Constantemente lembrada pela sua fase inicial, com produtos mitológicos como o Apple I, II, e Macintosh, e sua segunda era, atuando como uma peça fundamental em toda a revolução dos dispositivos móveis, com o iPod, iPhone e o iPad, há um intervalo de tempo na trajetória da gigante da maça que passa desapercebido por muita gente.
No início da década de 90, a Apple era uma caricatura de si mesma, atirando para tudo quanto é lado, investindo em muitos produtos que acabaram fracassando, além de ter sido gerida por uma administração confusa, que fez com que a possibilidade de falência fosse uma questão real que os executivos e acionistas tiveram que se deparar. Foi também nesta década que a Apple chegou oficialmente ao Brasil, com os computadores da linha Performa.
Quando Steve Jobs retornou à empresa, em 1997, ele passou a tesoura em inúmeros projetos, e moveu o timão da companhia em outra direção, comandando algo que ele realmente entendia muito bem: ser uma peça importante para a construção de produtos que as pessoas realmente querem usar.
No entanto, antes de todo esse processo, a empresa colocou no mercado produtos que foram um fiasco, como o PDA Apple Newton, o console Pippin, fruto de uma parceria com a Bandai, e o Macintosh TV. Personagem central deste artigo.
Uma avalanche de motivos para o desinteresse
Em resumo, o Macintosh TV, lançado em outubro de 1993, era um híbrido entre um computador convencional e uma TV. A ideia era mesclar esse dois universos. Ao custo de US$ 2.079 (equivalente a US$ 4.470 em valores corrigidos pela inflação). O equipamento era uma união entre um Macintosh LC 520 combinado com uma tela CRT Sony Triniton de 14 polegadas, e também uma placa sintonizadora de canais de TV. O computador também possuia som estéreo.
Com essa abordagem, a Apple pensou que capturaria a atenção dos interessados em computadores e televisão, já que seria possível fazer ambos no mesmo aparelho, conectando o cabo coaxial da antena diretamente no Mac.
A máquina também incluia uma unidade de CD-ROM, e acompanhava um controle remoto. Mas não pegou, foi um fracasso total, em grande parte pelas próprias decisões de projeto.
Ele era mais lento que o Mac LC 520 padrão, devido a uma limitação de barramento, só poderia ser atualizado para no máximo 8 MB de memória (inicialmente vinha com 5 MB), enquanto o LC 520 original permitia até 32 MB.
E os problemas não paravam por aí. A máquina também não oferecia o conector DB-15 (VGA), que era popular para passar o vídeo a uma tela externa, e, pasme: as duas funções enfatizadas na publicidade, o uso como computador e como TV, só podiam ser realizadas uma por vez. Ou seja, ou você usava como computador ou como televisão. Em termos de reprodução de cores, no modo TV era em 16-bit, mas no modo computador apenas 8-bits.
Trajetória curta
Veículos especializados na cobertura sobre a Apple já apontaram o Macintosh TV como uma das grandes porcarias já lançadas pela empresa fundada por Steve Jobs e Steve Wozniack.. O MacWorld, por exemplo, o colocou na segunda colocação entre os 6 piores produtos da história da Apple.
O Macintosh TV não durou muito tempo. Apenas 10 mil unidades foram fabricadas, e o computador/TV foi retirado do mercado aproximadamente cinco meses após seu lançamento.