) depois de instalar o pacote referente à placa para que os firmwares passem a ser carregados e ela passe a ser ativada automaticamente durante o boot. Como pode imaginar, estes pacotes fazem parte do repositório “non-free”, que deve ter sido previamente ativado.
Se você usa uma conexão 3G, seja utilizando um modem USB ou o próprio smartphone, pode conectar seguindo as dicas do livro Smartphones, Guia Prático, ou simplesmente utilizar meu script de conexão, disponível no: https://www.hardware.com.br/dicas/script-vivo-zap.html
Caso você opte por utilizar o NetworkManager, a configuração é bem similar à do Ubuntu, com o uso do nm-applet (no caso do GNOME) ou do KNetworkManager, no caso do KDE.
Um dos motivos de muitos não gostarem de usar o NetworkManager é a necessidade de fornecer a senha para destravar o chaveiro de senhas a cada boot. Para quem não está muito preocupado com a segurança, existe a opção de salvar as chaves diretamente na configuração do KNetworkManager (dispensando assim qualquer autenticação adicional), o que pode ser feito no “Opções > Configurar > Configuração Geral > Guardar as chaves na Configuração”.
O problema nesse caso é que as chaves são armazenadas em texto puro (dentro do arquivo “.kde/share/config/knetworkmanagerrc”, dentro do home) o que abre brechas para ataques, caso alguém consiga acesso a alguma das máquinas:
Chaves armazenadas em texto puro nem sempre são uma boa idéia… 🙂
Outra opção para quem quer um gerenciador de redes gráfico é o Wicd(http://wicd.sourceforge.net/) um gerenciador mais simples, que utiliza o NetworkManager como backend, manipulando a configuração da rede diretamente. Ele é uma boa opção para quem utiliza o LXDE ou o XFCE, já que não possui dependências do GNOME e é bastante leve.
O Wicd não faz parte dos repositórios do Lenny, mas você pode instalá-lo adicionando a linha com o repositório no final do arquivo “/etc/apt/sources.list” e em seguida instalando-o via apt-get, como explicado no: http://wicd.sourceforge.net/download.php
Ele é composto por dois componentes, um serviço de sistema (o “wicd”), que fica ativo continuamente, e o “wicd-client”, que é o cliente gráfico, responsável pelo applet ao lado do relógio. Ao abrí-lo pela primeira vez, execute o serviço como root, usando o:
… e, em seguida, abra o wicd-client usando seu login de usuário:
A partir daí, você pode gerenciar a rede através do ícone ao lado do relógio, de maneira muito similar ao que faria ao utilizar o NetworkManager. O wicd oferece suporte tanto a redes wireless quanto a redes cabeadas, com a possibilidade de chavear entre diferentes conexões conforme necessário:
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