O colapso da Builder.AI: Quando a ‘IA’ era apenas trabalho humano

Builder.AI foi desmascarada usando engenheiros indianos para fingir que era IA e acabou tendo uma queda feia. Saiba mais sobre essa história

A promessa era ousada: criar aplicativos tão facilmente quanto pedir uma pizza. A Builder.AI, uma startup britânica que chegou a ser avaliada em US$ 1,5 bilhão, conquistou investidores de peso, como a Microsoft, com a ideia de revolucionar o desenvolvimento de software usando inteligência artificial. Mas a fachada ruiu.

O que parecia ser uma tecnologia de ponta era, na verdade, o trabalho manual de centenas de engenheiros na Índia, mascarado como IA. A revelação, somada a denúncias de fraudes financeiras, levou a empresa à falência, deixando um rastro de demissões, processos e lições para o mercado de tecnologia.

A promessa de uma IA revolucionária

Natasha
Natasha

Fundada em 2016, a Builder.AI se apresentava como uma solução para tornar o desenvolvimento de software acessível a todos. Sua ferramenta, batizada de “Natasha”, prometia criar aplicativos automaticamente, com base em comandos simples dos usuários. A narrativa era irresistível: uma plataforma movida a inteligência artificial que eliminava a complexidade do desenvolvimento, permitindo que pequenas empresas e empreendedores criassem soluções digitais sem precisar de conhecimento técnico. Com essa visão, a empresa atraiu investidores como o fundo soberano do Qatar e a Microsoft, que injetou US$ 455 milhões em 2023, apostando na integração da tecnologia com a plataforma Azure.

A história era convincente, mas havia um problema: a “IA” não era tão autônoma quanto anunciado. Por trás da cortina, equipes de engenheiros em cidades como Noida e Bangalore, na Índia, trabalhavam manualmente nos projetos dos clientes. Eles eram orientados a agir como se fossem a própria Natasha, respondendo de forma padronizada e sincronizando atualizações com o horário comercial do Reino Unido para manter a ilusão de automação.

A verdade por trás da cortina

Builder.ai
Builder.ai

A farsa começou a desmoronar quando denúncias internas e documentos vazados chegaram à imprensa. Engenheiros relataram que eram instruídos a esconder sua localização e evitar expressões típicas do inglês indiano ao se comunicar com clientes. “Era como se estivéssemos interpretando um papel”, disse um ex-funcionário de Bangalore. A realidade era que a Builder.AI dependia intensamente de trabalho humano, enquanto vendia a ideia de uma tecnologia de ponta.

A situação ficou ainda mais grave com a descoberta de irregularidades financeiras. Em abril de 2025, uma investigação revelou um esquema de “round-tripping” com a empresa indiana de mídia social VerSe Innovation. Entre 2021 e 2024, as duas companhias trocaram faturas de valores quase idênticos, totalizando milhões de dólares, por serviços que nunca foram prestados. Esse truque inflou a receita da Builder.AI em até 300%, criando uma imagem de crescimento que não correspondia à realidade. Em 2024, a empresa reportou uma receita de apenas US$ 55 milhões, muito abaixo dos US$ 220 milhões projetados para investidores.

A queda vertiginosa

Builder.ai
Builder.ai

As revelações desencadearam uma crise. Credores, como a Viola Credit, confiscaram US$ 37 milhões das contas da Builder.AI após descobrirem as fraudes financeiras, deixando a empresa com apenas US$ 5 milhões em fundos restritos. Além disso, a startup acumulou dívidas significativas, incluindo US$ 85 milhões com a Amazon e US$ 30 milhões com a Microsoft, referentes a serviços de computação em nuvem. A parceria com a Microsoft, que prometia integrar a tecnologia da Builder.AI ao Azure, desmoronou, e a empresa entrou com pedido de proteção contra falência.

O impacto não se limitou às finanças. A Builder.AI enfrentou uma onda de demissões, com equipes inteiras dispensadas, e agora lida com processos judiciais de investidores e parceiros que se sentiram enganados. A VerSe Innovation, por sua vez, negou qualquer irregularidade, classificando as acusações como “completamente infundadas”.

Fonte: techspot

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