Uma pesquisa feita pela Morning Consult revelou um número bastante preocupante para os executivos da Netflix. 1 em cada 10 adultos disse não assinar a Netflix mas usufruir do serviço através da senha de outra pessoa, muitas vezes um amigo ou parente próximo. O resultado desta pesquisa foi divulgado poucos dias depois da empresa revelar que, pela primeira vez em 10 anos, perdeu assinantes de um ano para o outro. Cerca de 200 mil pessoas abandonaram o serviço de streaming entre 2021 e 2022.
Leia também
Governo quer implementar imposto para serviços de streaming como Netflix, HBO Max e outros
Como mudar o plano da Netflix
Dados da pesquisa
Segundo estimativas da Morning Consult, o número de pessoas que usam a senha de outra pessoa para acessar a Netflix é de cerca de 28 milhões. Um número bastante considerável e que deixa de gerar uma receita significativa para a empresa pioneira nos streamings de vídeo. Eis alguns dados interessantes:
- 28% dos entrevistados revelaram que assinam o serviço e não compartilham a senha;
- 17% dos entrevistados disseram assinar o serviço e compartilhar com pessoas que moram na mesma casa;
- 6% dos entrevistados falaram que não assinam o serviço e usam senha de terceiros;
- 4% dos entrevistados falaram que assinam o serviço e compartilham a senha com pessoas que não moram na mesma casa;
- 52% dos entrevistados disseram que assinariam suas próprias contas se não pudessem mais compartilhar a senha;
- Mais de 50% disseram que não topariam pagar uma taxa extra para poder compartilhar a senha;
- Os baby boomers são a faixa etária que mais compartilham a senha com pessoas que não moram na mesma casa.
A pesquisa feita pela Morning Consult entrevistou 2.000 norte-americanos adultos entre os dias 15 a 17 de abril.
O que diz a Netflix
Segundo estimativas da própria Netflix, no mundo todo, cerca de 100 milhões de lares devem acessar o serviço através de senhas emprestadas. Destes, 30 milhões devem estar apenas nos Estados Unidos e Canadá. Interessante que compartilhar a senha vai contra os termos de uso da Netflix, mas durante todos esses anos a empresa fez vista grossa para essa prática.
Depois de divulgar que perdeu mais de 200 mil assinantes, as ações da companhia caíram mais de 35%. Portanto, a empresa precisa correr atrás de soluções para atrair novos assinantes ou manter os que já tem.
Em março, a Netflix começou a testar a cobrança de uma taxa extra de quem compartilha as senhas. Os testes estão sendo conduzidos no Chile, Costa Rica e Peru. O valor da taxa varia entre US$ 2 e US$ 3. Convertendo para a nossa moeda daria entre R$ 9 e R$ 14.
Levando em consideração estes valores, uma casa de análises financeiras estimou que se a Netflix aplicar essa taxa globalmente, ela pode gerar uma receita de US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 7,4 bilhões). E o próprio CEO da empresa, Reed Hastings, comentou em uma reunião com acionistas que um programa semelhante pode ser lançado em outros países.
É, parece que é apenas uma questão de tempo para a “farra” das senhas compartilhadas acabar na Netflix. Essa prática é tão comum aqui no Brasil que existem até sites que já automatizam o rateio do valor, como é o caso do Kotas.