O que são as Big Techs?

Nos últimos meses o mundo observa um cenário impactante: as maiores empresas de tecnologia do mundo estão realizando demissões em massa. Panorama que reflete o que já é mencionado como um estouro da bolha da pandemia. Durante a pandemia da COVID-19, essas mesmas empresas investiram pesado, contrataram em larga escala, e agora reajustam a rota, com base em previsões não alcançadas.

Essas mesmas empresas que somente de novembro do ano passado até o momento já cortaram mais de 70 mil postos de trabalho integram um hall que é repetido a exaustão no noticiário e análises de mercado: Big Tech.

O que são as Big Techs?

Conceitualmente, Big Tech é o termo utilizado para se referir às maiores empresas de tecnologias do mundo. Essas empresas compartilham algumas características: domínio de mercado, forte apelo para o quesito inovação e o apoio de negócios cada vez mais centrado no uso de dados.

Além do core business, como, por exemplo, as pesquisas com o Google, as Big Techs também são conhecidas por atuar em uma variedade de outros negócios capazes de impactar seus ativos ou expandir o mercado.

Como pontua este paper da FCA (Financial Conduct Authority), as Big Techs atuam como neo-conglomerados. “Grandes empresas de tecnologia que muitas vezes operam com ecossistemas diversificados em várias linhas de negócios, nem sempre limitados a pesquisa, publicidade, comércio eletrônico, mídia social, realidade virtual, nuvem e infraestrutura.

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Majoritariamente, as Big Techs estão alocadas no Vale do Silício, nos EUA. No entanto, dependendo de qual critério seja utilizado para a definição, empresas fora do circuito norte-americano também podem ser compreendidas como integrantes do hall das Big Techs. Exemplo das chinesas Tencent e Alibaba.

Olhando pelo lado do valor de mercado, as 5 Big Techs mais poderosas são as seguintes: Apple, Microsoft, Alphabet (Google), Amazon e Meta (Facebook, Instagram, WhatsApp).

O sucesso das Big Techs se deve a múltiplos fatores, como a escala global em que atuam, o acesso a uma grande base de usuários e também ao manejamento de dados valiosos da sua base. Esses dados permitem a personalização e análise avançada.  As Big Techs estão sempre agregando novas estratégias para seguir com seu plano de expansão. Uma das táticas que vem crescendo nos últimos anos é a associação com instituições financeiras.

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A atribuição do Big para algum grupo representativo de mercado não está restrito apenas ao segmento de tecnologia. O mesmo é observado no campo grandes companhias farmacêuticas (Big Pharma), gigantes do mundo alimentício (Big Food) e as grandes petroleiras (Big Oil).

Mas no caso das Big Techs há um fato curioso.

Conforme destacado por Evgeny Morozov, escritor e doutor em história da ciência por Harvard, no livro Big Tech, a Ascensão dos Dados e a Morte da Política, esses termos costumam ser utilizados para representar a ganância suprema que reina nesses setores, porém, com as Big Techs, e sua participação direta no que tange a Big Data, o autor não percebe a mesma animosidade.

Aparentemente, o verniz de salvadores do mundo, impulsionados por suas soluções engenhosas e eficazes, acaba sobrepujando um lado mais obscuro, calcado numa onda cada mais frenética de coleta de dados, de modo a pôr em curso uma predominância difícil de se abster, ou de encontrar alternativas.

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O conceito de Big Tech é tão amplo que até mesmo uma empresa que teve receita anual de US$ 42,4 bilhões em 2022 pode se colocar como fora da lista. É o caso da Oracle. Safra Catz, CEO da companhia, diz que a Oracle não é uma Big Tech. 

A executiva diz “você sabe, eles têm todos os tipos de negócios diferentes, tudo misturado. Não somos emocionantes ou sexy. Nosso foco é resolver problemas”.

Repare no trecho que ela fala “não somos emocionantes ou sexy”. Esse ingrediente diz muito sobre parte do que é ser uma Big Tech em termos de estratégia de mercado.

O professor Scott Galloway defende no livro “Os Quatro: Apple, Amazon, Facebook e Google. O Segredo dos Gigantes da Tecnologia”, a tese dos “quatro cavaleiros”, uma espécie de sinônimo ao Big Tech. Esses cavaleiros são: Apple, Amazon, Facebook e Google

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Essas quatro empresas – inegavelmente gigantescas -, na visão de Galloway, apelam para uma dessas três regiões do corpo: cérebro, coração ou órgãos sexuais. Do ponto de vista da psicologia evolutiva, todas as empresas de sucesso, segundo o autor, apelam para uma dessas três regiões.

Vide o caso da Apple. Por que a sociedade atribui tanto valor ao iPhone, um smartphone que tem alternativas tão interessantes quanto no mercado?

A resposta está no papel brilhantemente executado pela Apple de ir além de uma fornecedora de dispositivos. A empresa consegue apelar para um sentido de instinto de procriação e sensualidade, e criou um status social atrelado ao produto. O mesmo funciona com um carro esportivo. Você pode ter um automóvel qualquer, mas um modelo esportivo vende uma imagem social que um carro popular jamais conseguirá fazer.

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As maiores empresas de tecnologia do mundo conseguem ir além de apenas vender um produto ou convencer você a utilizar um serviço. De tabela, essas empresas ganham ainda mais autoridade sobre o cotidiano. Já alguns anos é praticamente impossível viver sem os serviços oferecidos pelo Google, por exemplo.

Esse domínio é perigoso e soa com cada vez mais frequência o alerta em órgãos reguladores e até em parte da população. As Big Techs conseguem, simultaneamente, oferecer soluções transformadoras para a sociedade e também agregar uma lista extensa de novos problemas.

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Editor-chefe no Hardware.com.br. Aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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