US$ 20 bilhões: este é o valor que o Google paga a Apple para ser o buscador padrão dos iDevices

Sempre que alguém pega o seu iPhone, iPad, iMac, MacBook ou qualquer outro produto da Apple e usa as ferramentas nativas para fazer uma pesquisa na internet, os resultados exibidos são gerados pelo Google.

Mas isso não é à toa. Para que o buscador do Google seja o padrão em todos os iDevices, a estimativa é de que a gigante das buscas pague entre 18 e 20 bilhões de dólares anualmente, segundo análises da empresa de gestão de ativos Bernstein. É importante ressaltar, no entanto, que os números exatos não são divulgados pelas companhias.

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Acordo entre Google e Apple pode configurar práticas anticompetitivas

Apple e Google

Convertendo para a moeda brasileira com base na taxa de câmbio atual, o valor fica entre aproximadamente 90 e 100 bilhões de reais por ano. Contudo, a Apple pode deixar de receber esse “dinheiro fácil” dependendo do desfecho de um caso judicial em andamento nos Estados Unidos.

A Bernstein sugere que o montante próximo de 20 bilhões de dólares está estipulado no Acordo de Serviços de Informação (ISA, na sigla em inglês), um contrato confidencial entre Google e Apple.

Esse valor representaria entre 14% e 16% do lucro operacional anual da Apple, conforme reportado pelo periódico britânico The Register. Lembre-se que lucro operacional não é a mesma coisa de receita, ok? Mas não deixa de ser uma quantia relevante para qualquer empresa.

Apple

A Apple é bem discreta quanto aos detalhes dos subsegmentos em sua divisão de Serviços, enquanto o Google divulga os valores que repassa à Apple sob o título de custos de aquisição de tráfego (TAC, na sigla em inglês) para parceiros de distribuição. Segundo a Bernstein, o Google desembolsa cerca de 22% de sua receita total com anúncios em TAC, e estima-se que aproximadamente 40% desse montante vá para a Apple.

O Departamento de Justiça norte-americano, por sua vez, estima um valor menor, em torno de 10 bilhões de dólares anuais repassados do Google para a Apple, o que equivaleria a cerca de 50,4 bilhões de reais. Vale ressaltar que essa estimativa é baseada em fontes externas, não nas empresas envolvidas.

Possível fim desse tipo de contrato pode prejudicar outras empresas

Atualmente, um processo bem importante está sendo julgado nos Estados Unidos, onde o Departamento de Justiça acusa o Google de abusar de sua posição dominante para monopolizar os mercados de busca e publicidade online.

Ícones de Edge, Firefox, Chrome, Opera e Brave lado a lado

O processo cita a parceria entre Apple e Google como um dos principais exemplos de práticas anticompetitivas da gigante da web. Segundo os promotores, acordos como esse impedem o surgimento de concorrentes no mercado de buscas, para o desgosto do CEO da Microsoft, Satya Nadella, que há anos tenta emplacar o Bing no mercado.

Uma decisão que vise encerrar acordos desse tipo poderia também impactar a Samsung e a Mozilla. O Google é o mecanismo de busca padrão nos dispositivos móveis da empresa sul-coreana e no navegador Firefox. Ambos os acordos também são fontes de receita para essas empresas.

Segundo outra matéria do The Register, dessa vez de 2020, o Google paga algo em torno de US$ 1,2 bilhão para ser o buscador padrão no navegador Firefox. Para uma empresa sem fins lucrativos, como a Mozilla, o encerramento desse tipo de contrato também será um golpe duro.

Apple pode fazer seu próprio buscador

Have you heard about Apple's search engine? | by Liz Martin | Medium

Conforme a análise da Bernstein, caso os contratos atuais sejam desfeitos, a Apple poderia lançar seu próprio mecanismo de busca para competir com o Google. Outra opção seria permitir que os usuários escolhessem seu buscador preferido, algo que já ocorre com o sistema Windows na Europa. No entanto, estudos indicam que essa opção tem pouco efeito prático, já que os usuários tendem a optar pelos serviços que já conhecem e usam.

De qualquer forma, não se espera uma decisão rápida no caso antitruste contra o Google. É mais provável que um veredito só venha a ocorrer em 2024, sem contar o extenso processo de apelações que pode prolongar ainda mais o caso. No entanto, o impacto financeiro na Apple “provavelmente não será pesado”.

O relatório destaca que o Google é o réu, não a Apple, e que a empresa da maçã poderia, teoricamente, se aliar a outro mecanismo de busca para ser o padrão e/ou manter o acordo com o Google fora dos EUA.

Vale ressaltar que a Apple controla o acesso à sua base de usuários instalada, que gera cerca de 60 bilhões de dólares ou mais em receitas publicitárias. Portanto, acredita-se que a Apple continuaria a cobrar uma comissão, provavelmente na faixa de 25 a 30%, para fornecer acesso a essas receitas de publicidade em buscas.

Fonte: The Register

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Cearense. 37 anos. Apaixonado por tecnologia desde que usou um computador pela primeira vez, em um hoje jurássico Windows 95. Além de tech, também curto filmes, séries e jogos.
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