IPV6

Se você está chegando agora, o IPV6 é a versão atualizada do protocolo IP, que utiliza endereços de 128 bits. Ele surgiu para solucionar o problema da escassez de endereços IP, que vem se tornando um problema cada vez mais grave.

No IPV4 são usados endereços de apenas 32 bits, o que permitem apenas 4 bilhões de combinações de endereços. Pode parecer bastante, mas a má distribuição dos endereços e peculiaridades do protocolo, como a necessidade de reservar o primeiro e o último
endereço de cada faixa, fazem com que o volume de endereços realmente disponíveis seja muito menor. Com o crescimento no volume de servidores e de dispositivos conectados à web, é apenas questão de tempo até que os endereços IPv4 se esgotem
definitivamente. Pode demorar, mas uma migração em massa para o IPV6 vai acontecer mais cedo ou mais tarde.

No IPV6 os endereços são escritos usando caracteres em hexa, conjunto que além dos números de 0 a 9, inclui também as letras A, B, C, D, E e F, totalizando 16 caracteres, cada um usado para representar um grupo de 4 bits. Como são utilizados endereços
de 128 bits, são necessários nada menos do que oito quartetos de caracteres em hexa, separados por “:”, como em: 2001:bce4:5641:3412:341:45ae:fe32:65.

Um atenuante é que os endereços IPV6 podem ser abreviados de diversas formas. Em primeiro lugar, todos os zeros à esquerda dentro dos quartetos podem ser omitidos. Por exemplo, em vez de escrever “0341”, você pode escrever
apenas “341”; em vez de “0001” apenas “1” e, em vez de “0000” apenas “0”, sem que o significado seja alterado. É por isso que muitos quartetos dentro dos endereços IPV6 podem ter apenas 3, 2 ou mesmo um único dígito. Os demais são zeros à esquerda, que
foram omitidos.

É muito comum que os endereços IPV6 incluam seqüências de números 0, já que atualmente poucos endereços são usados, de forma que os donos preferem simplificar as coisas. Graças a isso, o endereço “2001:bce4:0:0:0:0:0:1” pode ser abreviado para apenas
“2001:bce4::1”, onde omitimos todo o trecho central “0:0:0:0:0”.

Assim como no IPV4, os endereços IPV6 são divididos em dois blocos. Os primeiros 64 bits (os 4 primeiros quartetos) identificam a rede, enquanto os últimos 64 bits identificam o host. No endereço “2001:bce4:0:0:0:0:0:1”, por exemplo, temos a rede
“2001:bce4:0:0” e o host “0:0:0:0:1” dentro dela. Não existem mais máscaras de tamanho variável como no IPV4.

Para simplificar a configuração, a parte do endereço referente ao host é definida automaticamente a partir do endereço MAC da placa de rede. Como os endereços MAC possuem apenas 12 dígitos (enquanto no IPV6 a parte do host contém 16 dígitos), são
adicionados os dígitos “ffff” entre o sexto e sétimo dígito do endereço. O endereço “00:16:F2:FE:34:E1”, por exemplo, viraria então “0016:f2ff:fffe:34e1″.

A atribuição de endereços em uma rede IPV6 segue um processo diferente (e até mais simples) do que em uma rede IPV4, onde os endereços são atribuídos automaticamente, sem necessidade de utilizar um servidor DHCP especializado.

Os roteadores IPV6 enviam constantemente pacotes especiais, chamados “RAs” (router advertisements). Como o nome sugere, estes pacotes divulgam a existência do roteador e o endereço de rede utilizado por ele (os 64 bits iniciais do endereço). Ao
receberem estes pacotes, os clientes geram seus endereços IPV6 automaticamente, combinando os 64 bits do endereço fornecidos pelo roteador com os 64 bits “pessoais”, gerados a partir do endereço MAC da placa de rede. Como o endereço MAC só muda quando
você substituiu a placa de rede, o cliente continuará utilizando o mesmo endereço, reboot após reboot. No Linux, o serviço responsável por enviar os router advertisements é o radvd (router-advertising daemon). A configuração é bastante simples;
comece instalando o pacote, como em:

# apt-get install radvd

ou:

# yum install radvd

Em seguida, crie o arquivo “/etc/radvd.conf” especificando a interface de rede local e o prefixo, ou seja, a parte do endereço referente à rede, como em:

interface eth0
{
AdvSendAdvert on;
prefix fee::/64 {
AdvOnLink on;
AdvAutonomous on;
AdvRouterAddr on;
};
};

Nesse exemplo, estou utilizando o “fee::” como prefixo, que é uma faixa de endereços fácil de lembrar.

Naturalmente, você deve utilizar um endereço IPV6 iniciado com o prefixo na configuração do servidor. Para especificar um endereço manualmente, use o comando “ifconfig interface add endereço”, como em:

# ifconfig eth0 add fee::0015:f2ff:ffa1:d9cc

Para tornar a configuração definitiva, adicione as linhas abaixo no arquivo “/etc/network/interfaces”, especificando a interface e o endereço IPV6 utilizado:

iface eth0 inet6 static
address fee::0015:f2ff:ffa1:d9c
netmask 64

Terminada a configuração, reinicie o serviço “radvd” e o servidor passará a divulgar o prefixo da rede, permitindo que os clientes configurem seus endereços IPV6 automaticamente, combinando o prefixo da rede com os 16 dígitos gerados a partir do
endereço MAC da placa de rede:

# /etc/init.d/radvd restart

Quase todas as distribuições Linux atuais e também o Windows Vista trazem o protocolo IPV6 ativado por padrão, de forma que um roteador configurado para enviar os pacotes RA é uma boa adição para a sua rede local.

O radvd não conflita com dhcp3-server e os hosts da rede podem utilizar endereços IPV4 e IPV6 simultaneamente (sem problema algum), de forma que você pode simplesmente adicionar o IPV6 à sua rede IPV4 já configurada, sem contra-indicações. Dessa forma,
você pode tanto continuar acessando os outros micros da rede utilizando os endereços IPV4 tradicionais quanto através dos endereços IPV6.

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