A Qualcomm, gigante fabricante de chips, quer comprar uma parte das ações da Arm em parceria com empresas ‘rivais’ do ramo para criar consórcio para manter a neutralidade dos designs de chips da Arm.
Essa iniciativa tem em vista a alta competitividade do mercado de chips atualmente, além de querer evitar que ocorra uma aquisição total por outra empresa.
Certamente, isso é uma consequência da compra da Arm pela Nvidia, que ameaçou outras fabricantes de chips, pois tornaria a arquitetura ARM de propriedade da fabricante de placas de vídeo.
A NVIDIA iria desembolsar US$ 40 bilhões para comprar a Arm e assim controlar uma das empresas mais importantes para a indústria de eletroeletrônicos.
À época, várias empresas se opuseram a aquisição, como a Qualcomm, a Intel e a Microsoft. Tais companhias afirmaram que a NVIDIA não conseguiria preservar a independência da Arm por ser também uma cliente da empresa.
Leia mais: Microsoft, Qualcomm e Google querem barrar a aquisição da ARM pela NVIDIA
A Qualcomm, sobretudo, se opôs à aquisição da Arm pela Nvidia afirmando “não fazer sentido” o fato de uma fabricante de chips assuma o controle de uma empresa de valor fundamental para toda a indústria.
Portanto, em fevereiro deste ano, a SoftBank e a NVIDIA, decidiram encerrar o acordo devido “aos significativos desafios regulatórios que preveniam a realização da transação”.
Você também deve ler!
- É oficial! NVIDIA desiste de comprar a Arm
- “Fiz o melhor que pude”, afirma CEO da NVIDIA sobre compra frustrada da Arm
Essa não foi a primeira vez que a Arm foi foco de uma grande polêmica. Em 2016, quando a Softbank comprou a empresa por quase US$ 30 bilhões, políticos da Inglaterra protestaram alegando que a aquisição iria afetar a economia do país.
Após a transação frustrada, o conglomerado japonês SoftBank, dono da Arm, decidiu torná-la uma empresa de capital aberto. Mas essa iniciativa também gerou preocupações acerca do futuro controle da empresa devido ao seu papel crucial no setor de tecnologia.
Desse modo, a Qualcomm anunciou publicamente a intenção de ser uma das principais acionistas da Arm quando esta se tornar uma empresa de capital aberto.
Em entrevista ao Financial Times, o CEO da Qualcomm, o brasileiro Cristiano Amon, confirmou a informação.
“Somos uma parte interessada em investir [na Arm]. É um ativo bastante importante que será essencial para o desenvolvimento da nossa indústria”, disse Amon ao FT.
Além disso, Cristiano Amon afirmou que a Qualcomm, um dos maiores clientes da Arm, pode se juntar a outros fabricantes de chips para comprar a Arm caso o possível consórcio consiga fazer uma oferta “grande o suficiente”.
Essa ação, aliás, poderia acalmar os ânimos em relação à preocupação patente sobre o controle corporativo da Arm após a abertura de capital da empresa britânica.
Para Amon, é necessária a participação de várias companhias para garantir que a Arm continue com sua independência.
Qualcomm pode se juntar a outras empresas para comprar parte da Arm
Um consórcio de empresas controlando a Arm, como propõe o CEO da Qualcomm, tem respaldo pelo comandante da Intel, Pat Gelsinger. Anteriormente, Gelsinger afirmou que a Intel pode apoiar uma ação similar.
A Arm sempre foi considerada uma empresa imparcial no setor de semicondutores. A empresa licencia suas propriedades intelectuais sem se importar com o tamanho ou origem da empresa.
Com essa postura, portanto, as propriedades intelectuais da Arm fazem parte da maioria dos chips vendidos em todo mundo.
Outro fator que preocupa a indústria é a previsão do crescimento da demanda de chips, que deve duplicar nos próximos dez anos. Vale lembrar que essa previsão surge durante um momento em que o mundo se recupera de uma crise avassaladora.
Desse modo, fabricantes de eletrônicos do mundo inteiro dependem dos produtos da Arm mais do que nunca, isso inclui, certamente, a Qualcomm.
Se referindo ao período anterior da aquisição da Arm pela Softbank, Cristiano Amon afirmou que a Arm se consolidou devido ao investimento coletivo de todo o ecossistema da indústria de chips.
“A arquitetura aberta da Arm, bem como sua independência, é o motivo pelo qual empresas como Qualcomm, Apple e muitas outras investiram na empresa”, disse Amon.